domingo, dezembro 31, 2006
AMANHECER
No quarto começo a vislumbrar as formas.
Olho para o teu rosto. Dormes tranquila.
O lençol branco deixa transparecer as ondas do teu corpo.
Estás nua por baixo daquela nuvem de seda.
A tua pele está brilhante, ligeiramente suada.
Os teus lábios rubros quase que a convidar-me para os sentir.
Levanto-me devagar para não te acordar.
Na casa de banho lavo o rosto e olho-me ao espelho.
As olheiras reflectidas recordam-me a noite intensa que tivemos.
Vou à janela para sentir o Sol que me aquece o tronco nu.
Sinto desejo de te possuir.
Sentir-te colada a mim, e a tua língua a percorrer-me todo o corpo como o fez na noite anterior.
Fecho os olhos e recordo a tua imagem em cima de mim, o cabelo molhado em tons dourados, os teus olhos de felina como que a devorarem-me enquanto o teu corpo impunha um ritmo ofegante.
Regresso ao quarto e vejo-te sentada na cama a arranjar o cabelo.
Olhas para mim e olhas para a cama deixando transparecer por entre os lábios um sorriso que tudo diz.
Na cama dançamos um tango por entre as nuvens brancas, desenhando com as nossas pernas asas de anjos. É magnífica aquela dança que só sei fazer contigo. Com a mulher que amo e desejo todos os dias da minha vida.
LABIRINTO
No caminho diário chocamos contra as paredes quando as circunstâncias são difíceis, mas é preciso tomar uma atitude positiva, sempre... Nada conseguimos ficando angustiados, preocupados e torturando-nos com os problemas.
Para qualquer dificuldade na vida existe uma razão, que por vezes escapa ao nosso entendimento.
Não podemos entender o porquê de tantas paredes no labirinto, a menos que tenhamos a capacidade de nos elevar para visualizar a situação completa.
Há que reagir e quebrar todos os obstáculos e amarras para encontrar a tranquilidade.
NÓS
Sinto-me HOMEM. Desejado. Com os fluídos à flor da pele, com uma vontade enorme de viver, de respirar, de alcançar o Sol.
Uma entrega plena.
Como se o meu corpo entrasse pelo teu, em que os suores se misturam e formam uma dança única, em que os meus músculos respondem aos teus em movimentos perfeitos, em que as nossas linguas provam o sabor do amor e da paixão quando se tocam.
Sinto uma enorme Felicidade quando estamos juntos. É como se nada mais existisse. Parece um mundo imaginário. Como se ambos vivessemos na face oculta da Lua.
Onde nada mais existe a não ser nós e o nosso amor.
Preciso sentir essa Felicidade na sua plenitude e por ela luto... dia e noite.
QUERO
Com o meu amor,
embalar todos os teus sonhos
e assim, dar lugar aos meus!
Basta olhar no fundo dos teus olhos,
para que todo o meu corpo trema,
basta um toque teu,
para que me entregue de corpo e alma,
sem receios,
nem medos...
Apenas sonhos, esperanças e eterna paixão...
Contigo e em ti é fácil voar por entre o mundo especial da fantasia e dos sentidos...
Tu dás sentido à minha vida!
Aos meus sonhos.
És alma igual à minha
que procurava por entre a bruma da existência e que,
sem esforço,
a tornou brilhante e sonhadora...
VEM
Vem fazer amor comigo.
Vem fazer o amor comigo.
Com as tuas mãos desenha-me o mar nas curvas do teu corpo.
Com os teus lábios mostra-me o sabor da Lua, das estrelas, do céu.
Com o teu corpo revela-me o calor do Sol.
Amo-te e quero demonstrar com frémitos, sussurros e gemidos a intensidade desse amor.
sábado, dezembro 30, 2006
UN PETIT JEU
A noite ia já longa.
Deitada no sofá tinha a televisão ligada sem lhe prestar muita atenção.
Uma das janelas da ampla sala estava aberta.
A luz da lua era como que um feitiço que a obrigava a olhar para aquela imensa esfera branca inúmeras vezes.
Na rua não se ouvia qualquer ruído. Nem as folhas das árvores se mexiam. Não havia vento. Nem uma suave brisa se fazia sentir.
Sobre a pele ela trazia apenas uma camisola curta e a lingerie.
Por ser já madrugada não se inibiu de sair assim quase despida para a varanda.
Olhou fixamente para a Lua e questionou-se porque razão se sentia completamente fascinada pela sua luz.
Acompanhava diariamente as suas fases. Nunca se deitava sem antes a olhar como se estivesse a desejar-lhe uma boa noite.
Sentiu todo o seu corpo arrepiado como se precisasse de conforto, de um carinho. Sentiu saudades dele.
Foi, a passo apressado, para o quarto onde tem uma foto dele.
Passou os dedos pelo vidro da moldura mas só aquele gesto não lhe dava o conforto que precisava.
Olhou à sua volta à procura de algo dele, uma peça de roupa que tivesse o seu cheiro.
Procurou no quarto, na casa de banho, por toda a casa e não encontrou nada.
Estava desesperada e revoltada por não encontrar nada. A sua respiração estava ofegante.
Voltou para a varanda para tentar apanhar ar. A ansiedade não passava.
Decide deitar-se.
Já deitada na cama sente no seu corpo uma invasão poderosa de desejo.
Fecha os olhos e vai directamente com as suas duas mãos ao sexo já húmido.
Com dois dedos de uma mão penetra-o enquanto que com a outra mão acaricia o clítoris.
Geme e suspira.
Os olhos sempre fechados.
Sente as mãos dele por todo o seu corpo.
Quando está quase a atingir o orgasmo tira rapidamente as mãos para protelar o desejo.
Volta a penetrar-se com os dedos.
Do seu sexo escorre o néctar que se estende até aos lençóis.
Sente que não aguenta mais e tira novamente as mãos para demorar o orgasmo mas é já irreversível.
As suas mãos seguram como garras os lençóis enquanto dura o clímax atingido sem se tocar. Todo o seu corpo entra em convulsões.
No fim do êxtase, deita-se de lado passando os braços à volta das pernas.
Assim fechada sobre si mesma sente o cheiro que emana o seu sexo.
Liberta um sorriso de conforto porque este era o cheiro da paixão que procurava minutos antes e que só ele lhe sabe dar.
Quanto mais te bebo mais sede tenho de ti... chérie!!!
Je t'aime mon coeur...
sexta-feira, dezembro 29, 2006
UM NOVO SONHO
Abraço-te agora em sonhos vezes sem conta...sei que é em sonhos...não deixo de abraçar-te. Ainda em sonhos pareço sentir o teu corpo junto ao meu, entrelaçados pela união que a Lua abençoa nesta noite comprida.
Tenho a luz da tua alma presente a cada passo deste meu sonho e no meu caminho és tu o meu destino final...o acabar do trilho...a compreensão de toda uma vida...
As lacunas no caminho são grandes, os meus passos são incertos e instintivos...e ainda sinto a tua força comigo ao caminhar...
O vento canta-me canções de embalar e traz-me os teus recados sussurrados com o encanto que só tu lhes sabes dar...tua vida...tua alegria...meu destino...
O odor do jardim invade-me o olfacto misturado com o cheiro que emana de ti...o mesmo que sei de cor, tantas foram as noites passadas a velar-te os sonhos.
Decorei todas as tuas expressões...todos os teus gestos mais ou menos agitados, enquanto lá no fundo do teu sono profundo ias vislumbrando histórias que me contavas ao acordar.
Pelas avenidas damos as mãos sem temor, por entre os olhares curiosos das pessoas sem rosto que por nós passam. E assim, vamos virando as páginas já escritas do nosso livro, perdido entre outros com mais ou menos peripécias...mas este é Especial...quero torná-lo a cada dia especial...porque é nosso...
UMA NOITE
Calor que me abstrai de tudo e me faz olhar incessantemente o teu corpo, aura de carinho tão característica.
Devolves um altar ao meu corpo outrora pérfido e angustiado, devolves um brilho nos olhos a um olhar outrora escuro e sem vida e ofereces-te com o amor a um coração outrora vazio e sem luz.
Dorme...calmamente...tem o teu merecido descanso na orla dos sonhos encantados que ao teu ouvido vou soprando. A água da cascata ao cair continua a cantar o nosso segredo mais profundo...testemunha da pureza dos corpos nus deitados lado a lado.
O azul do céu mistura-se na minha mente com o leve azul da água da cascata e perco-me também eu em sonhos distantes do mundo...e próximos...cada vez mais próximos de ti...
Está escuro e a princípio tenho medo, mas ao longe sinto fora do sonho o calor do teu corpo colado ao meu...e sossego...calma...um mundo completamente novo à minha espera e tu a meu lado com um sorriso de doçura do tamanho desse mundo.
As fantasias sucedem-se...a alternativa é única...e eu não quero outra...ficar contigo...
Acordo e os nossos olhos falam a silenciosa linguagem do amor...as nossas faces joviais espelham a decisão tomada há muito pelos nossos corações...e a nossa antiga sempre recente melodia torna-se a banda sonora constante dos dias sucessivos.
Longe do Sol mas agora perto da Lua... as fantasias sucedem-se...são agora doces e reais e apontam um único caminho...
Deito a cabeça no teu peito onde sinto uma respiração de paz e certeza...fecho os olhos e inspiro o ar à minha volta...subitmente...cheira a amor...
quinta-feira, dezembro 28, 2006
SONHOS
Lembranças;
loucuras de noites incendiadas no seio do desejo.
Amantes enlouquecidos num fogo que nunca termina, fogo eterno, ardente, que só a alma sente, num inferno que é paraíso, num tormento, que é doçura.
Amantes;
olhares trocados,
corpos juntos,
mesmo separados,
que se anseiam mutuamente.
