sexta-feira, setembro 19, 2008

Não sei...

Pequenos gestos, silêncios, pequenos momentos, acontecimentos. O Mundo esta repleto de instantes, pequenos tesouros que passam despercebidos nas horas que se nos atravessam os dedos na constante correria que teimosamente trilhamos neste fluxo de tempo.

Num instante, tudo se transforma, se forma, mas nada muda. O cais onde agora se sente a actividade plena dos barcos a atracarem, era o silêncio das gaivotas ainda à pouco. Nesse instante uma beleza única se forma para desaparecer logo em seguida, e quem sabe, sem mais a voltar a ver. Sente-se o seu calor a entranhar-se na pele, pestaneja-se ao sabor da maré embalada pelo vento.

O tempo passa e os sapatos acusam as rugas de uma longa caminhada onde não se conheceu um início intrincado, complexo e carregado de desvios, antes simples, leve, sereno e contrário ao movimento incessante que nos causa vertigens para onde se corre com tanta pressa, sem nunca se saber exactamente para onde.

Se pensam que o destino está traçado, antes se busque uma folha de papel lisa, e se deixe que o traçado apareça, mesmo quando se tenta sem sucesso o desenhar.

Não sei esquecer o que nasceu para ser não esquecido, mesmo que se vire a página do diário, os olhos deslizam para o armário que se encontra repleto de instantes coleccionados ao tempo, bilhetes que se sussurraram por entre carteiras de estudante numa dessas aulas de contemplação dos olhos de amêndoa que me deliciam, sempre que os meus pousavam neles.

Dança selvagem e respiração cavalgante... livre... como as ondas deste oceano que se estende ali bem à minha frente. Não sei esquecer...

domingo, setembro 14, 2008

Para que serve um Homem?

Hoje dei por mim indagando isso mesmo. Para que serve um Homem?

Esta questão é uma daquelas que todos os homens garantem saber a resposta e para a qual ninguém irá nunca admitir o contrário, sábios conhecedores da realidade feminina e de tudo aquilo pelo qual esta anseia e deseja. Meus caros... como andamos enganados.

Primeiro um homem serve para lhe lembrar, a ela, o quanto adora ter nascido Mulher. Serve também para lhe olhar como se diante de um E.T. estivesse quando esta frente ao armário amontoado de roupa constata que "não tem nada para vestir", nada mesmo.

Serve para notar sempre, todas as vezes em que ela lhe aparece com três milimetros de cabelo a menos e dizer que foi uma mudança brutal, incrível.

Um homem serve também para lhe coçar as costas até que adormeça de "cansaço".

Serve para lhe dizer todos os dias que a ama e todas aquelas palavras que lhe acariciam o ouvido e que tanto adoram ouvir. Óbvio que um bom homem tem de "aguentar" que ela lhe repita isso de manhã até à noite fazendo uma cara de felicidade, como se acabasse de receber uma boa nova... "como conseguimos ser tão frágeis diante delas e por elas".

Um homem serve para lhe dizer "Estás linda!", ao invés daquelas palavras suicídas "Mas tu vais com essa roupa?"

Mas um homem também serve para fazer inveja as amigas, principalmente aquelas que nunca conseguem nenhum, é nessas alturas em que... "Epah onde está o lencinho? Algo escorre no canto dos lábios delas! Será gloss? tss tss tss".

Um homem serve também para lhes dar aquela reconfortante sensação de que fará toda a diferença chegar uma hora mais cedo, serve para ajudar a criar toda aquela atmosfera familiar com todas as chatices que a faz, completa e absolutamente necessária e insubstituível.

Um homem serve também para a levar a uma visita erótica ao jardim do Éden, e por entre sussurros ao ouvido, lembrar-lhe que sentir-se amada é algo que adora que lhe percorra a pele como se de um arrepio se tratasse.

Mas elas sabem que esse homem é o "tal" quando ele já teve a oportunidade de ver aqueles fiozinhos de cabelos brancos brilhando entre uma e outra visita ao cabeleireiro, sem que as façam querer cortar os pulsos, quando ele sabe que é humano ressonar e ainda lhe oferece uns beijos para que não se sinta irriquieta, quando ele compreende o que é ter uma daquelas fomes de "leão" e medo de aranhas e trovoadas, ter cólicas, dores de cabeça e desejos, mesmo os mais estranhos, que se lembra dela quando vê uma linda bolsa numa dessas montras de um shopping que percorre ao seu lado à quatro horas seguidas e ainda assim mantém a frescura de quando lá entraram... ou um simples chocolate crocante.

Um homem também serve para lhe oferecer o aconchego de uns mimos e um lenço quando ela chora ao ver o filme "Cidade dos Anjos", e não esboça um único riso, pelo contrário, aquece-lhe ainda mais a alma...

Não existem Homens perfeitos, apenas verdadeiros amantes e reais companheiros que se preocupam acima de tudo, com o bem estar da Mulher que Amam.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Tempo que me trás mais Tempo!

Respiro um estranho e maravilhoso silêncio, que me fala numa linguagem marítima e sensual. Apenas sei viver num vendaval de amor com os olhos carregados de chegada lonjura, respirando o carregado odor... feminino.

Respiro uma aconchegante voz ondulante de melopeia infantil por onde liquifaço-me de sonhos para o amplexo desejado oceano, onde os espaços se fecham pelas ruas... e a vida sempre continua.

Esse tempo maldito que refreia o meu desejo com a sua canção impiedosa e ritmada do desfazer de espuma. Um grande amor não se possui... espraia-se suavemente em marulhares sucessivos de marés! E nessas ondas, o meu coração sonda o seu silêncio sussurrante.

Oiço a melodia terna aos meus olhos, "sou de quem me quiser amar no afogamento cego de mim, e nele apenas segura gentilmente minha mão... e me abraça."

Aguardo a onda rebelde, não pretendo ser o arquitecto das estrelas, antes pintar-las no pestanejar dos teus olhos num longo anoitecer.

Quero... muito... que o tempo passe.