quinta-feira, abril 05, 2007

NA CABECEIRA DA CAMA

Todas as noites, adormeço de olhos abertos.
Enroscado nos meus lençóis tenho como cobertor o brilho que me ilumina as paredes do quarto como se na cabeceira da minha cama, cuidadosamente pousado, repousa o tesouro que inicia o arco-íris.
Quente como o nascer do sol, a brisa suave que me percorre os cabelos embala-me como aquelas canções que partilhamos os dois, o encosto de uma cadeira de baloiço feita de palha onde meu corpo repousa em êxtase na sensação do teu.
Aquela fotografia, é dela que falo... livre como uma pena de andorinha que baloiça por entre as ondas dos meu lençóis onde o mar é o meu corpo.
Daquela carta tua que me entregaste dobrada, é dela que falo... depois de ler a carta e olhá-la, e olhá-la, fico num estado siderado, fora de órbita, a dormir de olhos abertos na tua companhia, sentindo um não-tempo, preso num vácuo morno onde o mundo existe apenas para nós, apenas em nós.
Todas as noites chegam-me assim, contigo a meu lado, porque o adormecer contigo é o prazer da noite feita lua e o acordar um vulcão de desejos em te olhar e te dizer "Amo-te".
Na cabeceira da minha cama brilhas numa palete de cores quentes onde te envolves em minh'alma e dela fazes o porto que te desejo oferecer, para de lá partirmos pelo mar adentro numa caravela pintada com a forma do teu sorriso, e a mão que te embala e te entrega o meu Amor.
És a luz da minha noite, o brilho do meu acordar.

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