Vidas ligadas, aprisionadas, num desejo persistente, que se cola na pele, que não acalma, é latente.
Bocas incendiadas, que se exploram num gemido, num grito que é doloroso, de uma dor tão perfeita que aliena os sentidos.
Amantes entregues, torturados, em dois corpos separados, que na sede da entrega de dois se tornam um
Um corpo, num só bailado até ao desejo saciado em que voltam a ser dois esperando que o desejo de novo os torture e se voltem a misturar.
Essências;
odores;
e tudo isso misturado fica um só corpo depois até ao desejo ser de novo saciado e terminado o bailado na certeza absoluta que recomeçara depois, serão sempre Um no corpo de Dois.
"Este foi o meu sonho de hoje"
quarta-feira, dezembro 27, 2006
MONOTONIA
Fica-se com medo de arriscar quando já conhecemos um certo caminho, aquele que nos parece prudente.
Não arriscamos. Temos medo. Consome-nos até ao âmago do nosso ser, o medo.
Acordamos e dormimos, seguindo a rotina e não admitimos o medo, não, admiti-lo é dar-lhe a importância que tem mas que não queremos que tenha, admiti-lo é admitir que a nossa vida é sem sal sem sabor, um caminho já gasto de tão percorrido. Não. Preferimos não pensar no medo, na rotina, na monotonia...
Não vestimos amarelo porque não é costume, aquele vestido às bolinhas na vitrina tão bonito... Comprar? Nem pensar!! Não tem nada a ver com a roupa que visto.
Comer gelado de manga? Mas sempre comi de chocolate! Acordar às 7 da manhã como sempre, beber café como sempre, sair e comprar o pão no sítio de sempre à hora de sempre, andar pela mesma rua, ler sobre os mesmos assuntos, usar as mesmas palavras, olhar as mesmas pessoas...
Porque é sempre o mesmo...
Porque não observar o Amazonas? Ou talvez a falar com um grupo de selvagens na ilha da Boavista em Cabo Verde. Ou, quem sabe, a dançar ao som dos tambores na Baía.A passear no Panteão na Grécia. Ou talvez a entrar num barco em Veneza. A aprender a falar criolo com um rapazinho em S. Tomé e Príncipe. Ou a ver um leão bebé no Kruguer Park, em Moçambique. Fazer uma luta de bolas de neve no Nevada, alimentar um gato em Cuba, dar um brinquedo a uma criança que nunca tinha visto um e observar o seu sorriso, rebolar num parque verde em Londres e sentir o cheiro da relva.
A monotonia meus caros, tem como face o espelho que nos observa todos os dias ao amanhecer.
Porque não partir todos os espelhos do mundo? Sete anos de azar? Porque não? Pelo menos todos os dias seria uma vida diferente.
E no Amor?
A intensidade de sempre, as conversas de sempre, as atitudes de sempre, os presentes de sempre, as posições de sempre... Acordar de manhã, o beijo matinal, a queca do costume... depois o até mais logo que temos de ir trabalhar!!! Hora de jantar... ai que dia estafante, barulhento, dificil, queremos o sofá e nos acomodar a frente da porra de uma caixa que nos vicia e retira o sumo das nossas almas, chupa-nos até ao âmago qual vampiro na sua presa.
PORRA... Não vos parece que está na hora de acordarem?
Arrisquem um dia apenas, um só dia... Acordem... qual beijo de bom dia? Primeira coisa a fazer mesmo estando ela ou ele a dormir, esgueirar-se por baixo dos lençois e brincar com os dedos dos pés, as coxas, deixar as mãos percorrerem todo o corpo da pessoa amada como se procurassemos o ar que respiramos insistentemente sem parar. Saltem da cama... Façam amor na mesa da cozinha, experimentar todas as posições, tentar com manteiga, experimentar com chantilly. Na rua, no parque, no trabalho, no carro... - indecente??? Indecente é o pobre de alma que vive na monotonia e não usa o que de mais precioso lhe foi dado... a Vida, a capacidade de surpreender e de viver...
Estão longe um do outro? O telemóvel afinal serve para quê? Liguem e sussurrem desse lado assim que a chamada iniciar... - Quero-te... desejo-te... adoro sentir os teus lábios, a tua língua, quero o teu corpo entranhado no meu, fazer amor contigo qual selvagens na margem do rio.
Depois, antes de se vestir aquelas coisas banais (fatos e afins), que tal ganga justa a sobressair as formas do corpo, (saias... um mundo fabuloso de infindáveis possibilidades e imaginação) para que antes mesmo de sairem, fecharem a porta e ali mesmo à entrada dar uma rapidinha na monotonia e sairem abraçados de satisfação e êxtase.
Mais uma vez... estão longe um do outro? Nova chamada... - Estou à porta e agora mesmo senti-te a agarrar-me, a fechar a porta com o meu corpo... e o teu... bem junto ao meu... satisfaz-me, usa-me completamente, beija-me, faz-me sentir tua língua quente no meu corpo mas quero sentir o teu orgasmo com o meu...
Carro, metro, bus, barco, comboio... aiiii o comboio... quantas possibilidades infindáveis... naquele embalo. Sempre os mesmos percursos, as mesmas tabuletas, aquela voz estridente e sofrega a anunciar a chegada do metro... (já agora... será que gravaram a pobre rapariga enquanto ela quebrava a monotonia com o produtor no próprio estudio?)
Trabalho... blah blah blah... sempre as mesmas caras, os mesmos problemas, as mesmas soluções... Tenho perfeita consciência que aqui por vezes nem sempre é fácil.
Solução?
Truques!!!
Experimentem dizer ao patrão que apagaram todos os ficheiros do servidor informático, assim estilo... foi sem querer. (Resultado bombástico mas fabuloso).
E que tal confidenciar ao colega de trabalho algo tipo: - Estou com um tesão!!! Vejam a reacção e divirtam-se (garanto-vos que vale a pena).
Liguem a um cliente/fornecedor e digam-lhe que a empresa vai fechar e ele perderá todo o cash investido ou a polícia já vai a caminho para levantar o material fornecido e já pago AHAHAHAH
Óbviamente que alguns destes truques podem resultar no despedimento imediato, mas acham ainda assim que a monotonia vale a pena?
Claro que sim. A vida deve ser vivida de extremos mas o extremo também é monótono. Por mais que se tentar estar a viver um segundo diferente do outro, acabamos por cair no erro da própria monotonia... o que é em demasia, é enfadonho, cansativo, aborrecido.
Então afinal de contas, depois de tudo o que até aqui disse, qual é a melhor forma de quebrar a monotonia?
Ser criativo, fiel, conhecer a outra pessoa o suficiente para se saber que afinal... há coisas que se desconhece. Saber que não somos apenas um mas sim... dois. Saber não ser egoísta e arriscar uma estalada, um sermão... Amar nos locais mais impróprios mas também saborear os momentos íntimos dos lençois. Diálogo... saber falar sobre sexo, masturbação, kamasutra e para muitos sexo anal (arghh pensas tu puritano que lês este texto mas lá no fundo és pior que as próprias palavras que aqui estão escritas).
Falar de Amor... carinho, carícias, palavras de encantar e sonhos perdidos mas encontrados em conjunto... saber falar de alma para alma, apenas com os olhos.
Sair de manhã não com o sentido de dever cumprido, mas com a sensação de se querer mais e melhor com a pessoa que amamos. Surpreender... uma flor... chocolates... assistir ao pôr-do-sol... à lua a nascer... ao entardecer.
Beijar como se o amanhã não existisse, mesmo que interrompendo um discurso, uma aula, uma chamada, uma reunião. Sair e voltar para traz... e fazer amor. Conforto... oferecer e saber aprecia-lo em conjunto.
Saber chorar quando é tempo de chorar e permitir que nos aconcheguem as lágrimas... saber aconchegar as lágrimas do outro e dizer bem baixinho - Amo-te... se choras, eu estou aqui, se te doi diz-me onde para te curar com o meu beijo, se te sentes frágil, bebe da minha força porque ela existe... apenas para Ti.
Saber viver... mas acima de tudo... saber Amar de todas as formas que nem sequer, ainda me lembrei para aqui escrever...
segunda-feira, dezembro 25, 2006
O PALCO DA VIDA
Um homem, que passava em frente a ele, parou e viu umas poucas de moedas no boné. Sem pedir licença, pegou no cartaz, virou-o, pegou no giz e escreveu outro anúncio. Voltou a colocar o pedaço de madeira aos pés do cego e foi-se embora.
Pela tarde, o mesmo homem voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Agora, o seu boné estava cheio de notas e moedas.
O cego reconheceu as pisadas e lhe perguntou se havia sido ele quem reescreveu seu cartaz, sobretudo querendo saber o que havia escrito ali.
O homem respondeu: "Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas com outras palavras". Sorriu e continuou seu caminho.
O cego nunca soube, mas seu novo cartaz dizia: "Hoje é Primavera em Paris, e eu não posso vê-la".
Mudar de palavras quando nada nos acontece... pode trazer novas perspectivas.... pode trazer a realidade até nós.
Precisamos sempre escolher a forma certa de nos comunicarmos com as pessoas. Não adianta simplesmente falarmos; antes, precisamos de nos conhecer melhor, conhecer a melhor mensagem para sabermos falar, tocar, sensibilizar as pessoas.
Tenham uma óptima semana e não se esqueçam que...
"A VIDA É UMA PEÇA DE TEATRO QUE NÃO PERMITE ENSAIOS. POR ISSO, CANTE, CHORE, DANCE, RIA E VIVA INTENSAMENTE ANTES QUE A CORTINA SE FECHE E A PEÇA TERMINE SEM APLAUSOS."
(Charlie Chaplin)domingo, dezembro 24, 2006
SURPRESA
Foi um tempo sem sorrisos, nem flores.
