segunda-feira, dezembro 31, 2007

VI - SILHUETA

Decidi não pensar mais em ti, quero escapar das malhas deste Amor que me faz sofrer, quero navegar por mares mais calmos, menos tortuosos, quero perder-me à deriva de momentos que sonhei e onde tu não pertences, não quero ouvir a tua voz em mim, oiço o mar de sonhos que me leva nas suas ondas de Paz, para um mundo, um espaço longe daqui, fora deste universo que se virou contra mim. Não vale a pena sonhar mais, apenas quero partir.

E assim o fiz, no vazio que me atormenta, me empurra de encontro ao chão que os sapatos pretos pisam, sinto-me sem forças, não consigo mesmo pensar e apenas me rastejo por entre as ruas da cidade que me levam de beco em beco à procura de uma luz, de uma mão que me traga as respostas às perguntas que já esqueci. As lágrimas lavaram-me o discernimento enquanto o tempo passa e estas paredes que me passam ao lado, de passeio em passeio, as paredes de amor que construímos caíram, tijolo a tijolo, um a um, numa destruição lenta e sofrida a cada visita ao teu olhar cerrado que admirei de perto, mesmo ao teu lado, não sou tão forte quanto pensava.

- Mas que egoísta é este em que te tornaste?!!!! – Exclamei em voz alta afastando as lágrimas do rosto que caíam na laje fria e cinzenta do passeio que contrastava com o reflexo doirado do sol no fim de um dia de Outono, e as folhas caídas, castanhas quentes de uma outrora árvore carregada de vida. Olhei de lado e as pessoas passavam por mim e olhavam-me com uma frieza estranha, um desdém que se sentia na pele. Pensavam que seria apenas mais um dos muitos menos afortunados desta cidade implacável e que por aí deambulavam a falar sozinhos numa busca interminável pelo fim do mundo.

Retornei ao estúdio, claramente uma das vantagens de ser freelancer num mundo cheio de relógios de ponto podendo assim escapar para aventuras no tempo que de outra forma se fariam apenas no imaginário.

Subi as escadas. Sentia-me com vontade de me castigar pelo egoísmo momentâneo mas sabia que enquanto Homem, haveria de existir sempre lugar para momentos desses. Tinha 96 fotografias para revelar de uma reportagem que iria ser feita por um colega e amigo jornalista sobre as ruas desta mesma cidade. Achei interessante o trabalho, a possibilidade de olhar pela lente da minha câmara os mesmos olhares que passam por mim, mas que se tornam diferentes quando pintados de repente, olhares honestos, ruas que se fazem vielas no tempo e onde o espaço se torna cheio de sentires e os cheiros se sentem, quentes, olho as janelas e encontro aventuras, mistérios loucos imaginamos desvendáveis só por dizer.

A meio do prédio e ainda subindo as escadas, vejo a descer pelo ascensor uma figura proeminentemente feminina, embora com a face escondida por entre os vidros foscos pelo tempo, era visível a sua silhueta de mulher e de cabelos compridos. Era raro encontrar uma mulher neste prédio. Chegado a porta do estúdio, procuro a chave por entre os bolsos do casaco que me acompanha sempre a cada jornada do despontar do dia nesta estação. O frio aqui na cidade faz-se sentir cada vez mais a cada dia, fazendo-me por vezes recordar as gélidas noites da savana quando com Raquel nos aventurávamos a escapar da sua unidade militar para admirar a paisagem inigualável de África. Recordo-me do fogo que nos invadia a alma e o corpo quando estendidos por entre a folhagem, não precisávamos de falar, os olhos soltavam palavras, sentimentos que não se faziam ouvir, os olhos falam e amam, as mão subiam e avançavam por entre os corpos que sulcando cada pedacinho de pele, se sentia o arrepio do coiote que ao longe uivava à sua musa que todas as noites subia ao estendal do horizonte e o inspirava na sua balada.

Abri a porta e encontrei de novo um envelope no chão. Peguei nele, de novo sem remetente ou destinatário. Virei costas e mesmo deixando a porta aberta zarpei como um louco pelas escadas, galgando degraus como se fosse uma chita em pleno acto de caça, predador que busca a sua presa que certamente descia pelo ascensor. Ofegante e a transpirar cheguei finalmente ao término daquela longa viagem, o ascensor vazio oferecia-me uma caçada infrutífera. A silhueta misteriosa que certamente me teria deixado aquele envelope era já uma das muitas que se misturava na multidão das ruas lá fora.

Cabisbaixo iniciei nova jornada escadas acima, nem sequer coloquei a hipótese de ir de boleia no ascensor. Algo me fazia crer que necessitava de tempo até ao recôndito do meu estúdio. Sem qualquer traço que me deixasse alguma indicação no envelope e sem mais tempo ou cuidado rasguei as suas margens. Desta vez, uma folha de uma árvore, velha, vincada no seu espaço e no seu tempo, sentia na sua textura as rugas do Outono e o cheiro a lareiras nocturnas. Não percebia o seu significado, por isso deixei-a de lado para deliciar a minha curiosidade nas letras e palavras que ali se ofereciam naquele pedaço de papel.

Esperei-te à porta e não me beijaste, amuei. Falei contigo e tu não me respondeste, desgostei. Sorri-te e tu não me sorriste, chorei. Olhei-te e tu não me olhaste, desesperei.
Disse que te amo e tu não me ouviste
, desanimei. Toquei-te e tu não me sentiste, sofri. Insinuei-me e tu não me deste atenção, agonizei.

Desperta-me, não me deixes dormir, despe-me a pele, abraça-te à minha alma, acorda-me com as tuas mãos, estimula-me os sentidos com a tua boca, olha-me nos olhos e leva-me para dentro de ti, aviva-me o fogo, atiça-me o desejo, acende-me o Amor imenso que tenho dentro, a minha pele arde por um toque teu, os meus seios esperam-te, o meu corpo quer-te, as minhas mãos procuram-te, chega-te a mim, quero fazer amor contigo mais uma vez, a última vez.

Eu repousava num mundo diferente, sonhava sonhos que não sabia, esperava-te sempre andando, porque não sabia que estavas aqui, tão perto.

Chegaste trazido pelas tuas asas de Luz e pousaste em mim, trespassaste-me com a intensidade dos sentimentos sonhados, guardaste-me para sempre no nosso Amor, olhaste-me e beijaste-me, prendi-te para sempre no meu coração, na minha alma, no meu ser.

Fazes parte de mim por esta eternidade que me leva para parte incerta...
Procuro-te...
Onde estás?”

(Continua...)

quinta-feira, dezembro 27, 2007

V - REENCONTRO

Não me demorei a procurar pelo telefone por entre as fotografias e negativos que se espalhavam pela secretária e liguei para o João, um velho amigo de infância que administrava a galeria onde expunha alguns dos meus trabalhos. Questionei-lhe sobre se ainda mantinha as minhas fotografias expostas e se alguém recentemente havia desenvolvido algum interesse em particular pelas mesmas “-Amigo, que bom ouvir-te. Sim realmente à uns dias uma pessoa demonstrou um interesse muito grande por elas, inclusivé estaria interessada em as adquirir.

-Não acredito! “retroqui de imediado com um ar sobejamente pasmado”

-Sim acredita. Uma moça, muito bonita adianto-te já, e perguntou-me se poderia te contactar para combinar o preço, por isso, dei o teu contacto aí do teu escritório. Fiz bem certo?

-Sim, sim João, agradeço-te a amabilidade. “desliguei a chamada incrédulo ainda.”

Decidi não mais dar tempo ao que não teria tempo, ou pensava eu não ter ou não querer. Na subtileza desse sentir, deixo o pensamento voar no instante do acaso e fecho os olhos. Lembro-me de ti, das tardes infindáveis de prazer, nas sensações que me animam quando nossas almas se encontravam para lá de nós e tocavam os limites infinitos da eternidade… “sorri”… recebo na minha face agora entristecida uma gota de saudade, nascida da luz ténue que se atravessa as janelas com portadas de madeira fechadas, lágrima solitária que perde forças no meu sorriso de criança, beija-me os lábios da mesma forma que tu me farias e cai desamparada no abismo da melancolia. Levanto-me do cadeirão, afasto a nostalgia que me enlaçou sem aviso e retribuo-lhe com o conforto das recordações, roço o céu com a minha essência e trago o brilho das estrelas colado nos fios do meu cabelo, e decido abrir o coração ao amor.

Saio pela porta fora sem pensar duas vezes. De olhos fechados dou início ao ritual, encanto sensações à flor da pele, enfeitiço a doçura das palavras, liberto desejos contidos e aconchego o casaco ao pescoço, e ouvem-se os meus passos acelarados para te ter mais perto.

