
Escrevo na madrugada, desperto do sonho que me trouxe o passado em que nos amámos com sofreguidão e sem pressa porque o tempo era só nosso e o mundo parava à nossa volta.
Escrevo à noite, quando no mundo parado, em silêncio, olho o teu rosto calmo dormindo, após um dia de luta e dever cumprido.
Escrevo nas férias que não gozámos, porque nos faltou o tempo ou o dinheiro, essa peste que a sociedade inventou para nos agrilhoar.
Escrevo para te dizer, quando não estás, que te amo e é para isso que vivo. Escrevo para te dizer o que os silêncios calaram e os gestos não foram bastantes para te dizer tudo o que queria e tudo o que te devo.
Escrevo dando-te as palavras que a mente fabrica, que os sentimentos modelam e os dedos martelam, numa cadeia de gestos para chegar junto de ti quando não te posso alcançar e acolher-te nos meus braços.
Escrevo para te dizer que, perto ou longe, a distância que me separa de ti é nula porque continuas, sem interrupção nos meus sentidos.
Escrevo no ar, poemas que não passam ao papel, porque o sentimento sobra e as palavras faltam, e sem gestos nem sons, continuo escrevendo em silêncio, porque no silêncio ouço a música do amor que ecoa nos recônditos do teu corpo que se oferece à minha mente e ao meu desejo.
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