Vesti-me de vermelho e retirei os sorrisos sem uma palavra.
Descalço, restei entre silêncios e velas azuis.
Esta tarde, como na canção, em mim "a tristeza foi mais profunda do que dor".
E a solidão foi fruto selvagem e os meus lábios sangraram de saudade.
Evoquei o que já existia e gemi de sobressalto ante a leveza do meu regaço.
Altivo na minha mágoa, fui desejando felicidades aos amigos, afirmando a minha serenidade.
Preparei-me para me recolher numa manta de sossego acompanhado por pauzinhos de incenso que não acenderia, já que a minha alegria não permite tais "misticismos", e uma chávena de chá verde.
Foi então que soube da surpresa. A tua voz... ali... tão perto da minha... talvez por encontro dos nossos anjos da guarda, pressentiste o meu desamparo e proporcionaste-me algo fantástico. Graças a ti eu “bebi dessa luz que apaga a noite em mim”.
Vi e revi aquele presente e sorrindo aspergi gotas do teu perfume favorito sobre os pulsos.
Acendi as estrelas, claro!
MOMENTOS
Não pensarei na melancolia de canela dos teus olhos;
Nem na beleza dos teus dedos quando, surpreendidos, enlaçam os meus.
Não vestirei o pijama macio enquanto murmuro palavras ternas e te retiro a camisa de noite de cetim, body de rendas encantatórias ou gotas de perfume.
Esta noite seremos dois predadores desnudados que, num encontro feroz, tentarão devorar a porção de vida que os seus corpos cobiçam sofregamente.
Quero sentir-nos como se fôssemos todos os seres vivos deste mundo.
Serei felino em perseguição de ti.
Quero-te caçadora, implacável com a minha vulnerabilidade.
E quando empurrares o meu corpo, quero que imprimas os teus seios e o teu ventre sobre a frieza da pedra húmida,
Quero sentir o teu peso ancorado sobre mim,
Quero a minha língua desconhecedora de palavras,
Seremos só silêncios, gemidos e gritos primordiais!
Carícias minhas perder-se-ão na placidez desse rio que é o teu sono.
E embalarei o teu tronco com tanta suavidade que, dos teus sonhos, sorrir-me-as.
O teu sorriso de Anjo vogando em barca mágica....
"Não resisti... a vontade de escrever é maior que o desejo de descansar os dedos."
sexta-feira, dezembro 22, 2006
FELIZ NATAL
Tenho pautado por manter este espaço fiel ao designio que lhe pretendia oferecer... o meu diário público. As palavras que aqui vos ofereço para lerem transbordam das emoções e irracionalidades que me compõem.
Este Natal não irei colocar o meu sapatinho debaixo da árvore nem do presépio... Este Natal foi-me já dado o privilégio de me oferecerem a maior prenda de todas... saber Amar e sentir-me Amado.
Não sou egoísta e por isso, as minhas prendas serão agora distribuídas por todos aqueles que este Ano, por razões diversas, choram.
Por vezes, basta uma palavra, um sorriso, e o Natal terá de imediato o verdadeiro significado que a palavra carrega.
O meu desejo, tal como o meu Projecto de Homem, é viver... ser feliz. Mas para ser Feliz é importante saber fazer alguém ainda mais Feliz. Mesmo tratando-se de alguém próximo e não necessáriamente um desconhecido.
Este poderá ser o último texto antes do Natal, mas queria deixar uma mensagem de Felicidade para todos, em especial, muito em especial, para alguém que eu sei estar a fazer Feliz, para alguém que me faz Feliz... e só isso... me basta... me completa... me realiza enquanto Homem.
Para ti... o meu Amor, o meu Beijo, o meu Olhar, o palpitar do meu Coração... o meu Carinho... Fazes-me Feliz... Amo-te!
Lembrem-se: "...os momentos são instantes, partículas de uma vida... longa. Há que saber e aprender a esperar... e enquanto esperamos... amamos..."
Para todos...
FELIZ NATAL... FELIZ NAVIDAD... MERRY CHRISTMAS... JOYEUX NOEL... BUONE FESTE NATALIZIE... FRÖLICHE WEIHNACHTEN...
quinta-feira, dezembro 21, 2006
PROJECTO DE HOMEM
A cegueira, escreveu o Saramago, é a condição implícita da lucidez. e deixar de ver para depois ver melhor é o mesmo que dizer que cometer erros – como geme a guitarra do lennon – é um modo de aprender, ou que sofrer, como pensou Proust, é a única forma de não estagnar.
Frases feitas... que podem ser vazias... ou não, se, tal como o principezinho, assumirmos que nem sempre o essencial é visível aos nossos olhos, diz o meu pai – aquele que me ensinou a sonhar – que não é na fantasia nem na "excitabilidade-extrema" que conseguiremos encontrar o-não-sei-o-quê que perseguimos, ou fugir de [ou para?] esse abismo-sedutor sobre o qual não resistimos espreitar... digo eu... simples... tão simples como ser tão óbvio que se não gostarmos de nós nunca conseguiremos amar ninguém, ou que é dentro de nós que temos de procurar "O" sentido, ou ainda que é nessa simplicidade dos momentos – deste mar que me canta todos os dias ao ouvido ou daquela estrela que está sempre ali no canto negro do céu – que se encontra a felicidade, tudo o resto é vão.
Numa noite tão vaga deitei-me criança... num minuto me levantei HOMEM.
Os momentos passam no instante de um dia e transbordamos de saudades repletos de histórias para contar. Aprendemos... desaprendemos... convocamos ideias e verdades utópicas que nos levam a escolher caminhos... e aprendemos. Queriamos mais tempo ou voltar para trás. Deveriamos querer olhar em frente e acreditar em nós. Como somos tão belos e tão simples de compreender... mesmo na irracionalidade das minhas palavras, das tuas... somos belos.
Num entardecer menos esperado, desaprendemos tudo o que nos foi ensinado e descobrimos que afinal... é bom viver.
O meu projecto de HOMEM resume-se a uma única verdade absoluta... viver... porque será que é tão fácil viver e tão complicado sobreviver? Porque as palavras, que não passam disso, nos confundem os olhos e nos perturbam a paixão de florescer...
ai se eu pudesse apagar ambas as palavras... eliminar de todos os manuais de vida estas aberrações que nos levam à confusão. Viver... é amar... de olhos bem arregalados... abertos ao mundo e a quem nos rodeia... viver... é querer... é ser egoísta e sair por aí a distribuir o que de melhor existe em nós... mesmo quando apenas temos... um sorriso.
O meu projecto de HOMEM é crescer...
O meu projecto de HOMEM é ser feliz.
O meu projecto de HOMEM e te fazer feliz.
O meu projecto de HOMEM é te amar.
O meu projecto de HOMEM é te proteger no meu colo nas noites frias e afastar de ti todos os sonhos que te perturbem.
O meu projecto de HOMEM é despertar no teu fogo a paixão que te arrebata.
O meu projecto de HOMEM é olhar sempre no horizonte... e contemplar-te, a SORRIR...
O meu projecto de HOMEM é numa noite... oferecer-me e deixar-te levar meu coração.
O meu projecto de HOMEM é crescer... em todos os instantes que os momentos nos oferecem.
O meu projecto de HOMEM é num simples beijo... tocar tua alma e ali saberes teres encontrado um porto de abrigo que te acolhe de braços abertos, e te abraça num silêncio de conforto.
Silêncio... quem se atreve a arrebatar minhas frases que do nada florescem num minuto de prazer. Silêncio...
...e é aqui, nesta minha-vida-real-comigo-cheio-de-frases-absolutas, que me apetece viver... hoje e sempre... a crescer...
O meu projecto de HOMEM é crescer juntando todas as peças deste puzzle que nos dura uma vida inteira, e fazer-la valer a pena... para isso... é preciso amar...
Não existem condições racionais que nos impedem de amar... pormenores fisicos e materiais que nos impedem de o concretizar num instante, mas o instante são momentos e os momentos levam uma vida inteira e uma vida inteira... é eterna.
Amar nesse instante duradoiro é aprender a esperar e saborear todos os momentos para mais tarde, as histórias a contar... sejam a de uma vida... uma eternidade.
Convocamos sonhos e pesadelos apenas para no momento os misturar e ter medo... - porquê?
Queriamos mais... mas os momentos são instantes, partículas de uma vida... longa. Há que saber e aprender a esperar... e enquanto esperamos... amamos...
O meu projecto de HOMEM é sorrir... e com o meu sorriso... elevar-te à condição de vida, repleta de um azul de mar e histórias para contar.
Hoje acordei HOMEM... mas não me esqueci da criança... foi ela que me ensinou tudo aquilo que o sou... e agradeço-lhe... todos os dias... por me trazer... até aqui... até ti.
Vamos viver... instantes... momentos... uma vida... a eternidade... vamos ser egoístas... e sorrir.
quarta-feira, dezembro 20, 2006
SEDUÇÃO
Dirigi-me até ao meu piano... como um coxo... exitante... com o receio de ser esta a ultima noite de prazer... de ver aquela imagem de Mulher com a qual fantasiava todas as noites e teimava em se enconder naquela mesa ao fundo do bar.
O ambiente estava abatido. A luz forte de um azul escuro desfocava-me a vista... Não te via.
Sentei-me... o fumo dos cigarros deslizava pelo movimento da luz criando um efeito de espiral... tal como me sentia... drogado pela vontade imensa de te ver... de me expôr.
Silêncio... o pouco público que ali teimosavamente persistia brindava com mais um whisky as parolices do dia-a-dia.
Bati forte nas teclas como quem anunciava o fim do mundo na esperança de apenas ouvir os meus dedos e calar as vozes irritantes que insistiam em não se manter.
