Esta noite, fiz amor contigo.
Podia até dizer que construímos amor. Aquele amor que se conquista e constrói.
Tu estavas em frente à lareira, à meia-luz, quando me cheguei perto, tinhas saído de um banho quente de banheira de águas perfumadas.
Tocava uma música que embala a alma. E eu, cheguei-me a ti, devagar. Os cabelos caídos pelos ombros, a roçarem as costas, ao de leve, em desalinho, ainda húmidos.
Sorri-te. Puxaste-me para ti, abracei-te… e começamos numa dança tranquila do corpo, numa contra-dança doce da alma.
A tua mão na minha cintura, a minha segurando a tua. Encostei tua cabeça no meu peito. Fazer sentir-te protegida, a saber que nada mais é preciso além disto para sentir a plenitude de qualquer coisa boa que pode haver por dentro de nós. A sentir medo de perder o pé ao mergulhar neste mar imenso dentro de mim.
Disseste-me ao ouvido:
- Quero-te tanto!
Apertaste o meu corpo contra o teu, naqueles abraços que nos fazem acreditar que tudo é possível. Desapertaste o laço de cetim da camisa sem desprenderes os teus olhos de dentro dos meus.
A musica. O calor da lareira, as sombras chinesas nas paredes. Eu e tu.
Tu a dizeres que me querias, eu a sentir isso no corpo e no teu olhar. E eu no silencio a dizer-te que também eu.
Procurei tua boca para pousar a minha, desvendei com a minha língua os teus lábios. Trocas de sabores, de saliva. O coração a galgar as margens do ser, acelerado. Tu num sorriso a tocares-me ao de leve, eu a tirar-te a roupa.
A respiração que se torna ofegante, desenfreada, a humidade a tomar conta dos poros. A sentir por trás do rendilhado o teu sexo entumecido, e debaixo dos panos, o meu a pulsar por ti. Sentia o teu desejo, a suplica, a vontade que entrasse em ti. Num amor urgente, emergente, que não pode esperar.
E fomos parede, sofá e chão. Fomos água, espuma e cama. Sem limites, na plenitude, fomos um corpo noutro corpo. Sem ter um inicio nem fim. Fomos continuação sem deixar de sermos nós. Sem deixar de nos olhar, de nos tocar, de nos amar.
Sentindo-te num vai vem dentro de ti, num toque de pólen, num amor feito à flor da pele, num arrepio. Tesão, suor, sexo duro, pele, amor, gemido, sofreguidão, saliva, almas.
Acordei ainda a sentir-te em mim. Fiquei quieto a olhar o tecto, a saber que lá fora já brilha o sol e que tu… tu estarás algures, mas não aqui. Numa cama que não esta imensa e fria.
E arrastei-te todo o dia comigo. O teu sabor na minha boca. O teu cheiro no meu corpo. E um sorriso meio tonto, por ter sentido tudo de forma tão real, mesmo sabendo, cá por dentro, que há sonhos que não passam à realidade, apesar da vontade...
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