Num passe de magia, o tempo e o espaço diluem-se por entre os protocolos de um relógio de cordas e acontece, num fugaz momento de felicidade estou junto da minha amada.

-Hoje sorri, quando ao de leve beijei os teus lábios! “disse-lhe eu por entre um sussurro ao ouvido na esperança subtil que seus olhos se abrissem”. Subtil promessa de amor esta que nos une, paixão que prova, saboreia, confessa e envolve a sumptuosidade e a grandeza das fantasias que se soltam entre os teus cabelos, ali caídos, decobrindo secretos anseios e revelando confessos caprichos que me tocam a pele, num fluir de gritos surdos que ecoam nas paredes do meu querer que se quer fazer teu.

“Suspirei”

Serena meditação esta, ali, sentado ao teu lado, de mão dada na intensidade dos sentidos, que param, esperam, estremecem e abraçam só para si, o auge do desejo prometido que me ofereceste nas tuas mãos, e agora, suspenso num tempo que não existe, não se faz sentir passar.

Mas o tempo realmente passa e ali era o momento de fechar os olhos e partir de novo pelo mundo lá fora. Um ultimo beijo, no canto dos lábios, o teu sabor, a injunção de um sofrer que transborda dos lábios de quem te procura na superfície de um qualquer lago, e não te vê, porque te sabe infinita na eternidade e a doçura escorre por entre os dedos.

-Até amanhã meu amor… estarei contigo de novo, hoje à noite em teus sonhos.

Parti de livre-arbitreo ou por uma imposição de forças que não se vêem, sentem-se, para lá da pele. Antagonismos e venturas de uma vida, perdida por ora na procura de uma felicidade momentânea, um instante, um ensejo em de novo ver teus olhos se abrirem, cálices do brilho da minha alma, mas o dia continuava…

(Continua…)

segunda-feira, dezembro 24, 2007

IV - A PERGUNTA

Por alguns instantes deixei-me levar por cenários imaginários e probabilidades infindáveis, pinceladas de cor nas sombras abstractas da minha imaginação, brilhos deixados num por do sol cheio de luas, penumbra de sentimentos traçados a pormenor, com um pincel fino, que a brisa marinha desbota no invisível, deste mundo de criatividade. O teu olhar critico que deixa o destino da tela, à mercê dos meus olhos fechados, confiante no talento que me nasce da alma, cores que escorrem e se misturam sem sentido, dão vida a uma melodia silenciosa que os olhares escutam ao passarem por estas palavras que foram deixadas, texturas do momento que nunca mais se repetem e que o tacto de quem sonha ao contrário, sentirá de outra forma.

Alguém que me haveria deixado aquelas palavras conhecia o meu trabalho fora do mundo comercial que me sustentava no dia-a-dia. Fora fotógrafo para as Nações Unidas e muito do trabalho feito fora no âmbito de acções humanitárias. Algumas das minhas fotografias haviam sido já publicadas em revistas à uns anos atrás, mas desde a minha recente perda que não haveria mais procurado essas acções. Foi um choque tremendo quando um carro da ONU estacionou junto ao meu apartamento e de lá vi sair o Major Pethersson, um inglês destacado em Portugal e servia de “lieson” com os serviços secretos e a ONU, e um Alferes que mais tarde vim a saber se tratar de um colega de Raquel.

Raquel é uma militar. Estava destacada no Darfur ao serviço da ONU numa missão humanitária quando o veículo que a transportava pisou uma mina. Sempre me havia dito que um dia algo de grave lhe iria acontecer. Conversas de almofada quando as carícias reinam e os olhares delicados demonstram o amor entre ambos. Uma Mulher linda e muito inteligente. Fazia a supervisão e coordenação dos vários destacamento na localidade para onde havia sido destacada. Olhos castanho-esverdeados, lindos cabelos loiros e um rosto angelical de menina-mulher. Agora… um corpo que descansa num hospital ainda em coma profundo e que todos os dias pelas sete horas da tarde eu visitava. Para mim, continua a ser Raquel, a Mulher por quem me apaixonei.

Sacudi o pó que havia levantado do cadeirão. Levantei-me e encerrei a carta de novo no envelope que se fazia portador de tal mensagem. Não podia deixar de me sentir incrédulo, perturbado até com tal mensagem. Minhas fotografias haviam sido expostas à algum tempo numa galeria de um amigo, mas eram algumas apenas e sem grande referência à minha pessoa.

-Será que alguém me reconheceu? E como terá chegado até ao meu estúdio?

(Continua...)

sexta-feira, dezembro 21, 2007

III - DESPERTAR

Na caminhada, as folhas caídas que piso pela calçada são como estrelas da saudade dos passeios a dois. Continuo a percorrer as avenidas, golas do casaco subidas porque o tempo mostra o seu vigor e o frio, apesar do sol, vinca-se-me na pele como as tuas unhas se faziam por entre carícias ousadas.

Mantenho-me fiel ao percurso. Invento o som dos meus passos e sigo os teus como se uma brincadeira de crianças se tratasse. Dobro a esquinha e vislumbro a fachada da tua essência. A fonte onde outrora afogamos a sede por entre sussurros de loucas fantasias que o devaneio nos punha na boca. Magia deliciosamente ardente. Está frio, sim o vento congela-me o pensamento que tarde em te levar de mim, provavelmente não o desejo, mas… continuo a andar, passo acelerado por entre a multidão. Nestes dias de outono gosto de me misturar com as pessoas, provar-lhes o sentimento do seu rosto, sentir os cheiros da cidade que sempre se mudam para algo de novo, e as manhãs se transformam no alvorecer de uma vida nova.

“-Bom dia!” – todos os dias a mesma cara, o mesmo segurança. O prédio, o número 19 da Avenida dos Combatentes era já antigo mas nem por isso perdia o seu encanto. A fachada simples de pedra escurecida pelo tempo contrastava com o envidraçado moderno que ali havia sido colocado aquando a sua restauração. Servia os meus intentos perfeitamente. Subi ao último andar onde entrei no meu improvisado estúdio. Era ali que muita da magia se fazia, onde a febre da ansiedade do que havia capturado no tempo com a minha câmara, se apresentava ao mundo delimitado por horizontes oblíquos mas sem nunca perder a sua essência.

O correio havia sido deixado por debaixo da porta. Um trabalho a ser feito dali a 5 dias para um jornal local, as contas do costume e um envelope sem remetente e destinatário. “-Estranho!” não pude conter a exclamação em voz alta. Arrumei todas as restantes cartas atirando-as para o chão e delicadamente fui vincando o envelope, abrindo-o sem o danificar. Perfume, sim aquele papel estava perfumado. No topo da folha uma frase… “O que os teus olhos captam, minha péle sente…”. Estava escrito de uma forma solta, leve, alguém sem compromisso na sua escrita. Fiquei ainda mais curioso e começei a ler o texto:

Oiço o movimento do roçar alucinado, a pele que se toca e se excita, que desliza entre o suor de mel que nos transpira da alma, sinto o cheiro da paixão nos nossos beijos escorregados, as línguas enroladas, as bocas sugadas e mordiscadas.
Saboreio o teu doce suspirar, a ternura dos murmurios que me dizes ao ouvido, quando o prazer te chama a mim, e o ímpeto te empurra ao sabor dos impulsos que o corpo te pede. Procuras dar-me mais, e mais receber de mim, afogas-te nos meus cabelos, tocas-me os lábios, envolves-me os seios, afagas-me a face, memorizas e absorves a chama do meu Amor.
As tuas mãos emanam loucuras dementes, inventadas e reinventadas, moldam-se e ajustam-se subtilmente, quando se entranham em mim indo de encontro ao meu toque húmido e quente, que espera por ti...”

Caí literalmente no cadeirão que estratégicamente se fazia ali bem perto de mim. Não pude deixar de esboçar um sorriso iluminado que contrastava com a aparência rude e embrutecida daquele estúdio.

“-Quem me escreve?” perguntava-me insistentemente olhando para a caligrafia, buscando algum traço, alguma sílaba que me trouxesse a autora de tais palavras… Não te vejo, não te conheço, mas sinto que me espreitas, entre a folhagem do meu paraíso rodeias-me com a ternura do teu olhar que apenas assim poderá conhecer o calor das minhas mãos. Não sei onde estás, nem quem tu serás… mas como me conheces tu?

(Continua...)

quinta-feira, dezembro 20, 2007

II - AMANHECER

- Não posso continuar assim!