Meu corpo tremia como se aquela fosse a noite onde o vortice da desilusão por não te saber ali, se abatesse em mim.
Insisti com o som que me vinha das entrenhas... desprendi-me do momento, fechei os olhos...
No mesmo instante abri-os... silêncio... um vazio tremendo na sala e então... lá estavas tu... sentada ao fundo da sala, escura... apenas o vislumbre das pernas entreabertas... o azul fosco batia em tuas coxas como se uma estrela cintilasse sozinha no escuro da noite... despertei.
Meus instinto foi o de tocar a minha última sinfonia como se o amanhã não mais existisse... o som do piano fundiasse com o fundo da sala numa valsa única de mistério e provocação...
Vislumbrei de novo a silhoeta das tuas pernas que ao fundo da sala cativaram o meu desejo de te saber Mulher... estremeci... dançava ao som dos meus dedos numa cumplicidade estonteante.
Como se estive a fazer amor com a música que estranhamente jorrava de dentro de mim.
Aproximaste-te... estremeci... não mais sabia eu a forma de como me manter atento às teclas tocadas, mas misteriosamente meus dedos acompanhavam cada movimento do teu corpo como se fosses tu quem estivesse naquele piano... a possuir-me...
Insisti. O som forte dos graves misturavam-se com a clareza dos agudos e chegaste-te até mim... teu corpo dançava sorrateiramente no meu... senti teu rosto junto ao meu... respiravas ofegantemente como se embriagada ao som que tu própria comandavas e eu tocava.
Respirei fundo... vislumbrei de novo a sala vazia, oca, apenas para a certeza de que ninguém violaria o nosso momento. Era-mos apenas os dois... eu, sentado ao piano na incerteza de querer continuar a tocar, e tu na certeza de me quereres seduzir pelo movimento do teu corpo...
Vestias seda ou cetim... não sei... vermelho ou seria um branco escuro... meus olhos não sabiam mais o que ver, onde me concentrar...
Forçaste minhas mãos a parar de bater em cada uma daquelas teclas... mas o piano continuava a passar aquela valsa que te hiptonizava... num momento sentaste-te em mim... ao piano... contemplava agora o teu rosto de linhas suaves e olhos penetrantes... olhavas-me como se eu fosse a presa e tu... o predador.
Chegaste-te a mim... teus seios sentia-os agora no meu peito... rijos. O piano continuava a soltar o som que naquele momento nos envolvia suavemente numa cumplicidade de desejo, erotismo... passei meus dedos em teu rosto e deixaste teu corpo descair a minha frente oferecendo-me tudo aquilo que imaginara todas as noites anteriores... tocar-te... sentir-te... agarrei-te pela cintura e puxei-te de novo a mim... meus lábios húmidos e receosos procuraram tua boca... fugias... insisti... roubei o beijo ansiado. Tua boca me possuiu naquele instante. Senti o teu sabor em mim... estremeci por te querer ainda mais do que todos os momentos em que imaginariamente te teria consumido.
Sentiste a minha ânsia em te querer. De novo deixaste teu corpo descair oferecendo-me todas as formas e contornos do teu corpo... olhei-te nos olhos e enquanto isso minha mão fazia descair o vestido dos teus ombros... caiu... naquele instante teu corpo de Mulher jazia para meu deleite ao meu alcance... beijei sorrateiramente o teu pescoço... minha lingua perdia-se em partes do teu corpo e deixei-me seguir pelos teus movimentos aos teus seios...
Estremeceste completamente. Teu aroma embriagava-me agora os sentidos... não era mais eu quem comandava o meu corpo... eras tu... beijei-os demoradamente e a cada passagem dos meus lábios tuas unhas cravavam-se no meu corpo na ansia do desejo ser maior, imenso...
Sentei-te em cima do piano e deitaste teu corpo de pena de andorinha expondo tudo o que de Mulher há em ti... fiquei atrevido... minhas mãos percorriam cada passo das tuas pernas... tuas coxas... O piano insistia na valsa que até ali nos acompanhara e estranhamente gemias ao som de cada grave que ela emanava debaixo de ti... puxei-te de novo a mim e possui o teus lábios de novo na incerteza de ali estares... senti de novo o teu sabor... balsamo de alecrim caralemizado... de novo deitaste teu corpo no estrado do piano e agarraste-me pela cintura com as tuas coxas oferecendo-me de novo o mais intimo que existe em teu corpo acetinado... deixei-me percorrer com meu dedos... toquei levemente e sentiste os meus lábios... gemeste muito suavemente... humm sabia-te exploradora de um mundo desconhecido para mim até então... agora presa, não mais predadora.
Minha face rossava em tuas coxas enquanto minha respiração quente e ofegante te oferecia o desejo que ardia em mim... puxaste-me mais até ti e num ápice sabia-te minha... meus lábios ardentes e húmidos beijavam o que me expunhas como tesouro escondido... agora... descoberto. Tuas mãos percorriam o teu corpo lançando gemidos cintilantes e enebriantes... de extase.
Demorei-me apenas para a certeza de te sentir possuida... minha... não mais eram os meus lábios que se sentiam húmidos. Sentia o bater forte do teu ser em mim... - Não pares... - lançaste tu as palavras ao leve... contorcidas de desejo... emoção...
levantei teu tronco para de novo possuir os teus lábios... beijaste-me... demoradamente... tua lingua enroscada a minha ao som da valsa que ainda tocava daquele piano velho... mas jovial no som que te embrulhava o corpo em teus movimentos.
Sussuraste-me - "Possui-me" - para de seguida de novo ofereces-me todo o teu corpo e esplendor de Mulher como se de um sacrifício tribal de tratasse. Cravei minhas mãos em tuas coxas e puxei-te até mim... naquele momento gritaste. Sentias finalmente tudo aquilo que ansiosamente me querias roubar... o desejo... a sedução de dois corpor unidos pelo hemisfério do prazer.
Os graves intensificaram-se bem como o movimento de nossos corpos... ao som dos agudos tua voz gritava gemidos languidos de prazer... teu corpo húmido pelo calor infernal das luzes que se abatiam sobre o piano forçavam-te a passear tuas mãos pelo teu tronco... pelos teus seios agora esbatidos à luz azul que te consumia mas imponentes como as montanhas... selvagens...
Deixei-me consumir pelo desejo de te sentir minha... ali... ao som do meu piano... ahhhh como te sabia totalmente em mim... e eu... em ti... teus braços soltaram um longo circulo em teu corpo num tremendo grito que te consumia as entranhas... abraçei-te com meu corpo fundido ao teu... uno... no vislumbre do teu orgasmo em meu ser... Estremeceste... acaricei teu rosto... soltaste uma lágrima que acompanhava o teu rosto como se uma cascata se tratasse... beijei-te... delicadamente como se beija as pétas de uma flôr... sussurrei-te - "amo-te"... soltaste um sorriso de menina delicada e procuraste meus braços para repouso do teu corpo...
O piano parou... "Palmas"... batidas fortes de mãos a vingaram-se de um dia estafante das indelicadezas da vida... Abri os olhos... dezenas de vultos vigorosamente aclamavam as teclas que acabaram-se de se silenciar...
Procurei-te... não te vi... minha última valsa... tocada ao som do teu desejo... do teu corpo...
Não mais voltei a tocar... minhas mãos agora tocadas pelo teu ser... pertenciam-te.
terça-feira, dezembro 19, 2006
SINTO-ME
Sorrir e corar com palavras doces, pintadas à mão.
Sentir a tua ausência como sacrifício que vale a pena.
Acontecer-me o amor como à fruta que amadurece no cesto.
Ultrapassar barreiras do toque, dos beijos e da solidão.
Viajar nos teus sonhos e debruçar-me à janela dos meus.
Ouvir a tua voz e entorpecer-me de paixão.
Ter na pele um carinho descontroladamente constante.
Vem destapar-me o corpo,
escorregar na minha boca
e encher-me de sussuros,
fôlegos e toldos de luz.
Vem passear-te pelos meus vales,
sem fuligem nos olhos
nem equívocos nos lábios.
Deixa que a alma transborde da carne.
Vem. Para sermos paixão enroscada.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
ACORDAR
Olhei-te... linda... teu corpo brilhante pela luz que os invade e o suor transparente que ainda resiste em teu corpo da nossa noite.
Nao resisto...
Sinto algo a arder em mim... meu corpo desliza pelo teu qual rio a caminho do oceano.
Fazes-me sentit tão bem... Meus lábios procuram-te com uma fome selvagem de te possuir.
Perdi o controlo racional do meu ser... sentes?!?
Minha lingua percorre teu corpo em busca de mundos perdidos... despertas... tens os seios firmes, ansiosos por sentir meus lábios... Gemes num bom dia que me obrigas a agarrar-te com as minhas pernas. Minha mão percorre tuas coxas enquanto me perco no teu ventre...
hum... cravas tuas unhas em mim num grito de extase enquanto te beijo o fruto proibido...
- Possui-me!!!
domingo, dezembro 17, 2006
QUERO
TOCAR-TE
Meus lábios eram brasas que queimavam.
Teus lábios de rubro convidavam ao beijo, sempre ardente, e só mais um.
Meus dedos apertavam contra mim,
tuas costas de veludo, as brancas nádegas.
A minha boca era uma aranha,
que percorria louca, sedenta, temerosa
teu corpo de mármore pedestal,
onde assento toda a fúria de animal,
de sexo e de cio embravecido.
Algo canta, algo sobe até à minha boca ávida.
Oh! Poder celebrar-te com todas as palavras,
todas as flores de dádiva.
Cantar, arder, subir, fugir, voltar!...
Quando eu chego ao vértice mais atrevido da paixão,
Acordo!...
No meu quarto, apenas silêncio e solidão!
