terça-feira, julho 03, 2007
UM QUADRO, UMA ESCULTURA, UM LIVRO, UM JARDIM
Preciso das tuas palavras mais doces pois anseio pelo teu olhar mais cândido... prepara a forma dos teus braços para que quando me chegar a ti não perca tempo a aninhar-me. Por entre a tela que pintas nesse templo onde anseio por pertencer na atracção do teu pôr-do-sol. Se um dia me fosse permitido fazer um pedido, um pedido especial e único, certamente seria o de te aninhar em mim e sentir-te adormecer por entre os meus braços. Desde que surgiste no meu caminho as luzes das avenidas acenderam-se e voltei a sorrir. Inevitavelmente à luz dos teus olhos sinto a inspiração que me faltava. Sinto-me como o vento que voa sem rumo e pousa no rosto de quem se ama. livre, que se deixa repousar sem rastro, profundo. Chegas-me sempre nas primeiras palavras da manhã, por entre o desejo de sentir o aroma das flores plantadas no teu jardim onde colhes a paixão que brota por entre os sentidos que nos abraçam e depositas o bailado febril das vontades sonoras do amor por entre o ar sonando no sonho como uma nuvem que se perde e ali permanece a flutuar no teu oceano quente ao sol. Para ti absorvo o sabor de um verão em cada beijo cego que te ofereço antes de adormecer, surdo e mudo respirando de súbito, em uníssono num só frémito a insónia submersa que me provocas na vontade de te querer e que regressa pouco a pouco aos nossos braços, afogados na espuma do teu mar quando me tens junto a ti. São breves mas intensos nossos encontros, de olhos, boca, peito e mãos que se fazem por entre o corpo onde percorro todos os vãos, as linhas e os contornos que desenho qual pintor na ânsia de desenhar e decorar para mais tarde recordar. Amo sentir o passar da minha mão, carinhosamente, pelos cabelos perlados do teu calor e tenho a recompensa de um sorriso suspirado que nem os Deuses se atrevem a copiar, tal como uma nota impossível de reproduzir em qualquer instrumento e ali fico, saboreando-te a meu lado, sopro-te a face, de mansinho, apenas por instantes para te refrescar e deixo-te submersa num doce sonho ao qual lentamente escrevo nesse livro que nem sabes que escreves, mas onde a autoria te pertence, nesse capítulo que te dedico e ao qual aspiro que se prolongue por o tempo passado entre nós. Sabe bem, sim sabe bem sentir as tuas palavras a escorrerem por entre os meus lábios que te procuram, a penetraram-me a pele e a percorrer-me por dentro até chegarem ao coração, deixando um rastro de fogo à sua passagem e sinto, sinto o meu corpo a queimar enquanto miro os teus olhos e perco-me nesse céu verde azulado que me ilumina a alma. Amo quando bebes minhas palavras numa doce lentidão para sentir o seu sabor. Sinto-me cúmplice em ti, cúmplice de um segredo de criança, daqueles que se fazem juras de sangue e honra a sua sede guardando-o num frasco de vidro para o contemplarmos juntos, sempre que o quisermos. Fecho os olhos e estendo a mão em teu rosto... não preciso ser escultor para saber o que desenhar por entre o partir da pedra... sei que o cinzel aguçado dedilha por entre as tramas do granito numa valsa sincronizada com o que sinto e ao som de pequenas histórias que escrevemos entre nós, e deparo-me com teu rosto esculpido no qual viajo nos teus mais doces encantos e sou teu, com vontade e com gosto. Penso em ti em todos os minutos do tempo que os dias nos trazem e sempre penso com a ternura e o amor no qual procuro recordar os detalhes, de quanto carinho para comigo existe em cada um dos teus gestos. Existe sempre na vida uma música que consome e queima nosso coração por entre a qual se tenta encontrar na nossa mente lembranças e momentos algures escritos a dois e que nos toca aquece a alma... minha música... não é feita de sonetos, de acordes ou baladas... a minha música és Tu na plenitude do teu ser, na expressão do teu olhar, fixo, perplexo, comovido, na carícia dos teus lábios que brilham, explodem, espelham toda a fúria do desejo sentido, no toque das tuas mãos por entre as quais sinto arrepios, se soltam faíscas, na medida exacta da minha atracção. Sei que sou uma carta escrita por entre letras soltas, uma brisa, um pássaro que voa por entre as ondas do luar, ácido, mel, um homem que também chora, ou mesmo um menino que implora, por entre trovoada seguida de um jardim enfeitado... Sei o que sou e sou simplesmente um Homem de alma, que te Ama!
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