Foram estas as primeiras palavras soltas por entre a húmida manhã que se fazia sentir. Sentei-me na cama, pés descalços poisados no parquê de madeira ainda à dias composto de uma inundação no quarto vinda do andar de cima. Se ao menos ainda tivesse estado em casa nesse dia, mas minha presença era necessária noutro local. Não era dificíl adivinhar qual a ocupação que me levaria a estar ausente mais de metade da minha vida. Basta olhar nas maquetes e fotografias espalhadas pela casa, umas a cores, fantasiadas na realidade pelas cores do tempo e outras a preto mascarado com o branco, são estas últimas que nos trazem os sentimentos profundos e nos levitam a alma para um mundo perdido.

Levantei-me… eram sete horas e um quarto e dali a pouco a padaria abriria. É lá que me sirvo do pequeno-almoço. Pão quente com manteiga derretida e um café preto sem açucar. Saudável ou não porque importa por agora. Tempo houve que o servia na cama. O olhar cabisbaixo anuncia a tristeza e quando a saudade espreita em lugares inesperados, eu escondo-me dela, procuro refúgio longe dos resquícios de ti, que ainda guardo em mim e que o tempo ainda não levou. Hoje a realidade separa-nos e eu continuo ainda a confundir a realidade com a ilusão. Como será possível alguém ter deixado tais marcas que ainda hoje, só, sinto o perfume das palavras e o encanto daquela voz.

Um estalo… tinha de acordar. De nada adiantaria estar ali, parado a olhar pela janela o dia que agora nasce, e do céu desponta o sol que me aquece o peito desnudado. Mas também não era necessário bater em mim com tal vigor… esta doeu.

Já arranjado, jeans vestidos, camisa preta às riscas brancas, casaco de couro preto e camara e estojo ao ombro, oculos de sol, desci pelas escadas e entrei na padaria. Abri a porta e deparei com o tufão quente que se fabrica ali, um ambiente acolhedor, rústico mas decente “-Bom dia! O normal sim?” uma das claras vantagens para quem gosta de manter o seu acordar tipicamente metropolitano. Basta aparecer uns dias seguidos no mesmo local que o normal pedido de pequeno-almoço se transforma na frase “o normal”.

A sós comigo, tapo-me com a ausência, dou descanso ao corpo inquieto e sedente pelo teu e tento apagar da pele a lembrança dos teus beijos molhados de paixão. Relaxo os músculos e bebo um pouco do meu café amargo mas mascarado com o sabor do leite. O meu olhar cansado não disfarçava. Tinha sido uma noite longa e cansativa. Desperto das memórias esquecidas envolvo-me pelos aromas e sabores que aquela manteiga derretida se faz pelo meu paladar.

Levanto-me, troco certo na mesa, nas mãos trago pedacinhos da tua essência por entre o almiscarado da manteiga que se derramou pelos dedos. Volto a sair e enfrento a realidade nua que ali se avizinha pelas ruas. Estava na hora de voltar ao trabalho.

(Continua...)

quarta-feira, dezembro 19, 2007

I - O INÍCIO

Apagam-se as luzes, no silêncio premeditado, esvoaçam anónimas vibrações de aplausos inúteis e inglórios. Sobre mim, cai o pano da verdade, a alma fica a descoberto revelando a pura nudez da minha essência, lentamente as emoções e os sentimentos verdadeiros, são resgatados da noite que me aconchega.

Recolho-me no exíguo camarim do meu âmago, caracterizo-me de mim, revejo-me no espelho do tempo, e deixo-me ser aquilo que sou.

Desenlaço das mãos, a inocência, que escondo, quando me defendo das falsas luzes da ribalta, acendo a ternura do meu olhar, e experimento a liberdade de rir, chorar e gritar sem guião.

Protegido, na cumplicidade da escuridão, solto o pesado ónus da minha existência, desato as amarras que me confinam estes movimentos corporais, inverto a história, e solto-me da realidade artificial que me inventaram.


Descubro então, a espontaneidade do meu sorriso, quando saio airosamente pela porta principal dos meus sonhos e vou ao teu encontro...


No pulsar desse encontro dos teus olhos nos meus, o tempo parou, o espaço apagou-se, o horizonte desceu sobre nós e trancou as portas ao mundo dos outros.

Naquele instante que se fez eterno, a leveza do brilho cúmplice das almas, uniu-se para lá dos sentidos, viajou para o nosso mundo de magias, na cauda de um cometa e fugiu dali.
Nos corpos expectantes, os sentidos afloram, o carinho surge na pureza de um respirar mais profundo, a ternura entrega-se ao abandono do sonho e voam carícias suaves, das mãos sedentas que não se tocam.

Apenas com um olhar, as essências mesclam-se, os olhos invadem-se, encerram-se um no outro, prendem-se ao desejo, e muito para além das paredes da realidade que nos rodeia, o nosso Amor acontece, entre o teu pestanejar e o meu.

Era manhã... o dia despontava por entre os panos alaranjarados que se faziam de cortinas... fugindo agora da penumbra as pestanas abriam-se, uma e outra vez, como se estivessem a descobrir um novo mundo agora no horizonte... Teria sido um sonho? O despertar esquizofrénico do rádio relembrou-me que a realidade era aquela e a noite teria sido apenas um paraíso num instante...

(Continua...)

POEMA DE AMOR

Não me importa o dia
Nem a hora
Não importa o vento
Nem a chuva lá fora
Não me importa
Que haja neve ou geada
Que seja noite ou madrugada

Não me importa
Que faça frio ou calor
Que o céu esteja cinzento
Ameaçador...


Se sob esse céu de tempestade
Pairar o perfume
Do teu amor!...


Não quero saber
Se é Verão ou Inverno
Se é Outono ou Primavera
Não quero saber
Nem o século nem a era
Nem o mês nem o ano
Quero tão-somente dizer
Que te amo...

domingo, dezembro 16, 2007

ESPELHO TEU

Beleza nua, paisagem tua, que meus olhos devoram. Pureza tua, alma nua, que os meus sentidos adoram. Escondida sob a penumbra da seda, danças em minha frente, ondolante como a brisa do vento encontrando-te com o olhar de quem desenha traços suaves sobre o teu corpo de cetim.

Imagino, os sentimentos que se escondem por detrás dessa cortina que te cobre, mas, simultâneamente te despe, num gesto de magia que envolve este momento, em que sentado te observo, e te vejo balançar ao ritmo da música suave da lagoa que se ilumina em teu espelho.

Imagem perdida no negro desta noite, que só a ti ilumina, suavidade no contorno dos teus braços que o carvão imprime sobre a tela, numa paisagem enebriante que me turva a mente.

Apenas tu, podes fazer brilhar o poder da criação, que num instante me faz Homem.

ESTA CIDADE

Na luz amarelada deste Outono quente a cidade oferece-se languidamente.

Recostada no Douro como numa chaise-long, deixa escorrer o sol nos becos e nas ruas da cidade velha. Envolve-se com a vizinhança num displicente fluir de pontes.

Abre a foz ao mar que lhe traz ondas ainda pouco agitadas. Deixa erguer nas praias ásperos rochedos do mesmo modo que assume a tropicalidade das palmeiras e jacarandás. Exprime-se em sons e cheiros tão indefinidos quanto inesperados.

Porto de revoluções, de lutas e de ofertas generosas. Que se esconde nos nevoeiros matinais, para se revelar, com esplendor, ao meio-dia e onde a noite mantém um inalterável jogo de luzes cansadas.

Porto de Outono que desafia para os passeios, os encontros, as descobertas.

E porque não para o amor?

Experimentemos as ruas estreitas, os enormes portais antigos, as varandas de sardinheiras. Os pátios e as praças. O Largo da Bandeirinha, a Fonte da Colher, a Rua do Gólgota, o convento de Monchique, de cuja janela Teresa viu partir Simão Botelho. O Miradouro (mira-Douro) de Santa Catarina no fim da tarde…

Surpreende-te com esta toponímia e com as excentricidades de uma cidade que, apesar de uma aparência fechada, se sabe revelar a quem a souber descobrir

sexta-feira, dezembro 14, 2007

PRENÚNCIOS


Estes são dias frios, onde o Outono se mistura com o prazer do Inverno e se fazem senhores de uma batalha contra o tempo.
Estes são dias com cheiro a maresia, onde as gaivotas anunciam um sol que brilha no espelho das ondas que batem junto à praia.
Estes são dias onde os passeios de mão dada se fazem de cachecol e os beijos se selam intensamente na procura do quente que transborda da alma.
Estes são dias que as manhãs se querem longas, onde os lençóis nos prendem à cama e o café da manhã é servido de bandeja.
Estes são dias que querem frios para que o amor os faça quentes e a paixão transborda por entre o sorriso partilhado a dois.
Estes são dias que a noite se faz ao luar, intensa, ardente, onde o toque da tua pele é seda em meus dedos, e os odores se misturam numa mescla de sentimentos.
Estas são noites passadas a dois, onde as velas se acendem e iluminam a sombra dos corpos que se fundem num prazer uníssono e os olhos vibram ao ritmo do coração.
Estas são madrugadas longas de paixão imensa, selada pelo suor que partilhado a dois, se mistura no jardim do éden e a maçã se come a dois.
Este é o meu Outono, um prenúncio de um Inverno, quente e majestoso, onde te levo o aconchego e o descanso do teu sono.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

PROCURO-TE

Por terras lusitanas
Entre campos de trigo
semeados por camponeses
e extensos roseirais,
de aromas incandescentes.

