No meio das collants, do vestido preto e dos sapatos de salto "agulha", que na noite passada ficaram espalhados no meu quarto, encontro a tua camisa.
Agarro-me com força a ela. Está coberta do cheiro do teu perfume e não consegue disfarçar o odor da tua pele; este pedaço de pano é-me irresistível.
Como se te agarrasse a ti, aperto com força a tua roupa, e deixo que as lembranças da nossa noite percorram todo o meu ser.
Sim, sinto-te perto, muito perto, tão perto que quase te posso beijar.
Esta camisa de cetim fica-te tão bem que devias usar-la mais vezes... Os traços sensuais dos teus seios bem delineados condizem na perfeição com as riscas pretas no pano branco. Sim, há qualquer coisa de mágico na roupa, como se nos prendesse e nos fizesse transbordar de desejo com um simples olhar.
Esqueceste-te dela aqui, no meu quarto, que ainda há pouco foi o teu quarto, o nosso quarto, onde os nossos corpos e almas se fundiram num só.
pouso-a em mim, sinto a leveza do tecido colar-se ao meu corpo e gosto da sensação. É ridículo, eu sei, mas o extâse de ter na minha pelo algo que transborda de odores teus é inevitável.
Olho-a e nela revejo os loiros e molhados cabelos teus que se misturam com o cheiro da tua pele.
aperto-a com força, envolvo-me no tecido e adormeço assim, abraçado à tua camisa, e por momentos tenho a sensação de não estar a abraçar um simples pedaço de pano, mas o teu corpo.
terça-feira, julho 31, 2007
DIVAGO LONGE MAS PERTO
Fiz à pouco uma digressão pelas sombras das recordações dos nossos dias e sentei-me à luz da tua retina e descobri um jetlag de distância...
Porque razão dorme a nossa roupa sozinha!?
Tenho um camaleão atrevido no lugar onde a água me ferve, sinuosa e embriagada, largando rebuçados e zarzuelas enquanto desliza com a alma à solta.
Há lágrimas sorridentes que me cantam memórias aos trambolhões pelo rosto.
E os teus beijos!?
Os teus beijos sabem à partilha de um deslizar macio que se aproxima, inflamado, do veludo de uma boca espantada e lhe sussura baixinho um amor salivado de paixão.
Sacia-me esta vontade de ser polpa convulsa na tua boca.
Fecha a porta e vem comigo amarrotar os sonhos da pele.
Gosto deste sabor das divagações perdidas por entre dedos que se estendem nos teus cabelos.
segunda-feira, julho 30, 2007
CONFISSÕES NO FEMININO
Quero um amor perfeito, e como perfeição é coisa que não existe, também não encontro este tipo de amor. O problema é que eu acho que até nem sou muito exigente. Ora vejamos: não quero um amor a meio-gás, a meia-chama, a meio-da-agenda. Quero alguém que realmente se entregue, que se preocupe comigo e, acima de tudo, que me faça sentir que sou a mulher da sua vida. Quero que, ao acordar, olhe para mim e me ache linda, mesmo despenteada, sem batom, sem uma roupa xpto, e nesse momento, me acorde com um beijo apaixonado. Quero abrir os olhos e vê-lo de barba feita, com o perfume do After Shave a envolver-me, toalha enrolada à cintura, sorriso sedutor de “Bom Dia Amor!”. Quero ver ao fundo da cama um tabuleiro com um copo de sumo de laranja natural, acompanhado, nada mais, nada menos, de uma magnífica rosa vermelha. Quero tomar banho com alguém que me encha de espuma e faça da sua boca a mais suave das esponjas. Quero ir trabalhar e ser mimada com telefonemas rápidos mas saudosos e, SMS pirosos. Quero chegar ao fim do dia e partilhar as rotinas: ele descasca as batatas, eu lavo-lhe as mãos e enxugo-as delicadamente ao tecido do meu vestido; ele tempera a carne, eu saboreio-lhe dos dedos o sal e o acre do limão; ele faz a mousse, eu deixo-a cair “sem querer” no V do meu decote. Ele lava a loiça, eu abraço-o, pelas costas (para o incentivar), e encho-lhe o pescoço e as orelhas de beijos. No final da noite, ele abre a cama e eu revoluciono os lençóis. E para que não digam que eu não faço nada, eu visto uma camisa de noite, transparente, preta, de cetim, e ele… tira-a. Será que é pedir muito? Serei assim tão exigente?
MAR ADENTRO
Hoje fui atrevido... Fui mar adentro e nem um relance, um vislumbre me fez olhar por cima do meu ombro. Sempre senti esta admiração pelos veleiros, o mar, os elementos da natureza, nós e o mar, totalmente desprovidos de saídas miraculosas, sem teclas de "escape" ou um botão de "shutdown"... apenas e só... nós e o mar, à deriva.
O vento, o cheiro a maresia, a paz, a serenidade que nos trespaça a alma... o pôr-do-sol... se o sol quando nasce, nasce para todos, quando se põe também o é, por isso, logo ali, não podia deixar de o te oferecer porque naquele instante, apenas tu me fazias falta.