ESCREVO
Escrevo na madrugada, desperto do sonho que me trouxe o passado em que nos amámos com sofreguidão e sem pressa porque o tempo era só nosso e o mundo parava à nossa volta.
Escrevo à noite, quando no mundo parado, em silêncio, olho o teu rosto calmo dormindo, após um dia de luta e dever cumprido.
Escrevo nas férias que não gozámos, porque nos faltou o tempo ou o dinheiro, essa peste que a sociedade inventou para nos agrilhoar.
Escrevo para te dizer, quando não estás, que te amo e é para isso que vivo. Escrevo para te dizer o que os silêncios calaram e os gestos não foram bastantes para te dizer tudo o que queria e tudo o que te devo.
Escrevo dando-te as palavras que a mente fabrica, que os sentimentos modelam e os dedos martelam, numa cadeia de gestos para chegar junto de ti quando não te posso alcançar e acolher-te nos meus braços.
Escrevo para te dizer que, perto ou longe, a distância que me separa de ti é nula porque continuas, sem interrupção nos meus sentidos.
Escrevo no ar, poemas que não passam ao papel, porque o sentimento sobra e as palavras faltam, e sem gestos nem sons, continuo escrevendo em silêncio, porque no silêncio ouço a música do amor que ecoa nos recônditos do teu corpo que se oferece à minha mente e ao meu desejo.
sábado, dezembro 16, 2006
quinta-feira, dezembro 14, 2006
Compõe-me...
Passeia as tuas mãos nas teclas do meu corpo,
nas notas dos meus lábios,
faz música com os meus gemidos...
Compõe-me...
Compõe uma sinfonia perfeita
entra em mim como um maestro
que conduz uma orquestra
a um orgasmo triunfal
a uma explosão de sons e sentimentos.
Deixa que a noite nos aplauda.
Deixa que os lençois chorem
com a intensidade de Bach,
Beethoven, Mozart...
Toma-me como se eu fosse o teu violino.
Sê como o arco que rasga notas
das cordas em crescendos de sentimento.
Delicia-te em mim...
Quero que ouçam as nossas vozes
alteradas, entrelaçadas,
a cobrirem a música
de prazer.
Deita-te sobre mim.
Faz-me sorrir-te por entre
os altos e baixos dos ritmos.
Amo-te como amo a música...
Em sintonia com a sua beleza...
com o seu correr no tempo e no espaço.
Toma-me.
Compõe-me...
Ama-me apenas.
Silêncio
Invade-me o corpo, liberta-me toda esta intensa mágoa dos dias que correm e se esquecem de mim... Imprime os meus dedos nos meus ombros à força de me abraçar, de me embalar a mim mesmo.
Anathema toca uma e outra vez, dezenas, centenas, milhares de vezes até sentir que as notas do piano se me cravam na pele.
Não quero parar.
Quero que esta intensa dor se purgue do corpo, se destile pelos olhos, me morra nas mãos.
Libertem-me deste destino que é doer-me toda a alma, todo o corpo e não saber de onde me nasce esta torrente de espasmos...
Matem-me!!! Matem este eu que sofre e que se abandona a si mesmo nas ruas imundas e cheias de nada.
"Morrias" comigo agora? Abraçada a este espectro aterrorizado com a hipótese de viver anos e anos presa aos limites desta realidade, desta dimensão, deste tempo, deste infinito MAS, deste eterno PORQUÊ...
Abraçavas-me a alma e atiravas-te na noite, a "morrer" no lago, a "morrer"... A "MORRER"... a sentir a boca, os ouvidos, os olhos, os nossos amanhãs todos hipotecados nesse momento de vida?
A vida só é vida no último segundo. Nesse espirar da corrente de ENFINS, de LIMITES, de SEI LÁS, de NÃO SEI... e eu não sei, não sei porque quero tanto agarrar-te e atirar-me ao lago.
MINTO... SEI...
Meu amor... meu amor... não olhes dentro de mim, não vejas a face mais ímpia da insatisfação, não me queiras...
Foge. Foge das minhas constantes alterações de humor, corre e refugia-te porque eu vou-te rasgar, vou-te consumir nos meus desejos e paixões.
Eu tento. Tento ser bom, tento ser certo, tento ser direito, tento ser fascinante, tento ser válido, tento ser TEU mas só sou EU, tão só TEU, apenas EU... incerto, magoado, conspurcado, tocado, quebrado, rasgado, viciado nesta permanente depressão de sentimentos poéticos e ácidos.
Eu vou parar. Vou parar o ciclo de dor e raiva. Prometo.
(mas ela não pára e consome-me até à última réstea de ternura... beija-me...)
E no fim, do rosto comido apenas resta o silêncio da palavra que não soube libertar e nos livros do futuro nada mais constou que a cobardia da morte e da dor que é viver condenado a ser eu mesmo, de mim mesmo, para TI.
Poema Fodido
Mandar tudo para o caralho,
E que se lixem as boas maneiras.
E num poema fodido,
Porque estou com um humor de cão
Mando à merda a boa educação
E escrevo o que me apetece
e Dou um murro no poema
Como se desse um murro nas trombas
De quem não gosto e me chateia.
A merda que escrevo é só minha
Não sou correcto, educado, certinho
Portanto mando a poesia para o caralho
E num poema fodido
Esmurro a página e a linha.
Porque escrevo o que me apetece
E à merda a merda que escrevo!
A minha Carta
Hoje foi dificil ver-te partir, ficar com a tua ausência e nela deixo o vento beijar-me, a chuva molhar-me , na impossiblidade de sentir o teu abraço, de ler as tuas palavras, de ouvir tua voz, de sentir tudo de mim em ti!
Entrego-me ao céu estrelado tentando adivinhar o que ele me diz, onde estás, o que fazes, se pensas em mim, se ainda me queres, apesar dos meus medos, desvaneios, as minhas palavras retorcidas, a loucura que me invade, os sentimentos partilhados, a embriaguez que me invade os sentidos e me recebe sem receios.
Quantas vezes já ouvi falar em sonhos, de sonhos...
tantos, de tantas faces... de sonhos como se estivesse dormindo... acabo sempre por acordar no verdadeiro sonho, este que é quando se está acordado...
A cidade começa a adormecer. Teve um dia agitado.
Agora enquanto a cidade adormece, fico a olhar pela janela, com os olhos perdidos num ponto qualquer e busco de uma forma inconsciente rever o passado, aquele vivido horas atrás, minutos, segundos, preencher as saudades, procurando o cheiro, o gosto, o toque, momentos que me preencham a tua ausência.
Agora enquanto a cidade adormece, tento também eu adormecer... em vão. Tento também adormecer o palco onde és a actriz principal, tornar-me o espectador único na esperança de mais uma vez, mesmo sendo por um breve instante, rever-te e assim adormecer... contigo a meu lado.
Enquando a cidade se deixa envolver em mais uma noite fria, revivo a minha história na fria realidade dos momentos doces que pertencem agora a um guião cujas páginas foram viradas.
Agora enquanto a cidade adormece entendo que o amanhã é já daqui a um nada estendido no tempo...
"desperto"
Procuro saber o que é esse amanhã... mergulho em dúvidas, angústias, incertezas, mas mesmo assim... deixo-me levar. Entrego-me às tempestades, aos medos, ao saber que tudo o que sei é tudo o que me deste...
"sorrio"
Tento lavar as feridas do frio e partir de novo ruas fora... encoberto num manto húmido pelo orvalho que cai, sem me importar com o que deixo, rumo a uma cidade desconhecida por fora, mas entendida por dentro.
"Parei"
Fico a pensar se te posso ensinar mais caminhos que te levem aos meus segredos.
Imagino-te sentada, pensativa, imersa em navegações e explorações secretas. Imagino-te, tão somente.
E porque me sentes e me sabes, ergues as mãos e acaricias-me o rosto.
Pergunto-me onde deixaste o desejo que te consumia e o substituíste por um sereno sorriso. Pergunto-me onde me deixaste. Algures num tempo cansado passado, numa rua algures nesta cidade.
Existe um Eu que vive o mundo e o cansaço eterno de começar todos os dias uma nova história e terminá-la antes de o Sol se pôr.
Existe um outro Eu que só vive no teu mundo. Um Eu mais largo e mais profundo, com lábios liláses e vozes que ecoam dentro de ti.
Escrevi-te uma carta. Deixei-ta algures num dos meus recantos. Sei que a saberás encontrar. E quando o fizeres sei que morrerei algures. E sorrirei porque só tu és o meu legado no mundo.
Só tu e as tuas mãos curvas e o teu corpo doce.
E basta(s)-me.
“escrito num pedaço de papel algures pelas 4:45 da manhã e tudo o que bastava, era saber-te ali, no meu pensamento, dentro de mim, no meu coração”.
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Alguma vez...
Alguma vez fechaste os olhos levemente, numa intensidade assustadora de delícia, só para sentir o sol mais perto?
Alguma vez abriste os braços, numa cumplicidade extasiante com o vento, só para rodopiares sobre ti mesmo?
Alguma vez sonhaste, num segundo de fugacidade momentaneamente real, só para conseguires sorrir?
Alguma vez cerraste tuas mãos, numa fúria desmedida, tentando conter a água que chove em ti?
Alguma vez gritaste, em sussurro de lágrima, palavras de alma que nem precisavam ser ditas?
Alguma vez quiseste estar, numa fracção de rapidez, noutro lugar à mesma hora?
Alguma vez nos tinhamos cruzado por vôos de silêncios impossíveis?
Alguma vez não nos falámos?
domingo, dezembro 10, 2006
HOJE!!!
É verdade que as palavras brilham nas tuas mãos como se fossem cintilações de loucura. Que à tua volta anda já a canção irresistível das coisas simultâneas. Que os teus pés não sabem de caminho por que não valha a pena sangrar. E sei bem como é difícil não soltar de nós o grito aberto. Mas tu mereces estar pronta quando chegar o tempo perfeito da taça de vinho.