Cavalgando ao sabor do vento,
na pele de Pedro Álvares Cabral
percorro belas planícies.
Terra de bravos campinos,
e imponentes touros.


Navego neste imenso mar
na pele de Vasco Da Gama
na incessante esperança
de te encontrar.
Vislumbro audazes pescadores
que enfrentam o imponente
e revolto mar..

Voo alto como uma águia
na pele de Gago Coutinho.
Avisto belas e verdejantes
montanhas,
tenazes pastores
e seus rebanhos,
em profundos e sombrios
Vales.
Beija-me.
Beija...
Só para sentir o teu sabor uma e outra vez.

Já não me chega morder o lábio para te sentir.
Já não me basta ter o teu sabor.
Quero que me beijes.
Agora. Sempre.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

DEIXA-ME FAZER-TE MINHA

Senti o sangue pulsar a toda a velocidade. Decidi deixar-me envolver ao abandono na tua aventura imprevista e nos caprichos do teu desejo.

De acordo, aceito todas as regras que me queiras impor no teu jogo de prazer, vou-te deixar dar as cartas... mas acredita, de repente o jogo pode virar, e talvez, quem sabe, acabe por ser eu a ludibriar-te.
“Cara mía”
As palavras saíram num sussurro quase inaudível, deixaste-me tenso de desejo, e antes que pudesse resistir, senti os meus lábios unirem-se aos teus. O calor da tua boca, a essência que emanava do teu corpo, o teu olhar animal, selvagem fizeram com que todos os meus nervos vibrassem de prazer. Língua e lábios acenderam chamas sobre a minha pele, ate um ponto de excitação tão alto que não me restava mais nada do que me desfazer em cinzas...
Deixas-te claro... A paixão entre nos não tinha regras.

Despir-te, tocar-te, fazer-te minha. Era tudo o que eu queria naquele momento. Saborear-te, fazer-te gritar de prazer. Transmitir-te todo o meu desejo através dos meus lábios, das minhas mãos e do calor do meu corpo. Possuir-te de todas as maneiras possíveis que um homem pode possuir uma mulher.

Apertei-te contra mim, fazendo com que sentisses a minha erecção. A promessa da noite que nos esperava.... Os teus beijos toldavam-me os sentidos e a excitação bombeava-me a adrenalina. Apesar de me sentir enlouquecido, apesar do desespero em que o meu corpo se encontrava, controlei-me ao máximo e concentrei-me em ti, nas tuas formas, tocando-te e lambendo-te, deixando-te sentir a loucura que corria e pulsava dentro de mim.... Esta noite é tua cara mia e quero que seja perfeita, que sintas o quanto te quero e te desejo...deixar-te louca... fazer-te esquecer tudo o que alguma vez conheceste...

terça-feira, dezembro 11, 2007

ESTA NOITE

Esta noite não quero milagres realizados, nem prémios recebidos, nem verdades reveladas.

Esta noite não desejo visual aplaudido, nem dores aliviadas, nem ânimos acalmados.

Esta noite não preciso de janelas escancaradas, nem de sentidos aguçados, ou elogios desmedidos.

Neste momento poderia rejeitar uma viagem à Tailândia, uma antologia de Vinicius e ignoraria até mesmo a comida da minha mãe...

Não faço a mínima questão de nada, e meu único pedido és tu: olhar-te, sentir-te, tocar-te.

Morar por minutos eternos dentro do teu sorriso ímpar, e me perder cantando na poesia de teus olhos.

Só precisaria esquecer o meu sono para passar a madrugada contemplando o teu, e entreter-te algum tempo com aqueles meus segredos antigos.

Olhar as gotinhas de chuva caindo solenes pela vidraça e te proteger da dor, do frio e do mundo dentro do meu abraço.

Transformar-te em menina-tímida ou mulher-instinto sem hora marcada e virar êxtase numa dança frenética de línguas, corpos e corações.

Encontrar a paz no mais inocente toque da tua pele e desenhar teu rosto lindo em cada parte do meu corpo, exalando luz por todos os poros.

Acariciar teus cabelos e te acordar com mais sonhos, viajando contigo de mãos dadas para qualquer lugar onde haja vento, flores e lua.

Aprender cada mistério escondido no universo, decorando a vida em seus sentidos soberanos junto ao som dos teus passos que me guiam e completam.

Porque tu és o meu poema perfeito, minha canção favorita, minha escultura bonita. Porque tu és o meu chão, meu yin, meu sol, e porque...

Esta noite - e em todas as outras - tu és o meu único desejo.

domingo, dezembro 09, 2007

O MEU DELÍRIO

Quero vencer todas as barreiras...
Ventos que sopram que te desnudem
Lancem-me no profundo abismo
Que é o meu desejo infinito.
Sou fome de boca aberta
A mastigar os silêncios da noite
Despertando, aos gritos,
O meu corpo adormecido.
Tenho a alma em grande sede
Que mergulha no lago fundo
Do suor que me brota da pele
Em busca do divino prazer.
Ardo em fogo.
Fecho os olhos...
As mãos são labaredas que dedilham
Harpas em catedrais de deuses,
Onde, nus, vagam os meus sonhos,
De uns braços atando-me como corda
A um corpo rijo como rocha,
E sua voz forte como a da águia,
Grito ao universo, a sua vitória,
Ao dominar sob a luminária
Que pende do teto da alcova,
Este leão que uiva na cova
Em explosões de muito amor...
Anseio por te ter,
Por de novo te encontrar.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

RIMA DE AMOR

Abraçamo-nos carinhosamente,
entregando-nos a este amor quase demente...
Somente teus doces cheiros sentia...
Na união de nossos corpos eléctricos,
descontrolados, sensualmente frenéticos,
mergulhados em completa demência,.
vou tacteando teus seios...
Nossas coxas entrelaçadas,
na vontade de nossos corpos alucinados,
sentindo o gozo aproximado,
dominados por essa louca emoção...
Sem saber do que em volta se passa,
nosso prazer todos os limites ultrapassa...
Teu corpo nu para mim é um colírio...
Tocá-lo é um constante delírio...
Só quero te amar mais ainda...
Fundir nossos corpos, talvez,
Depois, transbordantes dessa doce sensação,
beijo teu corpo todo com total devoção...
Beijo teu sexo com carinho apaixonado...
Enquanto meus lábios sorvem teu néctar fluido,
tudo em nosso redor adquire outro colorido...
Enquanto gememos de intenso prazer e deleite,
queres que do calor de teu sexo me aproveite...
Entregamo-nos ao nosso amor impaciente,
a esse desejo quase demente...
Com paixão, nossas energias se renovam,
e nossos sexos mais e mais se provam,
nesta nossa paixão alucinada,
que mais vezes se renova...

quinta-feira, dezembro 06, 2007

PORMENORES

Partícula fina, pérola nacre
Adorno menor, pequeno retalho
.
Feminilidade, translúcida opala
Grão de pudor, ínfimo detalhe
.
Bago de amor, fruto de desejo
Recorte de seda, ninho de beijo
.
Semente de corpo, gota de orvalho
Boca do prazer, à flor da pele
.
Tessitura de mel...
nosso secreto atalho.
.
Berço de luz
Feiticeira minguante ou cheia
.
Máscara de prata que seduz,
Se esconde em meia
.
Misteriosa esfera,
Brilho de terra, molhada
.
Sacio-me desse teu nectar de vida,
Numa única jornada a dois.

terça-feira, dezembro 04, 2007

MÃOS A DOIS

Nas mãos que descansam, hiberna um toque que está suspenso, no tempo na vontade... Nas mãos que convidam, amanhecem sons de sombras e luzes de sois e de luas.
Nas mãos que tocam, cristalizam-se tremuras serenam-se os suspiros moldam-se os desejos.
Nas mãos que se querem, que vagueiam e se encontram, se descobrem e reconhecem, a entrega... é sem receio!

segunda-feira, dezembro 03, 2007

QUERO...

um passeio para relaxar os sentidos
um desejo de nos envolve
um prazer que nos percorre
corpos molhados
pernas que se enlaçam
que se envolvem e entranham
sente a vontade do desejo que decorre
devoras-me a cada gemido
possuis-me
e eu gosto...
mordisco os teus seios
e eu gosto...
os meus dedos percorrem trilhos húmidos
e eu gosto...
a tua língua saboreia o melhor de mim
e eu gosto...
o meu tesão penetra-te
e eu...hummmm
e eu gosto....
eu gosto....
gosto...
e num embalar de sensações
embarca-mos na loucura
sim...como eu gosto!
E agora??!!Quero mais!