Adorava ter-me atirado borda fora e provar a água fresca que me rodeava... por razões de segurança não me foi possível mas... um destes dias...
Sabes de uma novidade? Um destes dias te farei uma visita e serás tu que virás ter comigo... quem sabe... num cais perto de ti... neste cenário... tu e eu...
Deus!!! Como sinto a tua falta... queima-me por dentro... o desejo... o amor... a ternura do teu olhar... a suavidade do teu beijar...
sexta-feira, julho 27, 2007
RESPIRO-TE
O que sinto por ti nao cabe em palavras, nem em beijos, deixo-me levar por caminhos que não conheço, repito-me vezes sem conta sem me cansar, prometo quase sem pensar. O que sinto sai-me por todos os poros, até quando estou calado ou a dormir, os sonhos levam-me em viagens para o futuro e ás vezes vejo com nitidez imagens que não vivi, mas que um dia vão chegar. Mudou tudo, o que havia antes deixou de fazer sentido, reduziu-se à sua insignificância de passado que já passou. Começei a viver outra vez, esqueci-me das desilusões, do medo de falhar, daqueles que me amaram ou que pensei ter amado, que agora morrem sem dor dentro dos albuns de fotografias, já sem voz nem lugar. Sinto paixão, desejo, pulsar das almas, serenidade de pensamentos e vontade de construir outra vez o mundo. Sinto mais do que querer, é o sonho de partilhar numa entrega sem limites. Sinto-te todos os dias, a todas as horas, atento e vigilante, sempre próximo ainda que distante, e diferente, sempre preparado para abrir os braços e proteger, fecho os olhos e sonho contigo. Passei a alimentar-me de beijos e sorrisos, de projectos e promessas, de palavras e ideias.
Sinto-me vivo... por ti...
Sinto-me vivo... por ti...
quinta-feira, julho 26, 2007
MIS SUEÑOS
Es la vida traviesas circunstanciases
e alea que siempre está presente
imprevisto que surge irreverente
es tu amor, mi amor y la distancia
Y ya debo partir, es necesario
por mensaje sabré de tu querer
mi respuesta ansiosa has de tenery
nostalgia este encuentro casi diario
En mi mente me llevo tu figura
en la boca tus besos, el sabor
y mi pecho cobija tu calor
las caricias y toda la ternura
De mis sueños tan dulce visitante
cada noche puntual habrá de ser
contarás tus planes, que has de hacer
un consuelo sin duda confortante.
Enamorado con tus susurros,
pero cada noche me desnudo ante ti,
con mi vida, mis sueños, mi alma y mi piel,
solo te puedo dar... mi Amor.
e alea que siempre está presente
imprevisto que surge irreverente
es tu amor, mi amor y la distancia
Y ya debo partir, es necesario
por mensaje sabré de tu querer
mi respuesta ansiosa has de tenery
nostalgia este encuentro casi diario
En mi mente me llevo tu figura
en la boca tus besos, el sabor
y mi pecho cobija tu calor
las caricias y toda la ternura
De mis sueños tan dulce visitante
cada noche puntual habrá de ser
contarás tus planes, que has de hacer
un consuelo sin duda confortante.
Enamorado con tus susurros,
pero cada noche me desnudo ante ti,
con mi vida, mis sueños, mi alma y mi piel,
solo te puedo dar... mi Amor.
quarta-feira, julho 25, 2007
terça-feira, julho 24, 2007
LATEJANTE
Tocar-te,
Sentir-te quente,
Suada,
Enlouquecida,
Sentir o teu cheiro....
Cheiro doce,
Cheiro selvagem,
E quente.
Sentir-te,
Na minha língua indecente.
Eu quero ouvir
Os teus gemidos roucos e incontidos,
Eu quero mais...
Muito mais...
Eu quero te dar prazer,
Quero sentir a tua pele arrepiada,
Teu cheiro,
Teu gosto,
Teu sexo...
Quero apertar os teus seios,
Deixar-te alucinada,
Descontrolada de prazer,
Eu quero te enlaçar entre pernas,
Cavalgar no teu corpo,
Invadir o teu sexo húmido.
Ah...
Eu quero…
Com doçura
Com ternura
Com firmeza
Com destreza
Com loucura
Com paixão
Como me aprouver
Para meu deleite
Sentir-te.
Hoje tens-me assim... ensandecido...
Sentir-te quente,
Suada,
Enlouquecida,
Sentir o teu cheiro....
Cheiro doce,
Cheiro selvagem,
E quente.
Sentir-te,
Na minha língua indecente.
Eu quero ouvir
Os teus gemidos roucos e incontidos,
Eu quero mais...
Muito mais...
Eu quero te dar prazer,
Quero sentir a tua pele arrepiada,
Teu cheiro,
Teu gosto,
Teu sexo...
Quero apertar os teus seios,
Deixar-te alucinada,
Descontrolada de prazer,
Eu quero te enlaçar entre pernas,
Cavalgar no teu corpo,
Invadir o teu sexo húmido.
Ah...