Hoje pensei que se tivesse de te ensinar de uma vez tudo o que aprendi, te diria para olhar em vez de tocar as estrelas, para escutar em vez de soltar as palavras cristalinas. E que se tivesse de te dar de uma vez o segredo das coisas vivas, te diria para meditar no mistério da maturação dos mundos. E sei bem como é difícil amarrar os póneis selvagens. Mas só saberás da alegria verdadeira se deixares chegar lentamente o tempo dourado da embriaguez.
..a poesia é uma pena delicada que esvoaça pelo ar.
Nega-se, a maldita. E ainda assim... amo-a.
Com a força inegável do sangue que me corre pelas veias.
Ela deixa-me submerso em abismos de palavras e memórias absurdas.
Hoje lembrei-me rapaz. Hoje lembrei-me inocente e sonhador. Sabia-te algures no meu caminho. Sabia-te escondida. Perdida de mim.
Hoje lembrei a poesia que escrevia há muitos anos atrás. Os meus amores e desamores. Os meus enganos.
Hoje lembrei-me de mim e escorreram lágrimas de luto pelas minhas faces pelo que fui outrora. Pelos devaneios que acalentei no coração.
Deles sobraram-me a imagens, silhuetas, olhava lá longe, do outro lado do lago.
Hoje tenho-te ao lado dos meus sonhos nada mais resta senão pós de perlimpimpim soltos no ar perfumado de primavera.
Hoje quero construir novos sonhos deitado no teu regaço.
Amor... amor... esquece o Passado, o Futuro, as linhas Temporais que se cruzam, cobre os meus lábios com os teus e enche-me da tua alma.
Hoje... quero sonhar.
sábado, dezembro 09, 2006
Letras
são meramente o conjunto
das outras letras
todas as outras letras
jamais lidas
até ao momento
A difusão desta banda sonora serve apenas para fins de demo.
Em nenhum momento é intenção a divulgação para fins comerciais.
O suporte à divulgação desta banda sonora teve como origem um
suporte original na posse do proprietário deste Blog.
sexta-feira, dezembro 08, 2006
EU
Às vezes, quero abraçar-te e implorar-te que não vás... Que fiques aqui e me embales como a uma criança pequena.
O pânico invade-me. Depois começo a sentir uma espiral, uma espiral que me atira contra a parede e me engole toda a vontade de estar perto das pessoas.
São as lágrimas que se cristalizam na garganta e criam um imenso nó. Elas já não descem pelos olhos. Desaprenderam esse movimento ancestral. Agora só querem viver eternamente nas minhas cordas vocais, onde se depositam e se deixam desfalecer.
Sabes... às vezes quero-te dizer que só a tua presença me acalma esta ânsia da tua voz e dos carinhos, dos afagos que habituaste a minha pele.
Outras apenas quero ficar a ouvir o silêncio gritar enquanto de olhos fechados te transmito anos e anos de fantasias quebradas e gelos que inundam o meu corpo.
Ouço músicas, vejo filmes, tento em vão esquecer a tua voz e o calor das tuas mãos e só elas, só elas, chérie, me conseguem acalmar esta intensa mágoa de todos os beijos que nunca dei.
Não consigo falar com eles, sabias? Eles percorrem a mesma casa que eu, mas são meros espectadores silenciosos das minhas constantes mudanças de humor.
Sempre tive riso fácil. Prostituo a minha boca em gargalhadas que nunca me beijam o coração.
Sempre fui o mais forte. Sempre fui o farol em dia de tempestade. Então eles acham que será sempre assim, que sempre nos maus momentos eu irei confortá-los e que também me confortarei a mim mesmo.
E tu? Confortas-me?
Estou tão doente.. sinto-o nos ossos. Sinto-me a definhar, a minha mente está tão debilitada...
Sabes, amor, o cansaço é uma doença que nos deixa fracos. E eu estou tão cansado... Quando acordo penso que acordo para um novo sonho porque tudo se me é baço aos olhos.
Eu sei que isto vai acabar. Eu sei que esta espera que me gasta os joelhos vai terminar e tudo vai ficar bem.
Eu repito-o para os outros. Como se fosse uma ladaínha. Sorrio-lhes. Afago as suas temeridades e sussurro que a vida é um imenso rol de pedras na estrada e que nem por isso a estrada acaba.
E é verdade... quem acaba sou eu. Eu é que me acabo nestes silêncios, nestas constantes implosões, nestes destroços que escondo por trás do ar desleixado e confiante.
E depois inundo-te de dor e dúvidas, e lágrimas que nunca sei chorar e que só escorrem na voz.
Eu sei que amanhã é um novo dia e que eu sempre fui mestre a fingir forças e ternuras.
Eu sei tudo isso.
Fui eu que inventei as mais belas frases de consolo e depois as repeti a mim mesmo enquanto no ar choviam acusações.
Fui eu que acariciei os meus dedos nas noites em que ninguém vinha ver se os cobertores eram brancos e perfumados.
Fui eu que escrevi os mais poéticos contos para me entreter os gritos que se semeavam nos cadernos, nos diários, nas paredes, nas palavras que nunca deixei sair do peito.
Sim amor. Fui eu. Eu que teci muros em volta do meu eu tão moribundo e me resgatei suavemente.
Porque não o sei fazer agora?
Porque agora não estou sozinho. Agora estás aqui. E o meu eu já não responde aos contos, nem aos meus dedos, nem às minhas frases.
Apenas às tuas.
Só a tua presença acalma esta necessidade de me refugiar.
Nunca falei a mesma língua que as outras crianças. Nunca fui inocente e puro. Mas fui sonhador.
Ainda sou.
E depois veio a escrita. O meu pecado e a minha redenção.
Eu queria dizer que ela existe porque tu existes. Ou que ela existe porque é boa. Mas não. Ela existe simplesmente porque eu existo.
É consequente da minha voz apagada como a sombra é consequência do Sol.
Sabes... às vezes quero tão só dizer que te amo... E é essa a única certeza que tenho neste lodo que é a minha alma. Onde chafurdo nos meus próprios dejectos e indecisões.
Outras... nas outras estou demasiado entretido a fingir felicidade para me lembrar o que penso ou quero ou planeio.
Vou aguardar o teu regresso. Sei que voltas e desejo-te nos meus braços. E eu vou alimentar-me da tua presença como um malmequer se alimenta dos raios solares.
Até lá grito silenciosamente. Para não os acordar e assustar... Vou continuar a tolerar as suas presenças tão subtis, tão cómodas, tão cegas.
Vem salvar-me... preciso de ti... A noite é demasiado assustadora. Vem... estou aqui... porque não me ouves? Onde estás? ... Quase te posso sentir, mas não te consigo tocar. Aqui ao lado eles continuam as suas vidas paralelas à minha.
À minha vida que só o é quando estás comigo.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
LEÃO
Elemento: Fogo, Fixo
Planeta Regente: Sol
Príncipio: Activo
Parte do corpo: Coração
Estação do ano: Meio do Verão no hemisfério norte
Incensos: Sândalo e Amilscar
Pedras: Ambar
Dia: Domingo
Metal: Ouro
Côr: Dourada
Rei da Selva? Nenhum Leão se contentava com isso. Rei do Universo é melhor. Eles esperam governar o mundo e exigem que tudo se centre neles. Possuem organização e liderança superior. São generosos e afeccionados. Espalham o brilho do sol para onde quer que vão. Têm muito a ensinar sobre arte, filmes, cozinha fina e literatura, e a lista continua. O Leão necessita ser admirado e quer ser reconhecido.
"in qualquer tipo de astrologia que leiam"
O que ainda não foi dito sobre o Leão: felino de intelecto e gatinho doméstico de coração. Exala o enternecimento de uma criança com a curiosidade que tudo desperta nele. Objectivo no caminho que pretende percorrer mesmo quando foi a estrela que segue lá alto que se despertou dentro do seu coração. Por vezes, o Leão descobre em si montanhas tão altas que exita em atravessar. É o medo de se perder e não ser mais descoberto... anseia pela mão que se estende até si e lhe confia o seu ser. O Leão não tem medo... receia que pelo trilho que deve percorrer possa pisar a relva verdejante que cresceu naquela manhã e merece ser banhada pelo Sol que a ilumina.
Leal como a Lua na sua órbita constante... Respeita o caminhante que carrega seu fardo de palha e mostra-lhe qual a fonte onde poderá se refrescar.
Atrever-se a defrontar um Leão pela lógica do nada despoleta o seu sentido animal. Ataca e obriga a recuar... Não é cruel... é justo.
Apostava que o meu Mundo estaria deliniado com o pincel que eu mesmo escolhera, a tela virgem que diáriamente marcava os borrões que pintara no dia anterior ansiando pelo seguinte.
O quanto errado eu estava.
Quero escrever mas de novo caem lágrimas pesadas nas minhas asas que me colam no chão, me colam às árvores e me colam prostado ao som terno e suave da tua voz.
Quero deixar a alma voar nas palavras ditadas pelo tempo, o tempo magro que me leva, me empurra, me sussurra ao ouvido que a única coisa que posso fazer agora é deixá-lo escoar e acreditar.
Se acreditar com muita, muita força, talvez amanhã o dia clareie e eu possa finalmente descansar em paz e agarrar a imagem dos teus lábios colados aos meus.
Quero escrever, quero criar, quero envolver-me em poesia, fugir da realidade, deleitar-me no teu amor sem sentir os quilómetros que afastam os nossos corpos e aproximam as nossas almas.
