Apetece-me entrar mar adentro e navegar, provar o sabor leve de maresia e desaguar nesse porto que me aguarda... sentir as ondas brancas e cruas, as gotas de chuva que salpicam por entre a quilha retorcida do meu navio. São tantos os caminhos que morrem desaguados em vão, no dorso de andorinhas que voam aflitas enquanto a noite vem.
Existe um mar perdido por entre campos e montes verdejantes que lá longe se mostram imponentes a aguardar só por quem puder sentir o sabor do brilho intenso desse olhar de quem eu quero.
Apetece-me entrar mar adentro e fechar os olhos... sentir o tacto do luar a bater em mim... calar-me o desassossego e acordar apenas estendido sobre o rio, inventar palcos e cenários invisíveis e viver o sonho construido.
Calem-se as vozes, as teclas e o murmúrio solto por entre o vento que se faz sentido. Quero entrar mar adentro e encontrar-me cego, mudo e surdo... sentir-me apenas... é fadiga da terra-firme.
Sem comentários:
Enviar um comentário