PENSO

Em que pensar, agora, senão em ti? Tu, que me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a manhã da minha noite. É verdade que te podia Dizer “ Como é mais fácil deixar que as coisas não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos apenas dentro de nós próprios?” Mas ensinaste-me a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou, até sermos um apenas no amor que nos une, contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor, ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
ele que mal corria quando por ele passámos, subindo a margem em que descobri o sentido de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor, de chegar antes de ti para te ver chegar: com a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu: a primavera luminosa da minha expectativa, a mais certa certeza de que gosto de ti, como gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.

By: Nuno Júdice

sexta-feira, novembro 30, 2007

DORME MEU AMOR

Dorme, meu amor, que o mundo já viu morrer mais
este dia e eu estou aqui, de guarda aos pesadelos.
Fecha os olhos agora e sossega ― o pior já passou
há muito tempo; e o vento amaciou; e a minha mão
desvia os passos do medo. Dorme, meu amor ―

Fecha os olhos agora e sossega ― a porta está trancada; e os fantasmas da casa que o jardim devorou andam perdidos nas brumas que lancei no caminho. Por isso, dorme,meu amor, larga a tristeza à porta do meu corpo e
nada temas: eu já ouvi o silêncio, já vi a escuridão, já
olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui,
de guarda aos pesadelos ― a noite é um poema
que conheço de cor e vou contar-to até adormeceres.

quarta-feira, novembro 28, 2007

NÃO OLHES PARA TRÁS

À noite saio p'ra pensar em ti,

Percorro o caminho das estrelas jornada sem fim

Oiço o silêncio que me escuta ao passar

Vejo-te na lua não consigo te alcançar
Espero que a noite te traga a mim, faça com que o mundo me leve a ti
Espero que saibas... do que és capaz
Anda vem comigo,
Não olhes para trás
Peço-te que pares , vem comigo, eu sou teu amigo

Eu contigo sou capaz de ver o infinito,
Sou capaz de ver que tudo pode ser melhor

Dá-me o toque, dá-me um beijo, dá-me o teu amor


Viajo ao som da tua voz, até sem te ouvir falar,

Encontro a nota certa só contigo sei tocar,

Tu és a pauta que eu quero ter para mim,
Princesa tu és tudo aquilo que eu sempre quis.

Espero que a noite te traga a mim, faça com que o mundo me leve a ti,
Espero que saibas do que és capaz
Anda vem comigo,
Não olhes para trás
Peço-te que pares , vem comigo, eu sou teu amigo

Eu contigo sou capaz de ver o infinito,
Sou capaz de ver que tudo pode ser melhor

Dá-me o toque, dá-me um beijo, dá-me o teu amor


Dá-me o teu amor, o teu sabor,

Vem ao pé de mim, dá-me o teu calor

Não tenhas medo de apostar em mim

Acredita que ás vezes acabamos assim
Não sabes se vale a pena apostar ou não,

Aposta na razão, ouve o teu coração
Anda,
Anda, vem gostar de mim

Anda vem gostar de mim
Anda vem gostar de mim

Peço-te que pares , vem comigo, eu sou teu amigo

Eu contigo sou capaz de ver o infinito,
Sou capaz de ver que tudo pode ser melhor

Dá-me o toque, dá-me um beijo, dá-me o teu amor

Não olhes para trás

FRÁGIL

Calmaria... parece que o mundo parou.
Parei para respirar. Parei para pensar.
Muito em mim se move...se muda.
Quero estar deitado, cansado na nossa cama.
Encontrei o caminho das letras para confortar meus pensamentos.
Quais pensamentos...sensações são mais reais.
Mas afugentar sensações é impossível.
Não seria mais fácil sentir-las?
Meu paraíso...
Quantas vidas será preciso para te ter em meus braços,
No aconchego dos teus braços me deitar e dormir com meus lábios em tua nuca.
Sinto frio... o febre aumenta... vem... vem até junto de mim e aquece-me a Alma como só tu sabes fazer.
Espanta-me o arrepio que se estende no meu corpo e conforta-me a mão que se estende em tua busca...
Hoje... sou eu que quero adormecer... no teu regaço...

terça-feira, novembro 27, 2007

RELEMBRO

Quero teu corpo na cantiga, que enche o ar de magia quando me tenho como minha. Sedenta procura do amor. Quero manhãs que rasgaremos no véu da história com nossos delírios pueris. No surrealismo confidente do que adoçamos ao nos tocar. E querendo, construo nossas vontades desenhando em tua pele o que tatuaste na minha como teu paraíso. Repousa em mim teu sentir que descanso em ti meu prazer, onde navego em teu sonho bom e somos real abrigo para o acontecer...
.
Relembro...
.
A mão passando no rosto de espuma leve, cabelos sedosos enebriando o meu olhar faminto por onde navega a tua pele eléctrica e descontrolada em busca do porto de abrigo do meu peito com farol.
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Teu corpo nu sobre os lençóis ameaça o silêncio no bater do coração que me vai chamando, sussurando com a alma ao meu ouvido uma certa loucura.
.
Sentado na cadeira do teatro dos sonhos respiro fundo, entreabrindo os lábios para tocar os teus mais fechados quando de repente a luz do candeeiro projecta as sombras do nosso delírio no contorno dos meus passos, ao aproximar-me de ti muito antes de chegar perto, ou de pensar em te tocar.
.
Acima da almofada, as formas da cama que se movem demonstram a paixão forte que me agarra a ti, mesmo quando a distância separa nossos mundos líquidos e as lágrimas do prazer se desmontam num rosto pálido em busca de uma remota cor de sangue que apague a dor.
.
Afundo-me nas tuas pálpebras saboreando a saudade agreste. Percorro as encostas de charme que se seguem a um arrepio na nuca. O fogo do teu corpo funde-se com gelo da minha saudade
e de repente as tuas nádegas flutuam na seda dos lençóis, os teus seios são batidos pela brisa da respiração que me ameaça fazer sucumbir à simplicidade e à doçura.
.
Olhos nos olhos, digo-te sem te falar, que sorrio porque estás, porque ouço quando cheiro o perfume das flores do teu jardim que é num paraíso que tacteio, pelo brilho das coisas, como se o mundo começasse no chão e terminasse no tecto do prazer quando em uníssono se activam os sentidos, se desligam as amarguras do tempo feroz e selvagem e o mundo nasce de novo perante a aurora do nosso despertar.
.
No profundo instante que os corpos se tocam já o mar evaparou para as estrelas e o céu tombou sobre a terra, já estou sentado na janela com o som fresco das manhãs, com as mãos suportando o rosto e a solidão da tua ausência aguardando pelo dia em que de novo te verei.

segunda-feira, novembro 26, 2007

MADRUGADA DO TEU PERFUME

Envolve-te a névoa, como sudário translucido que os contornos revela, que antecipa a ressurreição de um corpo dormente, mistério a mil chaves fechado, lugar mágico onde o tempo converte os segundos em fragmentos de eternidade e a chuva não passa de gotas de orvalho.

Venero-te deusa encantada, sobre a cama de pétalas deitada, na esperança de um novo amanhecer de teu olhar, do grito profundamente calado do teu silêncio, da sede que teus lábios escondem, ou, simplesmente do perfume que tua pele exala.

É madrugada, pura alucinação, ver tua alma elevar-se do corpo, procurar o âmago de meus braços para ressuscitar-te, onde esperas pelo instante em que meus lábios te vão acordar.

Êxtase, sentir a pele aquecer-te, o corpo derramar gotas de orvalho, qual lágrimas, no pranto duma criança. Espero, pelo momento certo em que teus lábios vou beijar, em que teu corpo me irá abraçar. Destapo-te os contornos escondidos, percorro-te, absorvendo cada fluido, matando a sede, alimentando a libido do néctar da luxúria.

És vida, renascida das cinzas apagadas de alguém que se deixou ficar, na espera constante de um sopro de vida, que o vento te aporta nas asas da minha alma.

domingo, novembro 25, 2007

DELICIOSAMENTE

Ah! o prazer que me domina quando invado com meus dedos ávidos esta rica cornucópia nacarada que se humedece à passagem dos meus toques.... Que prazer inaudito quando as bocas se juntam e as línguas se atracam serpenteadas num delicioso jogo de buscas e desejos... Qual uma rosa rubra abrindo suas pétalas ao diáfano orvalho assim se abrem aqueles grandes lábios voluptuosos ao roçar enrijecido da lança latejante que se despeja em jorro dentro das profundezas amorosas... E ao virar delicadamente de bruços aquele corpo brilhante, descubro todas as nuances eróticas das colinas que se arrepiam aos toques acariciantes dos dedos e da língua trêmula que buscam o tesouro recôndito do cósmico orifício para o deliciar com excitantes carinhos estelares que deixarão toda a beleza daquele corpo alucinada no espaço do amor desejado.