Eu quero…
Com doçura
Com ternura
Com firmeza
Com destreza
Com loucura
Com paixão
Como me aprouver
Para meu deleite
Sentir-te.
Hoje tens-me assim... ensandecido...
EM BRASA
Sinto em meu corpo tua língua que me arde como se fosse um chicote de fogo. E mesmo que eu não queira me induz a jogar o teu jogo. Entorpece os sentidos, abafa-me os gemidos até provocar o meu gozo. Que poder é esse? Que sedução devassa, é essa que sinto sempre que me abraças? Só de te ver me arrepia a pele, em choques térmicos. E me rendo pacífico aos teus desejos hipotéticos. Me excita e me choca a tua ousadia. Mas sempre mais e mais, como num crescendo, embarco na tua fantasia. E quando me entrego aos nossos devaneios sentindo em meu corpo os teus meneios, nada mais importa. Abrimos do desejo as portas, simplesmente porque tu és minha amada e eu... teu escravo.
MÃOS QUE TE ABRAÇAM
Mãos diluvianas de amor
afagam os corpos suados
e incendeiam-se no calor
de amantes enamorados.
Na troca mútua de carícias
e em frémito descompassado,
gozam os corpos as delícias
de um clímax desejado.
Entontecidas suas mentes
pelo êxtase e cansadas,
semeiam novas sementes
de flores mais desejadas.
Naquela manhã formosa,
que o tempo estival fazia,
corações amantes
colhem a mais bela rosa,
que no bonito jardim crescia
e desfolham o que era dantes
a rosa virgem florida.
afagam os corpos suados
e incendeiam-se no calor
de amantes enamorados.
Na troca mútua de carícias
e em frémito descompassado,
gozam os corpos as delícias
de um clímax desejado.
Entontecidas suas mentes
pelo êxtase e cansadas,
semeiam novas sementes
de flores mais desejadas.
Naquela manhã formosa,
que o tempo estival fazia,
corações amantes
colhem a mais bela rosa,
que no bonito jardim crescia
e desfolham o que era dantes
a rosa virgem florida.
CARÍCIAS
Os toques das nossas peles suadas, dos nossos corpos que rolam sob um lençol macio. Toques de mãos carinhosas e sensíveis com um tremor que causam na carne amada e desejada com tuas carícias. Intercâmbio silencioso, em que só o ranger da cama e os gemidos prazerosos invade o ar.
O sol calmo penetra nas frestas da cortina deixando ver a cidade, tudo é lindo e maravilhoso. É dia e vivo minuto a minuto enquanto a minha alma delira e minha carne arde em contacto com a tua. Tu beijas-me, afagas, desejas-me. Eu dou-te altares à beleza da noite que mesmo ausente, mesmo sem lua e sem estrelas, amo-te com loucura.
Conservo em estado puro a leveza dos sentimentos.
Nós roubamos o tempo, ele é só nosso, somos livres. Juntos, eu e tu somos um só na embriagues deste dia. Sinto o prazer de saber-te minha. O nosso amor é suficiente para poetizar um mundo feliz. Recordo nossos dias num prazer constante, no amar-te loucamente...
O sol calmo penetra nas frestas da cortina deixando ver a cidade, tudo é lindo e maravilhoso. É dia e vivo minuto a minuto enquanto a minha alma delira e minha carne arde em contacto com a tua. Tu beijas-me, afagas, desejas-me. Eu dou-te altares à beleza da noite que mesmo ausente, mesmo sem lua e sem estrelas, amo-te com loucura.
Conservo em estado puro a leveza dos sentimentos.
Nós roubamos o tempo, ele é só nosso, somos livres. Juntos, eu e tu somos um só na embriagues deste dia. Sinto o prazer de saber-te minha. O nosso amor é suficiente para poetizar um mundo feliz. Recordo nossos dias num prazer constante, no amar-te loucamente...
TEUS SEIOS
Quero tocar-te com delicadeza.
Como quem toca a mais delicada flor,
esses teus seios de princesa,
Com o mais intenso ardor.
Quero sentir a sensibilidade,
de teus mamilos duros.
Experimentar a liberdade,
de teus loucos suspiros.
Quero mostrar-te o deleite,
de minhas ternas carícias
Quero que as aceites,
sem medo e sem malicias.
Quero apenas te mostrar
com todo carinho e amor,
o que tu me fazes passar
quando me tocas, meu amor.
Como quem toca a mais delicada flor,
esses teus seios de princesa,
Com o mais intenso ardor.
Quero sentir a sensibilidade,
de teus mamilos duros.
Experimentar a liberdade,
de teus loucos suspiros.
Quero mostrar-te o deleite,
de minhas ternas carícias
Quero que as aceites,
sem medo e sem malicias.
Quero apenas te mostrar
com todo carinho e amor,
o que tu me fazes passar
quando me tocas, meu amor.
