domingo, dezembro 10, 2006

HOJE!!!

Eu entendo que nunca te sentiste tão livre como no dia em que ultrapassaste a correr o vento Norte. Que sabes bem que os anjos nunca foram beijados, e por isso o seu desejo é sempre mais forte que as asas inúteis. Que só te interessa o mar que traga consigo uma onda maior. E sei bem como é difícil não voar directamente ao sol. Mas fico com pena se já tiveres adormecido quando chegar o tempo selvagem das vindimas.

É verdade que as palavras brilham nas tuas mãos como se fossem cintilações de loucura. Que à tua volta anda já a canção irresistível das coisas simultâneas. Que os teus pés não sabem de caminho por que não valha a pena sangrar. E sei bem como é difícil não soltar de nós o grito aberto. Mas tu mereces estar pronta quando chegar o tempo perfeito da taça de vinho.

Hoje pensei que se tivesse de te ensinar de uma vez tudo o que aprendi, te diria para olhar em vez de tocar as estrelas, para escutar em vez de soltar as palavras cristalinas. E que se tivesse de te dar de uma vez o segredo das coisas vivas, te diria para meditar no mistério da maturação dos mundos. E sei bem como é difícil amarrar os póneis selvagens. Mas só saberás da alegria verdadeira se deixares chegar lentamente o tempo dourado da embriaguez.

..a poesia é uma pena delicada que esvoaça pelo ar.
Nega-se, a maldita. E ainda assim... amo-a.
Com a força inegável do sangue que me corre pelas veias.
Ela deixa-me submerso em abismos de palavras e memórias absurdas.

Hoje lembrei-me rapaz. Hoje lembrei-me inocente e sonhador. Sabia-te algures no meu caminho. Sabia-te escondida. Perdida de mim.

Hoje lembrei a poesia que escrevia há muitos anos atrás. Os meus amores e desamores. Os meus enganos.
Hoje lembrei-me de mim e escorreram lágrimas de luto pelas minhas faces pelo que fui outrora. Pelos devaneios que acalentei no coração.
Deles sobraram-me a imagens, silhuetas, olhava lá longe, do outro lado do lago.

Hoje tenho-te ao lado dos meus sonhos nada mais resta senão pós de perlimpimpim soltos no ar perfumado de primavera.
Hoje quero construir novos sonhos deitado no teu regaço.

Amor... amor... esquece o Passado, o Futuro, as linhas Temporais que se cruzam, cobre os meus lábios com os teus e enche-me da tua alma.
Hoje... quero sonhar.

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