"Otávio Coral"

ESTA NOITE

Esta noite quero ficar a olhar-te no fundo dos olhos, a seduzir-te até que as nossas bocas cedam à tentação. Em que o perto seja cada vez mais perto, até que eu não saiba onde é o meu corpo ou o teu.

Esta noite quero que mordas a minha orelha e me agarres com força, com pressa, quero que sejamos apenas corpo e Alma.

sexta-feira, novembro 23, 2007

ÊXTASE

Possuis aquele algo que cega, excita, enlouquece, que me consome, uma chama intensa, inebriante.
Consome-me o desejo do teu olhar no meu, do teu cheiro, um sorriso escancarado que transborda de felicidade...
E como Leão, te cuidar, te afagar, lamber-te os olhos que vidram nesse êxtase, proteger-te...
Ter-te junto do meu corpo num abraço apertado, esmagar esse querer que grita no meu peito, o querer da pele, do cheiro, dos beijos, dos desejos nascidos em explorar teu corpo descobrindo cada ponto teu e assim exalar o Homem ardente que fazes brotar em mim carregando meus sentidos todos, na respiração alterada, no sorriso do olhar, o desenho redondo do teu seio, a espuma do desejo, o teu colo em suspenso, o momento lento como a luz do quarto, a cor da pele, a seda do teu toque...
No hoje os sonhos se tornaram realidade, os dedos dedilhando no meu corpo, no teu, acordes perfeitos, melodias ofegantes, versos molhados, fodia-te, e as veias por onde o foder flui são as mesmas por onde flui o amor e a vida. Há um elemento comum. Uma mesma maternidade nas palavras, e assim te possuí num culminar de um orgasmo que fervia de tesão, de loucura proporcionada por todo o êxtase em que nos tínhamos deixado, possuí-te por inteiro preenchendo-te de sensações mágicas.
Fecho os olhos e ainda te sinto aqui, no cobertor azul, leito do nosso amor, estendo a mão e toco-te, sei o teu sabor, o brilho dos teus olhos...
Adormeço, bem perto de ti.

quinta-feira, novembro 22, 2007

NÃO TE DEMORES

- Vens cá dormir?
- Vou.
Ainda bem... gosto de te ter perto de mim.
Os cabelos, ainda húmidos, caem-te pelas costas desalinhados. A pele é seda. A lingerie é da cor de um fogo escuro mergulhado em rendas. Colocaste o cinto de ligas, a camisa que, transparente, que me provoca o desejo.
O relógio, teimoso, recusa-se a acelerar o tempo. E eu já sinto as mãos que palmeiam o corpo, a pele em desnudo. Já sinto o peito colado ao meu. Os teus cabelos entre os dedos que os puxam. As unhas cravadas na pele das minhas costas.
Toco-te a pele suada, escorregadia
O sabor do teu sexo, entumescido
Ouço o teu gemer baixinho
O teu cheiro em mim
E vejo-te numa dança do prazer do corpo. Eu num movimento vagaroso a entrar em ti...
E tudo fica tão longe quando amanhece e te vejo adormecida ao meu lado. Provando no silêncio, na luz do dia, que passaste a barreira do sonho...
Não te demores.

terça-feira, novembro 20, 2007

EDEN


Quando estás comigo, embalas-me em sonhos reais

Tua boca eu desejo, teus beijos me enlouquecem

A paixão paira no ar, nossos corpos se oferecem…

Quando os teus lábios tocam minha pele, e tuas mãos percorrem todo meu corpo deixam um rasto de pétalas de rosas perfumadas, assim mergulho nos mais profundos desejos de minha alma e sinto dentro de mim todo o teu amor.

Todas as nossas fantasias ganham asas e nos conduzem a um universo só nosso.

Somos um só…
Nos encontramos extasiados em extremo prazer. Nesse instante o silêncio é absoluto, sendo apenas vencido por palavras sussurradas docemente.
Nossos corpos, repletos de suor, deslizam mansamente em movimentos de carícias e cumplicidade.
Nos beijamos com toda intensidade e nos olhamos olhos nos olhos confessando ali naquele momento, perante a luz das estrelas o nosso amor.

segunda-feira, novembro 19, 2007

PALAVRAS, ACTOS, SONHOS

Pensamentos, vontades, loucuras, mãos, pele, suor, dedos…
Arrepios, desejos, gemidos, orgasmos, prazer
Lua cheia, mar, brisa, amor, amor, amor …
Saudades …
Fantasias, dormir encaixados, sonhos, musicas, risos, danças, amor, amor, amor
Saudades imaginação!
E estas palavras que sempre saem de dentro de mim, como quem anda à procura de um grão de areia perdido…
E esta vontade de matar a boca de beijos e de amar sem olhar, sem tocar, e amar, e sentir, e sorrir… sempre os dois conseguimos estes fantásticos momentos…
E nesta magia, sinto-te plenamente em mim…

[ São tantas as saudades que me envolvo em devaneios de cada vez que imagino momentos de amor, momentos de sonho... CONTIGO! ]

domingo, novembro 18, 2007

AQUECE-ME A ALMA

Se os meus olhos parassem para dizer como se completam com os teus, o mundo fora de nós (que nem existe) e fora daquilo que sentimos (em sabor a dois), ficaria vazio, submisso ao controlo de um só olhar…

Se a minha boca te pudesse buscar e rebuscar a toda a hora, seria mais feliz, numa felicidade partilhada, concentrada em ti…

Se estas minhas palavras te aquecessem um dia o coração como me aquecem hoje o meu, sem mais nem menos, não teria de te procurar a cada instante que passa, teria apenas de esperar por ti,
para que nos procurássemos ambos, em mãos, em abraços...

sexta-feira, novembro 16, 2007

ENCANTA-ME


Saber que a distância é só um detalhe,
Que de alguma forma tu estás comigo
E que até meus sonhos podem ser verdade.

Encanta-me imaginar-me teu,
Fechar os olhos e sentir-me nos teus braços,
Todas as noites me banhar de lua
E aquecer-me com os teus abraços.

Encanta-me saber que existes,
Que o amor também te aconteceu.
E que agora já não sou tão triste
Porque não é amor somente meu.

Mesmo distantes e sendo apenas sonho,
Quero vivê-lo, não importa como e quanto!
Nos braços desse sonho eu me atiro e abandono
Para gritar ao mundo que apenas amo...

quinta-feira, novembro 15, 2007

DIZ-ME



Posso perguntar com o que sonhas? Hoje?!


- Com o hoje… Com o que hoje me apetece!


De que cor é o teu hoje?


- Hoje é vermelho! Vermelho muito escuro!


Quem pintou de vermelho os teus sonhos? Diz-me tu, que me ouves em longas conversas, quem te disse que os sonhos têm cor? Não me dizes? Tens medo?De que és feita tu e os teus sonhos? De meninice inocente, cheia de cores radiantes, que corropiam livres pelas asas da tua imaginação, sem redes, sem regras de ordenação? Ou será de uma maturidade que não encaixa com a tua idade? Diz-me tu, que tens a alma na tua mão, com o que sonhas hoje? Manifesta-me os teus desejos, a tua marca de felicidade… Intriga-me esse vermelho do teu sonho. Sabes que o vermelho pode simbolizar tantas e tantas coisas. Pode significar uma paixão, livre e rebelde como o vento que agita o teu cabelo em meus sonhos. Vermelho vivo, de vida, como o sangue que corre nas minhas e nas tuas veias e artérias, pulsante, radiante e carregado de emoções que se transmitem à flor da pele. Será um vermelho amor, calmo mas capaz de saltar a vedação que separa o proibido com um salto corajoso no vazio de um coração generoso? Diz-me tu o que simboliza esse vermelho escuro que me desvendaste… Tantas vezes te vejo alegre, e então imagino que o teu hoje deva ser uma cor viva, um cor-de-rosa, cheio de nuances cheias de pequenos e intrincados significados que não consigo destrinçar. Quando sinto que estás triste, imagino teu coração pintado de castanho, escuro, melancólico, mas de alguma forma ainda doce. E quando te sinto sonhadora, pressinto um arco-íris de tons azuis e verdes, suaves mas extremamente belos. E hoje dizes-me que estás vermelho escuro. Que significa hoje. Diz-me tu…

DESEJOS DA ALMA

Hoje a noite vou te visitar em teus sonhos,
para te dizer que a lua está com saudades nossas,
que mesmo sobre as nuvens ela viu a beleza do nosso amor.