AMOR TOTAL
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
(Vinícius de Moraes, Soneto do amor total)
Simplesmente... Amo-te
segunda-feira, julho 23, 2007
CHEGA-TE A MIM
Chega a noite da eterna saudade, instante em que dispo o corpo, e deixo a alma alcançar as asas que guardo no armário dos sonhos. Qual ente vazio de formas, difuso na névoa que envolve a escuridão, vagueio de estrela em estrela, seguindo o caminho que me há-de encontrar no mundo etéreo do teu coração. Entrega-se a seda da tua pele, às rendas que te cobrem o corpo semi despido. Cobre-te a suavidade duma quimera por encontrar, acalenta-te a utopia do reencontro final. É Noite, e sabes me encontrar, como se fosse dia. Lá fora, entre a amalgama de estrelas e planetas por descobrir, vislumbras a silhueta do meu espirito a pairar, sentes o perfume da pele que não trouxe comigo, e entendes o cântico difuso das minhas palavras. Desprendes o corpo, que adormece em água tépida, de espírito alvo, libertas-te das amarras que te prendem ao cais da solidão, e qual borboleta multicolor, elevas-te na brisa do vento que te enche as asas de fôlego, vais ao meu encontro. O tempo suspende o respirar do próximo segundo, quando a tua essência se mescla com a minha, a Noite veste-se de brilho, como se fosse dia, e, ali, sós, encontramos a tranquilidade procurada por séculos a fio, num abraço eternizado entre as estrelas do firmamento.
domingo, julho 22, 2007
QUERO DIVAGAR EM TI
A sereia banha-se desnudada no ressoar do meu crânio nesse post-scriptum anunciado perfurando lentamente a incerteza da penumbra lisa, despojos de astros de fogo fátuo pirilampo injectado durante a vigília dos répteis que se envolvem numa metamorfose nascente em movimentos filiformes imaginando passos tatuados espalhados ocasionalmente pelo chão translúcido...
Absorto renuncio ao sono ácido desses inesperados animais bravios germinando entre teus olhos pois os olhos também beijam o corpo de suor amarrotado que queima essa esfinge de desfocados tesouros incorporados nessa réstia sideral da órbita da fonte dos astros... prepúcio de silêncio do toque pressentido nessa ferida que amanhece ou anoitece na exaustão de um estilhaço de sémen lunar.
Às vezes morre-se tanto na profundidade vertiginosa do caminho a percorrer.
De tua sombra íntima jorram magníficos licores ausentes esquecidos no abandono enrubescido, estiletes de água oblíqua adormecendo na dádiva aquática libertando o corpo rente à embriaguez do Belo, a tua imagem breve permanece e tua voz de olhos de palavras que não existem, rubis forrados a pele e pálpebras de pêlos de cetim, a íris das palavras definhadas na ténue mancha de carvão labiríntico e carne e perfume imenso que flutua num ar lisérgico de pavões híbridos detendo-se nas ruínas dessa musa-tempestade de um corpo de místicas asas irreais, o linho que te serve de mortalha ressuscita o sonho e o sonho evade-se na cumplicidade de um vestígio imutável de um beijo que deambula com as aves de trémula lucidez tilintando lendas de finas bagas de borboletas entorpecidas esvaindo-se em lábios fulgurantes hesitando a semântica das coisas simples pois as palavras crescem da tua boca de estações fecundas seduzindo a lua desprevenida prolongando a noite num brincar agitado de uma criança que se evapora em suaves turbilhões de voláteis incandescências procuro-te numa página vazia repleta de nada
esperando qualquer pensamento que se debruce e te escreva num relato simples de um eco de tempo...
Absorto renuncio ao sono ácido desses inesperados animais bravios germinando entre teus olhos pois os olhos também beijam o corpo de suor amarrotado que queima essa esfinge de desfocados tesouros incorporados nessa réstia sideral da órbita da fonte dos astros... prepúcio de silêncio do toque pressentido nessa ferida que amanhece ou anoitece na exaustão de um estilhaço de sémen lunar.
Às vezes morre-se tanto na profundidade vertiginosa do caminho a percorrer.
De tua sombra íntima jorram magníficos licores ausentes esquecidos no abandono enrubescido, estiletes de água oblíqua adormecendo na dádiva aquática libertando o corpo rente à embriaguez do Belo, a tua imagem breve permanece e tua voz de olhos de palavras que não existem, rubis forrados a pele e pálpebras de pêlos de cetim, a íris das palavras definhadas na ténue mancha de carvão labiríntico e carne e perfume imenso que flutua num ar lisérgico de pavões híbridos detendo-se nas ruínas dessa musa-tempestade de um corpo de místicas asas irreais, o linho que te serve de mortalha ressuscita o sonho e o sonho evade-se na cumplicidade de um vestígio imutável de um beijo que deambula com as aves de trémula lucidez tilintando lendas de finas bagas de borboletas entorpecidas esvaindo-se em lábios fulgurantes hesitando a semântica das coisas simples pois as palavras crescem da tua boca de estações fecundas seduzindo a lua desprevenida prolongando a noite num brincar agitado de uma criança que se evapora em suaves turbilhões de voláteis incandescências procuro-te numa página vazia repleta de nada
esperando qualquer pensamento que se debruce e te escreva num relato simples de um eco de tempo...
sexta-feira, julho 20, 2007
ESPERANÇA
Apetece-me entrar mar adentro e navegar, provar o sabor leve de maresia e desaguar nesse porto que me aguarda... sentir as ondas brancas e cruas, as gotas de chuva que salpicam por entre a quilha retorcida do meu navio. São tantos os caminhos que morrem desaguados em vão, no dorso de andorinhas que voam aflitas enquanto a noite vem.