Mas hoje não consigo. Hoje tudo o que sei e sinto é um imenso grito a romper-me a garganta, a lançar-se egoísta no espaço, a tentar em vão alcançar-te e fazer-te entender que a dor que me consome é ínfima perante a impossibilidade do futuro. O futuro com que acalentei minh'alma em dias de loucura e degredo.
O futuro com que enganei minhas lágrimas, com que afaguei meu corpo cansado, com que deitei a minha cabeça nas almofadas molhadas e cantei canções de ninar.
Esse futuro, amor, foge-me.
Hoje, não consigo sequer desenhar.
A simplicidade das palavras é um labirinto em minha mente. Uma espada cravada em meu peito a penetrar as profundezas da minha alma quebrada pela luz que permiti entrar. Não sou poeta, declamador, não sou nada... mas sou tudo...
Tudo aquilo em que sempre acreditei um dia ser possível. Sou um louco transtornado por ele mesmo na infindável razão que ela mesma desconhece ser dona.
Deixa-me acalmar... Porra não quero... Quero Gritar bem alto, muito ALTO. Expelir o suspiro final que separa a verdade da mentira. O sonho da realidade.
Permiti que descobrisses o meu esconderijo e deixei-te entrar sorrateiramente. Lá dentro nevava e o vento norte grunhia uivos e laivos de dor. Nunca te importaste com isso como nunca te importaste com as minhas unhas em tua carne. Com o meu desejo mórbido de te rasgar as feridas. De te curar as impotências.
Sinto a intensidade das palavras a rasgarem-me as veias.
Sinto o corpo tremente de prazer antecipado (orgasmo intenso da escrita).
Água quente na pele branca. Água quente no cabelo escuro...
Os olhos perdidos no horizonte vago.
Abro os lábios para proferir as palavras. Respiro. Passo a língua, molho-os.
Suspiro.
Sinto as palavras... A emergirem dos olhos, a cairem no chão lavado do meu quarto.
A semearem-se no espaço vazio entre a cama e o armário.
Sinto o teu calor mesmo a meu lado.
Chego-me para ti.
Seguro-te pela cintura.
Dormes.
Sinto as palavras, o rodopio que é ter a boca a saber a maresia.
Pergunto-me o que sonhará a tua mente na escuridão da noite.
Pergunto-me o que serás tu, dentro de ti mesmo.
Dormes.
Aproximo os meus lábios dos teus.
Espero.
Sinto a tua respiração compassada.
Espero.
Dormes.
Aproximo mais.
Deixo que a minha respiração se cole na tua.
Estremeço na antecipação do prazer do beijo roubado.
Dormes.
Deixo-me cair na cama.
Abraço-te de novo.
Fecho os olhos. Daqui a pouco virão os sonhos.
A loucura dos meus mundos sem regras.
Prometi-te falar sobre o Leão. Mas este felino, esta besta que todos temem, é tudo isto... compreendido apenas nas palavras que não são ditas mas sim escritas.
COVARDES...
O meu silêncio hoje não é branco. Negro pensas tu... não "chérie"... Azul como o infinito do céu que teima em nos mostrar a sua imponência.
- Não te escondas nas palavras retorcidas com que brincas!!! dizes tu...
- Não - respondo-te ao ouvido - não me escondo em lugar algum, nem mesmo naqueles nos quais gostaria padecer e eternamente descansar - suspiro.
Queria ser diferente e sou tão estupidamente igual a mim mesmo - Lê nos meus olhos a vontade de estar aqui estando ali.
- Sentes como me mordo, me odeio? Como me mutilo? E grito... um grito de dor.
- Porque a minha mente a minha alma, os meus ânseios são inifitamente maiores que o meu corpo.
- Os teus dedos são a frase mais bela que alguma vez li "a imagem dos teus lábios nos meus não me sai da cabeça e confesso que os dedos não param de brincar no teclado apenas numa tentativa desesperada de disfarçarem o desejo de tocarem em ti."
- Perdoa-me a intrusão, a exposição, o abutre que fui em despertar em ti o turbilhão que marinava em teu ser.
Estou cansado, toldado em minha mente por um peso que me obriga a fechar os olhos e parar de escrever... para sempre... apenas e só para não deixar escapar esta imagem... de ti.
"ESCAPE", "ESCAPE", "ESCAPE", esta tecla não me sai da cabeça como se fosse possível apagar tudo aquilo que aqui foi dito... tudo aquilo que fica por dizer...
"SAVE", vou fechar os olhos...
quarta-feira, dezembro 06, 2006
DESEJO
Existem desejos pequenos e imutáveis que se transformam nas linhas que definem o indefinível.
Tu existes no desejo de saber a natureza do espelho que sou eu.
O reflexo que te tornaste tu. Tu... que tentas compreender a forma como o reflexo que viste em mim se tornou parte de ti.
Adaptaste as palavras e os meios-sorrisos à mulher que foste em mim, tornaste-te a promessa cumprida das mãos que nunca se fecham, que ficam, que permanecem profanadas de pássaros lânguidos.
Tu foste mais, foste menos que Tu em mim.
Tu cresceste dentro e para dentro do Espelho.
Criaste fios, cordões umbilicais, intermináveis espasmos de luz.
Espamos de desejo, longos e profundos. Profanaste meu corpo fazendo dele a fonte onde saciaste tua sede... Usaste de tuas formas para de mim ouvires as doces palavras pelas quais teus corpo esfomeava em devorar.
Usei-te... não quis seguir as regras pelas quais o Inferno nos impunha... Tornamo-nos um só corpo... por cada gemido lançado à luz da noite, tuas mãos cravadas em meu corpo imploram para que a história não tenha o fim que se avizinha.
Grita!!! Solta de dentro de ti todo o fogo, a raiva, a paixão que te faço acumular.
Usa-me... imploro-te... Escraviza meu corpo com tuas doces formas de Mulher.
Sussurra-me ao ouvido o que queres que te faça, onde te faça sentir meus lábios encarnados e húmidos em teu corpo... Agarro-te... forte... sente meus braços tornar-te impotente.
Adoras... mordes-me... não me magoas... implora... não te soltarei até teu corpo tornar-se erupção de espasmos... de desejo... de Amor... de fogo e Paixão...
Acalmaste e aí inversamente como tudo iniciou, abracei-te... protegi teu ser da imtempérie da noite, do frio e da luz. A escuridão tornou-se em porto de abrigo, para as confissões que agora fazemos... ali... só os dois... na descoberta do desejo... o nosso desejo...
segunda-feira, dezembro 04, 2006
Saudades (Parte II)
Sim, de ti. De ti que nunca conheci…
Compreendes isso? Essa ausência que me pesa mesmo quando sei que não podes estar porque nunca estiveste.
Pergunto-me o que pensas… O que estarás neste momento a desenhar nas telas da tua imaginação.
Será que ouves o meu voo de Fénix em redor dos teus dedos?
Arrasto os pés em mais uma das minhas viagens. Todos os meus projectos falhados pesam-me nas costas. Mesmo os que não chegaram a nascer.
Como tenho saudades… Das tuas palavras, dos teus beijos, dos teus braços em redor da minha cintura a cingir-me contra o teu peito. Das ânsias pela tua chegada que nunca aconteceu realmente.
Preciso de ti, entendes?
Preciso que me faças de novo acreditar no amor, na chegada de um amanhã mais limpo, mais belo, mais sorridente.
Preciso que inscrevas o meu nome em todas as tuas paredes, inebriado de amor e desejo…
Em noites como esta, solitária, fria, em que os meus braços me apertam num abraço desesperado penso-te também sozinha, perdida em mim e na forma que dás aos meus olhos.
Tenho saudades…
Tenho saudades de mim nos teus sonhos.
A Palavra
A palavra quer ser escrita mas não quer ser declamada.
Ela quer a cobertura serena do silêncio, a solidão inconfessada da leitura clandestina.
A palavra é meretriz. Dá-se sem prazer pelo favor de ser escrita, de finalmente adquirir a forma orgástica da caligrafia.
A palavra é, sem dúvida, imoral.
A palavra fode-se a si mesma. Masturba-se eternamente enquanto aguarda a violação inevitável da caneta.
A palavra odeia-se.
Sabe-se à partida imortal e isso atira-a na angústia silenciosa da falta de amor. O tempo não ama a palavra. Não lhe concedeu, jamais, o doce sabor do fim.
O medo da morte.
A felicidade para o ser precisa dos limites do terror. Precisa saber que amanhã tudo poderá ser vazio.
A felicidade vive na necessidade do vazio.
Ansiosa.
A palavra não conhece felicidade.
A palavra não se conhece.
A palavra precisa da mão do Homem.
Vive subjugada às suas vontades.
Odeia-se.
A palavra vive na esperança do apogeu da palavra última, do ponto final.
Do fim.
domingo, dezembro 03, 2006
Beijar-te
Encarnados fogo rubro do Inferno numa eterna tentação de serem mordidos, lume brando acetinados suaves como algodão a pedirem ser acarinhados!?!?!
Hoje parei para lembrar como será te beijar.
Fechei os olhos... imaginei-me a tocar levemente tua face ruborizada de timidez, olhar-te não com olhos secos que o tempo quebra mas como a luz que acendes à noite e te leva aos lençois...
Sinto ainda o aroma da tua pele a mergulhar no segredo da nossa paixão vagabunda.
- Beija-me...
- Ainda não... Quero te levar a loucura, deixar-te esfomeada por um simples toque meu... Quero te fazer gritar, chorar para no fim te abraçar, apertar contra meu corpo e fazer do beijo o selo eterno de nosso amor.
- Beija-me... leva-me ao inferno e voltar.
- Agarra-me, sente meu desejo mergulhar no teu ser, sente meus lábios nos teus, morde-me... dá voltas e voltas e sente nosso beijo profundo.
- Pára !!!!!! Beija-me...