[Apetece-me mostrar-te, como o arco-íris cintila de novo no céu quando o teu olhar brilha…
Apetece-me dançar… Ao som do encanto da tua voz que a beira-rio me veio iluminar]


Vou estar em teus sonhos,
para juntos vermos as estrelas e lhes mostrar
que encontrei o sorriso mais lindo nos teus lábios.


[Quero dizer-te… que todo o universo se resume ao teu sorriso quando comigo estas]


Hoje a noite vou te visitar em teus sonhos,
para lembrar como é bom te ver dormir,
e te passar segurança e tranquilidade para um bom sono.


[Apetece-me tocar-te… E perder-me de novo nos teus braços, com o cheiro da tua pele a me fazer delirar]


Hoje a noite vou te visitar em teus sonhos,
para ganhar teus carinhos e beijos


[Quero despertar… aquele beijo que me avassalou e que me anda o pensamento a inundar]
para te mostrar que os mais lindos sonhos,
são aqueles que sonhamos juntos!


[Quero deixar-te… perdida em mim numa onda de carinhos que estão prontos a se entregar
Quero pintar… o teu mundo nas tonalidades do meu corpo, para que nunca o voltasses a largar
Quero cantar-te… As sensações que não me largam desde que, naquela dia te vi acenar
Quero contornar… A tua face com a ponta dos meus dedos, enquanto simplesmente me estas a olhar
Quero sussurrar-te… As saudades que sinto, por a distância nos estar a separar
Quero enfeitiçar-te… Para que no meu mundo te perdesses e que nele acabasses por ficar!]

quarta-feira, novembro 14, 2007

HISTÓRIAS À JANELA

Ela gostava de fazer amor com a janela aberta: sentir o ar
fresco aliviar-lhes o suor dos corpos, ou noutras alturas ouvir
a chuva forte cair, a impulsionar-lhes o ritmo do sexo que
juntos inventavam.
Mas naquele dia apeteceu-lhe uma coisa diferente.
Levou-o até à varanda. Queria sentir-se liberta das amarras
que as paredes lhe transmitiam.
Percebia-se invadida pela luxúria, pelo desejo, pela vontade
de senti-lo dentro de si.
Nem precisou dizer-lhe o que quer que fosse. Entendiam-se
pelos sentidos.
Ele aproximou-se dela, encontrou-lhe as costas com o seu
peito. Encostou-se. Envolveu-a com os braços.
Ela permaneceu imóvel.
Fechou os olhos e ele não viu. Ela queria senti-lo, só.
Abandonar-se no seu corpo.
Desceu o peito dela com as mãos, desde o pescoço, passou o
umbigo e chegou-lhe ao sexo, quente, latejante, ansioso,
desesperado. Sentiu-lho. Provocou-a. Fê-la gemer.
Inclinou-se na balaustrada. Ele quase enlouqueceu de desejo
quando a viu assim.
Despojou-a da roupa, já de si leve. Queria unir-se a ela,
sem entraves.
À medida que o fazia, via a pele dela, alva, que tão bem
conhecia. E sentia o seu cheiro, que sempre o inebriava.
Ficou a olhá-la por breves momentos, assim, tão... sua!
E depois penetrou-a.
Mais e mais e mais... até serem um só.
Um ser no mundo.

MAGIA

Magia é um beijo que começa num toque suave de lábios e
se vai transformando, aos poucos, numa intensidade
arrebatadora.
Magia é um abraço onde cabem todos os problemas, as
angústias, o desespero... e tudo se modifica, naquele porto de
abrigo, calmo e tranquilo.
Magia é sentir que alguém nos dá mimos de andar na lua.
Magia é um colo seguro, meigo, terno.
Magia é duas mãos, entrelaçadas, unidas.
Magia é um sorriso numa noite de lua cheia.
Magia é um gelado a dois à beira-mar.
Magia é o medo que se transforma em segurança.
Magia é ouvir "tive saudades tuas".
Magia é um olhar que se cruza, que se enfrenta, que nos
aprisiona.
Magia é um toque de pele, que nos faz perder o Norte.
Magia é adormecer junto de alguém, cúmplice do nosso sono,
e saber que ao acordar, lá permanece.
Magia é um "amo-te", dito em silêncio.

terça-feira, novembro 13, 2007

PALAVRAS SUSPIRADAS

Nas sombras da Noite, sobra-me a imagem do teu corpo. As curvas e os desejos escondidos, por entre o matizado da luz das estrelas, e a escuridão dos recantos mais intimos de ti. Soltam-se as palavras com que te escrevo, desenhos metafóricos, envoltos em frases duma gramática secreta que apenas as nossas almas decifram.A química dos fluidos, atrai a atenção da líbido, acordando-a como se já fosse alvorada. Como se o dia se fizesse anunciar no contacto dos raios de um sol por nascer, com uma terra fresca, orvalhada, pela madrugada.O perfume das peles desnudas, abraça cada brisa que nos afaga, aconchegando-nos os corpos, num abraço apertado do qual não nos queremos mais soltar. As fragrancias invadem cada instante deste pequeno momento, toldando-nos o olhar, despertando os espíritos à muito adormecidos.No calor deste perfeito silêncio em que mergulhamos nossas almas, soltam-se, gemidos mudos, sons inaudíveis que apenas a nossa mente consegue escutar. Os corações, catalizam energias, queimando o ar que se inspira, soltando-o depois, num profundo e cálido suspiro de prazer.

domingo, novembro 11, 2007

O TEU DOCE OLHAR

Depois de um passeio, num dia soalheiro mas de muito frio, a única coisa que me apetecia era chegar a casa acender a lareira e ficarmos os dois sentados no sofá a conversar. Ao entrarmos em casa a única coisa que sabíamos dizer era – Que frio.
Sugeriste – não queres acender a lareira, enquanto preparo alguma coisa para bebermos?
Concordei. Preparaste dois cálices de vinho do Porto, enquanto ouvias a música a começar a tocar lentamente na sala “Eu sei que vou te amar”, chegaste à sala… as luzes apagadas umas velas acesas, sorriste para ti mesma e dei por ti a pensar... "Que andava ele a inventar?" - via-o no teu rosto.
A lareira estava acesa, enquanto em pose observadora me miravas e me aproximava. Deste-me o copo, enfrentando de novo o meu olhar malicioso, sorriste de novo. Calmo, como sempre, mantive-me imóvel e peguei no copo para beber um gole, e pousei o cálice na mesa. Deixaste-te estar, sorrindo também, com um ar malicioso. Tiraste a blusa e as calças de ganga, ficando a descoberto a lingerie.
Continuava com o meu olhar de malícia, onde podias ler "quero mais"... Sentaste-me ao seu colo e deslizaste tua língua pelo meu pescoço com pequenas dentadinhas, sentindo-me arrepiar-me, até que as minhas mãos iam deslizando pelas tuas costas, abrindo o soutien que caiu estrategicamente no chão, deixaste-te ir... afinal sempre é bem mais gostoso ser malicioso a dois.
Os meus beijos começavam a percorrer o teu pescoço, tomando suavemente os teus seios e em sinal de prazer deixaste descair o pescoço.
O cabelo ia caindo suavemente pelas costas.
Cada vez ia ficando mais quente. Seria da lareira?
Não me parece.
Olhavas-me enquanto me despia, olhos nos olhos, no silêncio da música coloquei as mãos sobre os teus seios, deslizando até conseguir alcançar a tua lingerie preta, passando os dedos pelo teu interior quente, brincando, sentindo o calor que começava a transbordar. Rolaste sobre mim e tomaste-me sem licença, da mesma forma como fiz contigo, beijos lânguidos, bocas sedentas, mãos entrelaçadas, vagueaste pelo meu peito nu, em carícias, em beijos, tomando a minha masculinidade com os teus lábios.
Brincaste com a tua língua e boca, como sabes que gosto, e eu gemia baixinho.
Sabia-me bem e tu sabias.
Ardia de desejo queria o retorno…
Levantei-me, peguei-te pelos braços, beijando-te e virando-te, ficando de costas para mim, debrucei-te... acariciando-te, suada e em espera, coloquei as mãos nos quadris e penetrei-te gentilmente!
O céu desceu à terra e o que queria era que o egoísmo saltasse sobre nós, que me tomasse sem dó nem piedade, deslizando por ti com toda a sua força. Deixámo-nos estar assim, por mais uns minutos, mas o frenesim corria sobre o nosso corpo e tinha que atingir um fim.
Parei, sôfrega perguntaste...
– então?. Ao que respondi - Calma, quero olhar-te, ver-te, quero sentir-te.
Com os braços debaixo do teu corpo e sentindo os teus seios firmes puxei-te para cima, virando-te, abraçando com carinho e ternura, fazendo com que os corações ganhassem um ritmo normal.
Tornei-te a beijar, deitando-te, saboreando as tuas pernas e a tua pele, e com as mãos afastando-as, suavemente... Novamente com um sorriso malicioso puxei-te para mim “quero sentir o teu orgasmo em mim” – acenaste com a cabeça e tornei a tomar-te, minha, novamente num vai e vem louco de desejo agarraste-te ao meu pescoço enquanto num complemento de céu, terra e mar, envoltos em gemidos, explodimos em êxtase.
Deixaste-te cair sobre a manta... corpo dorido, caí sobre ti também exausto.
Um beijo terno, um sorriso a dois, o silêncio do lume e da música.
Acabámos por nos envolver no silêncio e dormir numa tarde fria, mas muito quente.

