Envolve-te a névoa, como sudário translucido que os contornos revela, que antecipa a ressurreição de um corpo dormente, mistério a mil chaves fechado, lugar mágico onde o tempo converte os segundos em fragmentos de eternidade e a chuva não passa de gotas de orvalho.
Venero-te deusa encantada, sobre a cama de pétalas deitada, na esperança de um novo amanhecer de teu olhar, do grito profundamente calado do teu silêncio, da sede que teus lábios escondem, ou, simplesmente do perfume que tua pele exala.
É madrugada, pura alucinação, ver tua alma elevar-se do corpo, procurar o âmago de meus braços para ressuscitar-te, onde esperas pelo instante em que meus lábios te vão acordar.
Êxtase, sentir a pele aquecer-te, o corpo derramar gotas de orvalho, qual lágrimas, no pranto duma criança. Espero, pelo momento certo em que teus lábios vou beijar, em que teu corpo me irá abraçar. Destapo-te os contornos escondidos, percorro-te, absorvendo cada fluido, matando a sede, alimentando a libido do néctar da luxúria.
És vida, renascida das cinzas apagadas de alguém que se deixou ficar, na espera constante de um sopro de vida, que o vento te aporta nas asas da minha alma.
Sem comentários:
Enviar um comentário