Recostada no Douro como numa chaise-long, deixa escorrer o sol nos becos e nas ruas da cidade velha. Envolve-se com a vizinhança num displicente fluir de pontes.
Abre a foz ao mar que lhe traz ondas ainda pouco agitadas. Deixa erguer nas praias ásperos rochedos do mesmo modo que assume a tropicalidade das palmeiras e jacarandás. Exprime-se em sons e cheiros tão indefinidos quanto inesperados.
Porto de revoluções, de lutas e de ofertas generosas. Que se esconde nos nevoeiros matinais, para se revelar, com esplendor, ao meio-dia e onde a noite mantém um inalterável jogo de luzes cansadas.
Porto de Outono que desafia para os passeios, os encontros, as descobertas.
E porque não para o amor?
Experimentemos as ruas estreitas, os enormes portais antigos, as varandas de sardinheiras. Os pátios e as praças. O Largo da Bandeirinha, a Fonte da Colher, a Rua do Gólgota, o convento de Monchique, de cuja janela Teresa viu partir Simão Botelho. O Miradouro (mira-Douro) de Santa Catarina no fim da tarde…
Surpreende-te com esta toponímia e com as excentricidades de uma cidade que, apesar de uma aparência fechada, se sabe revelar a quem a souber descobrir
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