É NO TEU SORRISO

Hoje, olho para este papel
Sem palavras escritas...
Vazio!...
Sinto-me pequeno nas pequenas palavras
Que te quero escrever.

Não sei quem sou!
Se escrevo na procura de mim,
É no teu sorriso
Que a distância adormece.
Não busco razões nem porquês!
Já que quero apenas o teu abraço
Nesta tarde que anoitece.

E os meus lábios esboçam espontaneamente
[um sorriso]
És o ontem;
O hoje;
O amanhã.
È bom saber que ainda te sentas no tempo
Com um sorriso de menina,
E que esse tempo não te levou de ti... nem de mim.
E se um dia voltar cansado
Irei encontrar o meu lugar no teu colo,
E trocaremos as palavras que não te escrevi.

És mulher!

E... isso basta-me para adormecer.

By Francisco Arsénio

sexta-feira, novembro 09, 2007

COMO SE CHAMA?

Tu surgis-te como suave melodia trazida pela brisa que se dilatou no silêncio da minha alma e se fez moldura em meu viver.

Há algo em ti que transparece num olhar, como estrelas no céu e exteriorizando-se num sorriso como canção tocada na harpa dos ventos.

Sem olhar, tu percebes, sem falar dizes, sem me tocares tu abraças-me...

Quando me perco em labirintos escuros tu mostras-me o caminho de volta..

Quando exponho os meus defeitos, tu fazes de conta que nem notas...

Se enlouqueço, tu devolves-me a razão...

Nos dias em que as horas passam lentas, sem graça e sem luz, nos teus braços eu encontro alento.

Quando tu estás longe, no espelho da saudade eu vejo reflectida a certeza do reencontro.

Quando as marés dos problemas parecem tragar nas suas ondas as minhas forças, em teus braços encontro reconforto.

Se as amarguras pairam sobre os meus dias, trazendo desgosto e dor, só a tua presença me traz tranquilidade.

Tu és um raio de sol, nos dias escuros...

És ave graciosa que enfeita a amplidão azul...

Tu és alma e coração.

És poema e canção...

És ternura e dedicação...

Nada impõe, tudo tentas compreender, tudo tentas perdoar...

Tua companhia é doce melodia, é convite a viver...

... E, tudo isto se chama amor!

O amor é este sentimento que brota todos os dias, como uma flor que explode de um botão ao mais subtil beijo do sol... Isto, sim, se chama AMOR...

quarta-feira, novembro 07, 2007

FECHA OS OLHOS E OLHA-ME

Vês-me?
Não os abras, mantém-nos cerrados e abre os teus outros sentidos para poderes ver-me.
Só preciso do teu abraço, de encostar a cara ao teu peito e de que me envolvas com teus braços... Das carícias nas minhas costas…
Dos sussurros ao meu ouvido...
Do deslizar de pele que me faz flutuar… Fecha os olhos e olha-me…
Sente-me e vislumbra-me com tuas mãos...
Em teus braços...
Com um simples roçar de lábios...
Quando queremos que os segundos durem horas e que esses momentos se eternizem não só na nossa mente…
Fecha os olhos e olha-me…
Acompanha-me nesta entrega, nesta viagem ao inacabado...
Em deliciosos gestos...
Que me apuram o paladar dos sentidos...
E fazem com que minha alma se renda perante a tua...
Diante de tamanha paisagem…
tamanha visão…
Fecha os olhos e olha-me...
Porque hoje, por particularidade ou não, queria sentir teus dedos em minha pele...
Tua boca na minha e até tua língua que se atreve em meus lábios...
Queria adormecer em teus braços e poder deter-me em teu corpo sem pressas...
sem tempo nem hora marcada...
Sentir-te tão plena e pura como o prazer que nos une...
Cada palavra, cada som, cada sorriso, cada olhar...
Voltam sem cessar...
Teimam em me acompanhar... Retenho...
Detenho...
fecho os olhos e vejo-te...

PALAVRAS ESCONDIDAS

Para ti são as palavras viajantes que o coração murmura quando a voz é tímida!

Gosto de ti... nos silêncios de saudade em que ouço a melodia da tua memoria nunca ausente em mim porque é impossível esquecer o instante mágico da vida porque a alma é imortal em nós e a quem pertencemos!

És o sorriso deste momento e de todos os tempos em que te espero numa janela iluminada de luar sonhando a doçura do teu rosto que a minha alma ama.

Gosto de ti... na magia preciosa de um abraço, na visita da ternura da tua voz.

Gosto de ti... adoro-te nos sorrisos, no azul de um céu onde vivem os versos do teu poema.

Gosto de ti... pela alegria imensa de escrever, pela ternura que deste aos dias e noites, e à vida da minha alma.

Gosto de ti.... nas flores e nos sonhos que protejo no meu abraço para partilhar com o teu olhar, a luz que me guia na sombra e me acompanha na alegria de te amar.

Gostar de ti talvez seja pouco...

REVELAÇÃO DE UM SONHO

Esta noite, fiz amor contigo.
Podia até dizer que construímos amor. Aquele amor que se conquista e constrói.
Tu estavas em frente à lareira, à meia-luz, quando me cheguei perto, tinhas saído de um banho quente de banheira de águas perfumadas.
Tocava uma música que embala a alma. E eu, cheguei-me a ti, devagar. Os cabelos caídos pelos ombros, a roçarem as costas, ao de leve, em desalinho, ainda húmidos.
Sorri-te. Puxaste-me para ti, abracei-te… e começamos numa dança tranquila do corpo, numa contra-dança doce da alma.
A tua mão na minha cintura, a minha segurando a tua. Encostei tua cabeça no meu peito. Fazer sentir-te protegida, a saber que nada mais é preciso além disto para sentir a plenitude de qualquer coisa boa que pode haver por dentro de nós. A sentir medo de perder o pé ao mergulhar neste mar imenso dentro de mim.
Disseste-me ao ouvido:
- Quero-te tanto!
Apertaste o meu corpo contra o teu, naqueles abraços que nos fazem acreditar que tudo é possível. Desapertaste o laço de cetim da camisa sem desprenderes os teus olhos de dentro dos meus.
A musica. O calor da lareira, as sombras chinesas nas paredes. Eu e tu.
Tu a dizeres que me querias, eu a sentir isso no corpo e no teu olhar. E eu no silencio a dizer-te que também eu.
Procurei tua boca para pousar a minha, desvendei com a minha língua os teus lábios. Trocas de sabores, de saliva. O coração a galgar as margens do ser, acelerado. Tu num sorriso a tocares-me ao de leve, eu a tirar-te a roupa.
A respiração que se torna ofegante, desenfreada, a humidade a tomar conta dos poros. A sentir por trás do rendilhado o teu sexo entumecido, e debaixo dos panos, o meu a pulsar por ti. Sentia o teu desejo, a suplica, a vontade que entrasse em ti. Num amor urgente, emergente, que não pode esperar.
E fomos parede, sofá e chão. Fomos água, espuma e cama. Sem limites, na plenitude, fomos um corpo noutro corpo. Sem ter um inicio nem fim. Fomos continuação sem deixar de sermos nós. Sem deixar de nos olhar, de nos tocar, de nos amar.
Sentindo-te num vai vem dentro de ti, num toque de pólen, num amor feito à flor da pele, num arrepio. Tesão, suor, sexo duro, pele, amor, gemido, sofreguidão, saliva, almas.
Acordei ainda a sentir-te em mim. Fiquei quieto a olhar o tecto, a saber que lá fora já brilha o sol e que tu… tu estarás algures, mas não aqui. Numa cama que não esta imensa e fria.
E arrastei-te todo o dia comigo. O teu sabor na minha boca. O teu cheiro no meu corpo. E um sorriso meio tonto, por ter sentido tudo de forma tão real, mesmo sabendo, cá por dentro, que há sonhos que não passam à realidade, apesar da vontade...