Existe um mar perdido por entre campos e montes verdejantes que lá longe se mostram imponentes a aguardar só por quem puder sentir o sabor do brilho intenso desse olhar de quem eu quero.
Apetece-me entrar mar adentro e fechar os olhos... sentir o tacto do luar a bater em mim... calar-me o desassossego e acordar apenas estendido sobre o rio, inventar palcos e cenários invisíveis e viver o sonho construido.
Calem-se as vozes, as teclas e o murmúrio solto por entre o vento que se faz sentido. Quero entrar mar adentro e encontrar-me cego, mudo e surdo... sentir-me apenas... é fadiga da terra-firme.
UM NOVO AMANHECER
O quarto, iluminado pela luz trémula das velas, exala o perfume do incenso de canela que deixa no ar uma atmosfera enevoada. A música invade todo o espaço, com acordes suaves, enquanto te espero. A cama vazia, acolhe o meu corpo desnudo, que repousa, envolto no véu dos sonhos que despertas em mim. Deixo a alma voar, embalada pelos sons suaves, pairo sob o céu inundado de estrelas, esperando ver-te chegar. Dormente, sinto-te os passos, o teu aroma invade o quarto, a luz das velas estremece juntamente com o meu coração, e a minha alma, pousa sobre o teu ombro, abro os olhos. Estás aqui, o teu corpo descobre-se, e na penumbra, encontro as tonalidades da tua pele que se perdem nas curvas de um corpo de menina, vestido com uma alma de mulher. Os meus braços acolhem a tua alma, e a minha alma recebe o teu corpo, sentimos o toque, sinto o calor da tua pele, e tu sentes o perfume da minha. Não estamos a sonhar, nem tão pouco são meras palavras com que criamos cenários que apenas a imaginação desenha. Somos tão reais, como a mais pura realidade e os nossos corpos entrelaçados, amam-se, sobre esta cama, outrora vazia. Nesta arte mágica em que as almas dançam sobre os corpos desnudos, que a um ritmo suave, se amam, o mundo evapora-se como uma gota de água numa tarde de Verão, e ficamos só nós dois. Hoje, nem o amanhecer desvanecerá o sonho, porque hoje, a realidade surpreenderá o final da noite, e quando o dia se fizer anunciar, encontrará dois amantes, sobre a cama onde habitualmente, só tu acordas.
quarta-feira, julho 18, 2007
PERGAMINHO
Preencho-te, contorno-te o corpo com as letras que te invento. Faço-te, numa história de encantar, um instante por revelar. És folha branca onde deito as frases que me inspiras, é virgem imaculada onde entrego em caracteres os sonhos que me despertas. Sinto o sabor da tua pele, gosto salgado de um mar por secar, lugar macio como seda onde adormeço. És palavra, corpo de poetisa, alma vagante, que me afaga o corpo com a carícia das rimas. És dia, és luz perpétua, movimento constante que se entrega numa onda sobre a areia solta da praia. Traços, sobre curvas apertadas, contornam a tua silhueta, escrevo-te ao sabor do vento, em campo aberto, entre os seios doces que me ofereces, por entre as sombras das tuas formas desnudas, por todo o teu ser, até tocar a alma, nesta melodia inconstante que é o fogo da paixão, o prazer que se solta de entre mãos. De teus cabelos colho o perfume, fórmula mágica que me enfeitiça, água fresca que me desperta para este mundo mágico, nova dimensão, sensação de prazer eterno onde cada letra representa um toque, onde cada palavra é um beijo e cada parágrafo um abraço terno e sensual entre nossos corpos.
EM LISBOA
Já um escuro vem do horizonte, ou a luz se perde do olhar. São os campos perdidos e os montes que se estendem pela noite devagar. São tantos os caminhos e os dias, tantos como a saudade que se tem, talvez um sabor leve de maresia, talvez lembrança do sabor de alguém. Em lisboa, estendida sobre o rio, em lisboa de mil amores perdidos. Só de quem puder sentir que há um mar em ti escondido. Será do luar o brilho intenso, será do olhar de quem eu quero, que faz ir-se perdendo ao longe o escuro e faz ir-se calando desespero. Enquanto o dia vem, enquanto a noite vem, e um desassossego acorda alguém. Uma canção distante lembra outro sonho e outro olhar. Ai se toda a saudade pudesse enfim acalmar. Em lisboa, estendida sobre o rio, em lisboa de mil amores perdidos. Só de quem puder sentir que há um mar em ti escondido.
in Mafalda Veiga "Lisboa de Mil Amores"
Pudesse a saudade acalmar por entre teus braços estendidos...
