A sereia banha-se desnudada no ressoar do meu crânio nesse post-scriptum anunciado perfurando lentamente a incerteza da penumbra lisa, despojos de astros de fogo fátuo pirilampo injectado durante a vigília dos répteis que se envolvem numa metamorfose nascente em movimentos filiformes imaginando passos tatuados espalhados ocasionalmente pelo chão translúcido...
Absorto renuncio ao sono ácido desses inesperados animais bravios germinando entre teus olhos pois os olhos também beijam o corpo de suor amarrotado que queima essa esfinge de desfocados tesouros incorporados nessa réstia sideral da órbita da fonte dos astros... prepúcio de silêncio do toque pressentido nessa ferida que amanhece ou anoitece na exaustão de um estilhaço de sémen lunar.
Às vezes morre-se tanto na profundidade vertiginosa do caminho a percorrer.
De tua sombra íntima jorram magníficos licores ausentes esquecidos no abandono enrubescido, estiletes de água oblíqua adormecendo na dádiva aquática libertando o corpo rente à embriaguez do Belo, a tua imagem breve permanece e tua voz de olhos de palavras que não existem, rubis forrados a pele e pálpebras de pêlos de cetim, a íris das palavras definhadas na ténue mancha de carvão labiríntico e carne e perfume imenso que flutua num ar lisérgico de pavões híbridos detendo-se nas ruínas dessa musa-tempestade de um corpo de místicas asas irreais, o linho que te serve de mortalha ressuscita o sonho e o sonho evade-se na cumplicidade de um vestígio imutável de um beijo que deambula com as aves de trémula lucidez tilintando lendas de finas bagas de borboletas entorpecidas esvaindo-se em lábios fulgurantes hesitando a semântica das coisas simples pois as palavras crescem da tua boca de estações fecundas seduzindo a lua desprevenida prolongando a noite num brincar agitado de uma criança que se evapora em suaves turbilhões de voláteis incandescências procuro-te numa página vazia repleta de nada
esperando qualquer pensamento que se debruce e te escreva num relato simples de um eco de tempo...
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