quarta-feira, dezembro 31, 2008

Lume do meu Peito

Sensualidade, do corpo que a Lua ilumina, do brilho suave que a pele irradia. Nuance de cores esbatidas contra o negro da Noite. Beleza dos contornos que as concavidades ressaltam ao olhar.

Luar, tatuado na pele, imagem de mulher. Na pureza desta água que te reflete, que se cola e te envolve, entrego os meus dedos, que igualmente te abraçam, sentindo cada milimetro de ti.

Este pano translúcido que te cobre, deixa-me adivinhar o que não me queres esconder, deixa-me sentir o que queres que sinta, o teu corpo de cristal, solta a luminosidade da tua alma, que se reflete, neste espelho de água.

Menina, mulher, feita de sonhos, vestida de nadas, na incessante procura de tudo. De olhar distante, e pensamentos profundos, voas, como o vento, procuras com o desejo de já haver encontrado. Nos teus olhos vejo o arco-íris que nas manhãs de outono corta o negrume das nuvens, anunciando a esperança do céu azul, nas tuas mãos sinto a ternura de quem sente para lá do coração, nos teus lábios procuro a doçura que a vida, amargamente, me tem roubado.

Menina, mulher, em teu corpo desnudo me deito, te amo e adormeço, nasço, no teu ventre, de novo.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Momentos

Todos nós gostamos de viajar de vez em quando. Muitas vezes fazemo-lo usando a magia que a nossa mente nos fornece.
É este o início de uma viagem. Uma viagem sem fim previsto, com o sabor da incógnita presente, calcorreando caminhos empedrados, planícies de verdes mantos, frescos, de brilho cintilante, montes rochosos, cobertos de alva e reluzente neve, vales vastos, de uma doçura imbutida.
 
' -Existem momentos que nos fazem parar, por um instante, este ritmo alucinante que nos empurra para a frente e nos transporta adormecidos na corrente indelével da vida. Sem nos apercebermos a vida enrola-nos e segue um certo sabor próprio sugando-nos o tempo que usamos para pensar e estimulando os instintos naturais que nos são inerentes e inquestionáveis.
Surgiu-me um desses momentos e a pergunta que bailava na minha frente era “Porquê?”. Sabia que a resposta não seria encontrada com facilidade, como tudo na vida que requer resposta, mas decido, então, levado pela curiosidade de tudo querer saber, de encontrar a solução para esta grande questão que agora não mais saía do meu pensamento, tornando-se uma questão de vida.
São momentos como estes que têm significado e nos fazem sentir que o universo obedece a uma certa lógica muito difusa que buscamos entender, ainda que pareça que essa lógica encete uma fuga previa e genialmente preparada cada vez que nos encontramos perto de desvendar e desmontar todos esses mistérios de vida.

Foi com um espírito de brio, perfumado pela inocente coragem que nos move a todos nós, embebido de aventura e de uma grande excitação que encetei a minha jornada, acompanhado do meu pequeno livrinho vermelho que trago sempre comigo e me “fotografa” as sensações.'

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Fome

Presa em duas mãos por entre lábios feitos reféns pelos meus. Desejos que se perdem à procura do que é certo, corre pela calçada dessa Lisboa que te abriga, deixa que te descubra. Chega de torturas intímas, abraça-me, deixa-me te olhar por entre o espelho que espera ser olhado, descobrir-te por entre a nebulina dessa manhã que descobrimos a cada dia que nos olhamos.

Sinto a fome de te escrever, transformar-te na pauta por onde os meus dedos escorregam na vertigem do prazer... frases feitas ou talvez não.

Sento-me à esplanada da Avenida e vejo-te ao longe, cabelo solto e delicado deitado sob o teu rosto, olhos brilhantes e curiosos em busca do tudo e do nada, um sorriso preso sem fraquejar de passagem pelo principio meio e fim dos teus lábios carnudos e delicados, como uma caixa de chocolates, prestes a desvendar o sabor doce que se esconde.

Sinto a fome de te ter...

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Enquanto

Aproximo-me... lentamente... com serenidade... como se eu fosse o trajecto que timidamente vou percorrer e o destino que vou conquistar. Fico perto... o suficiente para te ouvir respirar, para sentir o teu coração bater, para absorver o calor que se te evapora da pele.

Contemplo-te... como se fosses uma peça rara de fino cristal, um quadro valioso de um pintor famoso, uma gota de orvalho, singela, sobre o corpo aveludado de uma rosa. Sente-me... pedes-me... como se fosses um farrapo delicado de nuvem que esvoaça pelas janelas da tua vida. Toca-me... imploras-me... com delicadeza... como se de um pássaro acabado de nascer te tratasses e deslizo... desde a ponta dos dedos, passo pelas tuas mãos e vou subindo pela tua pele trémula e macia.

Repouso o meu toque no teu rosto e seguro-o... como se fosse o meu bem mais precioso. Deixo que a tua boca descubra o mel da minha boca e que os nossos lábios se unam num momento mágico de prazer.

Permites ao meu nariz deslizar sobre as curvas do teu pescoço alvo e inalar da tua pele o teu aroma quente que mulher, o teu perfume fresco. Desnudo o teu corpo frágil e liberto-te de tecidos e pudores e deito-te numa cama feita de amor, com edredons de penas feitos de desejo, lençóis bordados de carinho, almofadas engomadas de mimos. Preparo-te um leito onde te sintas protegidas, onde me aninhe em ti e me possa perder para me encontar.

Solta a tua voz em doces ecos ao meu ouvido... adoro ouvir-te tão perto.