EMOÇÃO OU PSICANÁLISE
Talvez a definição de obscenidade seria, pois, a de tornar real, absolutamente real, alguma coisa que até então era metafórica ou tinha uma dimensão metafórica. A sexualidade sempre tem - tal como a sedução - uma dimensão metafórica. Na obscenidade, os corpos, os órgãos sexuais, o acto sexual, não são mais "postos em cena", e sim grosseira e imediatamente, dados a ver, isto é, a devorar, são absorvidos e reabsorvidos no mesmo acto. É um "acting out(1)" total de coisas que, em princípio, seriam objecto de uma dramaturgia de uma cena de um jogo entre parceiros.
Aí, não há jogo algum. Não há dialéctica, nem distanciamento, apenas uma colisão total dos elementos.
Não existem palavras certas, não existem realidades absolutas... se nos concedermos alguns momentos honestos a nós próprios certamente chegaremos à conclusão que a obscenidade existe apenas e só na mente de cada um de nós e a partir de nós é posta em prática os actos que poderão chocar o que socialmente se impôs como "naturalmente correcto".
A sedução é algo intangível porque reside dentro do hemisfério das emoções e excitações que apenas nós, individualmente, conhecemos e aceitamos... sim é certo que muito mais partilhável e compreendido entre muitos... Seduzir... ser seduzido... é Arte... não deveremos enquadrar essa arte como obscenidade porque de nada ela própria tem... a partir do que socialmente se encontra estabelecido pelo facto de que não é explícita... mas sim... implícita, num gesto, num olhar, numa palavra sussurrada, numa folha de papel onde navegam emoções.
Polémico? Apenas na mente de cada um de nós... porque se vivido com Amor, emoção partilhada a dois, a Arte de Seduzir consegue a proeza de se transformar num orgasmo de sensações.
Sim... porque adoro Seduzir, ir ao pormenor da emoção e transforma-la pelo avesso... e sim... adoro ser Seduzido...
(1)Termo psicanalítico que significa actuação, representação.
"Um breve momento de desabafo metafórico... ou não!"
Aí, não há jogo algum. Não há dialéctica, nem distanciamento, apenas uma colisão total dos elementos.
Não existem palavras certas, não existem realidades absolutas... se nos concedermos alguns momentos honestos a nós próprios certamente chegaremos à conclusão que a obscenidade existe apenas e só na mente de cada um de nós e a partir de nós é posta em prática os actos que poderão chocar o que socialmente se impôs como "naturalmente correcto".
A sedução é algo intangível porque reside dentro do hemisfério das emoções e excitações que apenas nós, individualmente, conhecemos e aceitamos... sim é certo que muito mais partilhável e compreendido entre muitos... Seduzir... ser seduzido... é Arte... não deveremos enquadrar essa arte como obscenidade porque de nada ela própria tem... a partir do que socialmente se encontra estabelecido pelo facto de que não é explícita... mas sim... implícita, num gesto, num olhar, numa palavra sussurrada, numa folha de papel onde navegam emoções.
Polémico? Apenas na mente de cada um de nós... porque se vivido com Amor, emoção partilhada a dois, a Arte de Seduzir consegue a proeza de se transformar num orgasmo de sensações.
Sim... porque adoro Seduzir, ir ao pormenor da emoção e transforma-la pelo avesso... e sim... adoro ser Seduzido...
(1)Termo psicanalítico que significa actuação, representação.
"Um breve momento de desabafo metafórico... ou não!"
terça-feira, julho 17, 2007
NÃO SÃO MITOS
Quebramos todos esses compromissos que insistentemente invadiam a nossa liberdade.
Com essa coragem de um touro juntaste-lhe a audácia do leão e o comedimento da simplicidade. Mantivemos a subtileza e assim no dia e na noite, continuamos a decifrar a peça principal onde os actores somos nós, gozo essencial dessa permanente descoberta, do sonho, e nele mesmo permanecemos mergulhados.
Perseguimos a saudade, como que graciosamente numa ebulição ininterrupta onde mesmo longe, nos faz perpetrar cantos e encantos à madrugada, sempre, no agora, no amanhã.
Agora ao segurar a tua voz sinto o corpo a tremer, como se a comer frutos silvestres, suavemente acerejados de mel e sim, espalhados por todo teu corpo.
Agora ao adormecer com a tua voz, o espaço e tempo transformam-se, é fundir, nossa pele, nesse olhar que me arremessas, por entre cada onda de prazer.
Amanhã ao acordar com a tua voz será a certeza, o desnudar, um novo amanhecer por entre teus braços de amor, no teu fogo de mulher.
segunda-feira, julho 16, 2007
QUERIA TANTO...
Pára com tudo...
Não digas nada...
absolutamente nada...
sim, sou eu que te peço...
fecha os olhos e fixa a imagem nos teus olhos...
sim sou eu que te agarro a mão e beijo tua boca numa ânsia desesperada em sentir de novo o teu sabor vibrante e doce...
Vem... até mim... quero contigo partilhar as noites junto ao rio, os archotes que nos iluminam a noite, o cheiro da cidade por entre nossos rostos que se aproximam sorrateiramente em busca de um beijo.
Acordo a pensar em ti e contigo adormeço nos braços dos meus sonhos...
Queria tanto te abraçar neste instante...