- Mais do que eu sei? Sabes bem que não sei parar... só te quero sentir... sem nem nunca ter de parar para pensar... como será te beijar!!!
quinta-feira, novembro 30, 2006
Monólogo
- Mas duvidas??? Como podes duvidar de algo que te provo todos os dias?
- Porque não mo dizes, não mo espelhas em palavras.
- Quem disse que as palavras são a maior prova de amor que existe?
- Eu só sei sentir em palavras, eu preciso de respirar palavras. Comer palavras.
- Eu nunca fui bom com as palavras e tu sabes isso… Eu não me embrenho nessa maldita poesia que te inunda e te afasta de mim para mundos que não são meus, que não conheço e que invejo… Não compreendes? Que esse mundo teu é um segredo, um pedaço escabroso de ti que eu não consigo conhecer por muito que me esforce?
- Mas eu abri-te a minha poesia…
- Eu abomino poesia! Tu sabias isso quando aceitaste ficar comigo. A escrita repele-me, não entendo o que encontras nessa maldita que não vês em mim… Eu amo-te! Eu sou real! Eu estou aqui e sou carnal e palpável. Não sou um dos teus personagens incompletos.
- Os meus personagens são partes de mim tal como eu sou parte deles. Lamento que não consigas entender isso…
- Tu pressionas-me a dizer-te coisas que eu não te sei dizer.
- Então como posso saber que as sentes?
- Não lês no meu olhar?!
- Não sei ler olhares. Não me peças para ler olhares. Os olhares enganam, deturpam. Eu vejo sempre verde nos olhos mais escuros.
- …
- Não ergas muros de silêncio à nossa volta! Eu lutei tanto para construir este equilíbrio precário que nos envolve, não o derrubes agora com essa facilidade!
- Equilíbrio??? Tu chamas a isto equilíbrio? Daqui a pouco vais dizer que eu não sou ciumento e que isso te faz sentir desconfortável. Fico a pensar que por muito que me esforce nunca te chega.
- Mas é estranho! Eu queria que ao menos por vezes olhasses para mim com ar de quem me quer devorar com medo de me perder. Toda a gente que ama sente medo de perder alguma vez na vida.
- E isso é alguma regra universal?
- Não… Nunca disse que era.
- Esta conversa deixa-me esgotado. Estamos sempre a falar do mesmo.
- Estamos porque nunca se resolve!
- Porque eu não compreendo a tua necessidade de palavras! Eu dou-te afecto ou não…?
- Sim. Mas eu preciso de mais. Mais carinho. Mais atenção. Eu tenho medo!
- De quê? De ser feliz?
- Sim… De ser feliz. Eu não nasci para ser feliz.
- Não digas disparates…
- Não são disparates, são os meus sentimentos! Não me quero agarrar a alguém que me pode abandonar a qualquer momento!
- Eu gostava de ser como os teus amigos poetas mas não sou. Queria dizer-te aquelas palavras românticas mas não consigo.
- Queria apenas que dissesses que sentes saudades minhas. É assim tão difícil?
- Para mim é…
- Então o que fazemos juntos?
- Aprendemos a amar.
- Sem palavras?
- Sem palavras.
quarta-feira, novembro 29, 2006
Apetece-me chorar de tanta saudade
Eventualmente toda a minha escrita nasce e morre em ti. Corre para ti como um rio para o mar.
O sono abandonou-me. O teu corpo não está deitado na cama com um sorriso rasgado e um convite maroto para me deitar ao teu lado.
Na verdade o teu corpo não está em divisão nenhuma da casa. Está a quilómetros de distância.
E no entanto, tenho o teu perfume a cobrir-me a pele.
Queria poder dizer milhares de vezes todas as palavras que pudessem expressar o que sinto. Nunca as digo.
Quando finalmente reúno coragem para as pronunciar são horas de partires e levares contigo pedaços de mim e da minha escrita.
Fico sempre à espera. À espera que a ponta dos meus dedos falem mais alto que eu. Que os meus braços te enlacem com a força suficiente para tu entenderes que só tu fazes sentido para mim. Que só tu és o meu sentido.
Porquê, meu amor, não te embalo eu na poesia das minhas próprias palavras?
Porque só sei escrever num grito mudo de amor? Secretamente rezo para que me leias, me entendas, me abraces. Me invadas.
Vivo com o medo de te perder preso na garganta, a transpirar-me pelos poros.
O abandono vive-nos nos olhos e não nos lábios. É por isso que te dou os lábios numa fome devoradora e afasto o olhar para sussurrar palavras de amor.
Sou cobarde, amor. Porque tenho medo da intensidade do laço que me une a ti.
E ainda assim, perco-me em ti sempre que te tenho perto. Sempre que penso que me devia manter mais longe, mais fora do alcance da dor, tu apertas-me contra o teu peito e o teu perfume faz-me esquecer a prudência.
O amor não é prudente, penso eu.
O amor é uma faca cravada no coração. Que dói mas nos alimenta.
Tenho as tuas palavras a sangrarem-me dos olhos: "não quero ir amor.. sem ti não consigo dormir".
Eu também não queria ir para lugar nenhum onde tu não estivesses. Mas estou aqui... longe. E no entanto, dolorosamente perto.
terça-feira, novembro 28, 2006
Os elefantes não voam...
- Soube, por instantes, mas as asas sempre foram muito frágeis e acabaram por quebrar. Não resistiram ao vento forte. Não podes voar com asas de promessa emprestadas durante muito tempo, acabam por rasgar-se, e tu acabas por cair quando o teu sorriso já tinha forma e rosto.
- Mas...
- Não há mas, nem depois. É levantar do tombo sem sacudir o pó das feridas, cerrar os dentes, tomar ainda o gosto a sangue que se têm na boca para que nunca nos possamos esquecer do sabor amargo do momento.
- Então e...
- Deixa de haver espaço para lamentações. Olhas para cima da tua cabeça e duvidas que tenhas conseguido voar, mesmo que nas costas ainda tenhas presas as asas e as sintas a doer, rasgadas pelo vento e partidas pela queda. Voltas a sentir a sensação estranha e incómoda de estar em contacto com o chão, e tens medo de voltar a andar. Por momentos isso parece-te estranho e confuso.
- Mas se...
- Os "se" são como os as traças. Vão comendo aos poucos e poucos. Deixam-te o fato cheio de buracos e quando dás por ti estás nua perante todos, e por mais que tentes esconder a tua vergonha por te mostrares inteira, não és capaz, e andas com dificuldade até ao primeiro esconderijo que encontrares dentro de ti.
- Esperavas...
- Talvez. Confesso-te que sim, que acreditei ser possível continuar lá por cima a pairar e a deixar-me levar pelas correntes do vento quente, talvez tornar-me uma ave migratória e só voltar na primavera, mas não aconteceu assim.
- E...
- E agora? Arrancar o resto das asas pela raiz e deixar que as feridas fechem sem deixar uma cicatriz muito feia. Esquecer-me por uns tempos, ou talvez de vez que andei lá por cima a olhar cá para baixo.
- Se te pedisse ensinavas-me a voar?
- Preferia não o fazer. Sabes, não é por má vontade, mas deixei de acreditar em contos de fadas e histórias de encantar...
segunda-feira, novembro 27, 2006
MEDO
Como se o organismo se recusasse a ser feliz, a fazer as coisas bem...
Sabes que deixar de ser "eu", para ser nós é um processo lento e nem sempre bem sucedido.
A mente é dona de estranhos buracos e armadilhas.
Penso que também sabes isso.
Por isso torna-se inútil dizer-te palavras que conheces e mesmo assim recusas entender.
Dói-me lembrar-te ajoelhada a meus pés a implorar perdão por um pecado que nem sabes que cometes. Dói-me porque queres apagar as minhas lágrimas com as tuas.
Era apenas uma palavra... uma palavra a negar a estranha necessidade de ser teu sem o ser.
Sabes que quis fugir? Fugir de ti, fugir do amor que te tenho e me prende as asas... Fugir de ti e consumir-me nesta infelicidade mórbida.
Ainda assim, agarraste-me com força, as lágrimas a escorrerem-te pela face, a desfazerem-te o coração.
Sabes que sou cobarde? Sim... profundamente cobarde.
Estupidamente cobarde e no entanto amas-me assim. Ou aprendeste a amar-me.
Qual das duas foi, interrogo-me... Mas por muito que o faça nunca vou descobrir.
Porque as tuas mãos se selaram em volta das minhas, os teus braços esmagaram a minha cobardia, o meu medo de amar.
Ser feliz nem sempre é fácil, sabias? Ser feliz às vezes também dói. Porque ter-te a meu lado é toda a minha felicidade, a minha única felicidade e no entanto por vezes parece-me tão distante, tão hercúleo.
Mesmo quando abafas as minhas lágrimas nas tuas.
Já te disse que ficas linda quando choras? Na infelicidade também existe poesia. Nos teus olhos perfeitos de lágrimas também existe amor. E por isso é belo.
É nas tuas lágrimas que vejo o meu coração. Porque ele está dentro de ti. Numa profundidade que só as lágrimas alcançam.
Sim... é em ti que vivo e no entanto quis fugir de ti, trazendo a morte no regaço.
Porquê, perguntas-me tu, e deitas-te em mim, e sufocas-me de beijos e amor.
Porque amar-te é a única coisa que não sei fazer. Porque me surpreendo a cada dia com este amor. Porque ele me ultrapassa e me enche de maresia.
E por isso amor, tenho medo. Medo da grandiosidade. Medo de precisar de ti mais do que precisas de mim. Medo de acordar de um sonho e morrer a recordar os teus lábios...
Medo do medo de amar.
E ainda assim, enlaças-me em ti.
Quero-te, dizes tu. E eu sei, estranhamente, que é verdade. Sei... e assim silencio o medo, apago as lágrimas e adormeço em ti.