Queria tanto te beijar neste momento...
Queria tanto saborear o teu olhar no meu...
Queria tanto ter-te aqui, agora, comigo...
sábado, julho 14, 2007
INSTANTES
quinta-feira, julho 12, 2007
LEVA-ME
Esta noite, conduz-me.Leva-me para longe enquanto a noite misteriosa se transforma em dia.
Deixa-me na pele as marcas da paixão, do tesão. Para que de manhã, toda a alma lavada se sinta vazia. E o corpo dorido e cansado faça ver toda a vida de uma forma muito mais leve.
Crava-me as unhas na pele, desliza todos os dedos em mim. Sua-me o corpo, aperta-me com os teus braços, puxa-me para ti, diz que me queres.
Desabotoa-me as calças, rasga-me a roupa, deita tudo fora, tudo o que prende por dentro.
Agora.
Passa-me a lingua no pescoço, nas costas, entra em mim, chama o meu nome.
Esgota-me.
Tira de mim o fogo, liberta-me de gritos silenciosos, dos olhares perdidos, dos gemidos sôfregos que arrasto.
A noite está quente. Não me perguntes onde quero ir.
Leva-me.
Conduz-me.
Diz-me tu.
Onde me queres levar?
Deixa-me na pele as marcas da paixão, do tesão. Para que de manhã, toda a alma lavada se sinta vazia. E o corpo dorido e cansado faça ver toda a vida de uma forma muito mais leve.
Crava-me as unhas na pele, desliza todos os dedos em mim. Sua-me o corpo, aperta-me com os teus braços, puxa-me para ti, diz que me queres.
Desabotoa-me as calças, rasga-me a roupa, deita tudo fora, tudo o que prende por dentro.
Agora.
Passa-me a lingua no pescoço, nas costas, entra em mim, chama o meu nome.
Esgota-me.
Tira de mim o fogo, liberta-me de gritos silenciosos, dos olhares perdidos, dos gemidos sôfregos que arrasto.
A noite está quente. Não me perguntes onde quero ir.
Leva-me.
Conduz-me.
Diz-me tu.
Onde me queres levar?
quarta-feira, julho 11, 2007
CHAMA ACESA EM TI
O teu poema em chama, erupção, transfusão de sangue em seda que me envolve por entre janelas voadoras que me fixam no teu olhar adocicado, porque a sede ávida pelo teu canto me faz viciado em admira-lo, é nicotina que minh'alma mendiga impaciente. Os teus lábios que fervilham a mais de trinta e nove graus centígrados, que eu à sombra sorvo cego sem olhar, que me ferram dardos sem abrolhos mesmo que deles não afluam palavras com rosto de ponte levadiça, são arcos onde transbordam rios prenhes dos teus nardos. Canta para mim, ave formosa de voz sedosa, que a cada canto avisto remansos de desejos renovados e em cada orelha há beijos emigrados à espera de ti.
sexta-feira, julho 06, 2007
PIANO
Meti a chave à porta e ao meu encontro vieram as notas musicais do teu piano de longa cauda negra. Mesmo antes de ver a expressão do teu rosto, percebo que não estás bem. Só tocas piano quando os teus dias são cansados, só quando a pressão é tão forte que te faz explodir. Nesses momentos, os teus dedos, como varinhas mágicas, transferem para as teclas, todas as emoções que habitam em ti. Invejo-as, porque lhes tocas, são aquelas teclas frias que recebem o calor da ponta dos teus dedos. São elas que são acariciadas e gemem por ti. Queria que me entregasses o teu cansasso, a tua raiva, a tua frustração, que fizesses de mim tudo o que te apetece. Hoje decidi ganhar esta guerra fria e vou entrar nessa partitura. Vou entrar no teu mundo e roubar ao piano o toque que é meu. Levo-te para um banho perfumado, passo aquele creme no teu corpo de cetim, visto-te o vestido vermelho que te escorrega lindamente no corpo. Aquele cujo decote faz adivinhar os contornos do teu peito, o redondo da tua anca, a rigidez das tuas coxas. Calço-te uns sapatos pretos agulha. Ponho-te o rímel preto nos olhos e um batom vermelho. Não esqueço o perfume em mim... aquele que te embriaga e que deixa zonza como se eu fosse um forte licor. Apago as luzes. Acendo uma vela. Queimo um incenso. Subo-te para o piano, o vestido sobe insinuando-te debaixo dele, o teu corpo nu. Sento-me perto, cruzo as pernas, e da minha boca saem sabores doces, acordes em todo o teu corpo. Levemente, deixo-te cair para trás, deposito o meu corpo na cauda do teu piano. O teu cabelo espalha-se pelas teclas. A música pára. Huuummm, e agora???
quarta-feira, julho 04, 2007
TU
Podia ser uma cama aberta no horizonte, e os teus cabelos num poente incendiado. Podia ser o teu sexo num cume de monte, e os teus seios despidos sobre este prado.
A mão que esconde mais do que oferece, os olhos de presa dominando o caçador. E os teus lábios que murmuram e precede quem só reza no instante do amor.
E se falasse dos teus olhos, dos teus braços, desse corpo em que me perco e te ganho, não mais acabaria o que tem de acabar: uma respiração de suspiros e de abraços neste canto em que és tudo o que eu tenho, nesta viagem em que não tem fundo o mar.
"Nuno Júdice"
Porque adoro estas palavras... hoje escrevo-te assim.
terça-feira, julho 03, 2007
UM QUADRO, UMA ESCULTURA, UM LIVRO, UM JARDIM
Preciso das tuas palavras mais doces pois anseio pelo teu olhar mais cândido... prepara a forma dos teus braços para que quando me chegar a ti não perca tempo a aninhar-me. Por entre a tela que pintas nesse templo onde anseio por pertencer na atracção do teu pôr-do-sol. Se um dia me fosse permitido fazer um pedido, um pedido especial e único, certamente seria o de te aninhar em mim e sentir-te adormecer por entre os meus braços. Desde que surgiste no meu caminho as luzes das avenidas acenderam-se e voltei a sorrir. Inevitavelmente à luz dos teus olhos sinto a inspiração que me faltava. Sinto-me como o vento que voa sem rumo e pousa no rosto de quem se ama. livre, que se deixa repousar sem rastro, profundo. Chegas-me sempre nas primeiras palavras da manhã, por entre o desejo de sentir o aroma das flores plantadas no teu jardim onde colhes a paixão que brota por entre os sentidos que nos abraçam e depositas o bailado febril das vontades sonoras do amor por entre o ar sonando no sonho como uma nuvem que se perde e ali permanece a flutuar no teu oceano quente ao sol. Para ti absorvo o sabor de um verão em cada beijo cego que te ofereço antes de adormecer, surdo e mudo respirando de súbito, em uníssono num só frémito a insónia submersa que me provocas na vontade de te querer e que regressa pouco a pouco aos nossos braços, afogados na espuma do teu mar quando me tens junto a ti. São breves mas intensos nossos encontros, de olhos, boca, peito e mãos que se fazem por entre o corpo onde percorro todos os vãos, as linhas e os contornos que desenho qual pintor na ânsia de desenhar e decorar para mais tarde recordar. Amo sentir o passar da minha mão, carinhosamente, pelos cabelos perlados do teu calor e tenho a recompensa de um sorriso suspirado que nem os Deuses se atrevem a copiar, tal como uma nota impossível de reproduzir em qualquer instrumento e ali fico, saboreando-te a meu lado, sopro-te a face, de mansinho, apenas por instantes para te refrescar e deixo-te submersa num doce sonho ao qual lentamente escrevo nesse livro que nem sabes que escreves, mas onde a autoria te pertence, nesse capítulo que te dedico e ao qual aspiro que se prolongue por o tempo passado entre nós. Sabe bem, sim sabe bem sentir as tuas palavras a escorrerem por entre os meus lábios que te procuram, a penetraram-me a pele e a percorrer-me por dentro até chegarem ao coração, deixando um rastro de fogo à sua passagem e sinto, sinto o meu corpo a queimar enquanto miro os teus olhos e perco-me nesse céu verde azulado que me ilumina a alma. Amo quando bebes minhas palavras numa doce lentidão para sentir o seu sabor. Sinto-me cúmplice em ti, cúmplice de um segredo de criança, daqueles que se fazem juras de sangue e honra a sua sede guardando-o num frasco de vidro para o contemplarmos juntos, sempre que o quisermos. Fecho os olhos e estendo a mão em teu rosto... não preciso ser escultor para saber o que desenhar por entre o partir da pedra... sei que o cinzel aguçado dedilha por entre as tramas do granito numa valsa sincronizada com o que sinto e ao som de pequenas histórias que escrevemos entre nós, e deparo-me com teu rosto esculpido no qual viajo nos teus mais doces encantos e sou teu, com vontade e com gosto. Penso em ti em todos os minutos do tempo que os dias nos trazem e sempre penso com a ternura e o amor no qual procuro recordar os detalhes, de quanto carinho para comigo existe em cada um dos teus gestos. Existe sempre na vida uma música que consome e queima nosso coração por entre a qual se tenta encontrar na nossa mente lembranças e momentos algures escritos a dois e que nos toca aquece a alma... minha música... não é feita de sonetos, de acordes ou baladas... a minha música és Tu na plenitude do teu ser, na expressão do teu olhar, fixo, perplexo, comovido, na carícia dos teus lábios que brilham, explodem, espelham toda a fúria do desejo sentido, no toque das tuas mãos por entre as quais sinto arrepios, se soltam faíscas, na medida exacta da minha atracção. Sei que sou uma carta escrita por entre letras soltas, uma brisa, um pássaro que voa por entre as ondas do luar, ácido, mel, um homem que também chora, ou mesmo um menino que implora, por entre trovoada seguida de um jardim enfeitado... Sei o que sou e sou simplesmente um Homem de alma, que te Ama!
segunda-feira, julho 02, 2007
JUST LIKE HEAVEN
Acordei agora mesmo para ti e tenho na boca o suave e doce sabor da certeza que podia dormir em tuas asas que me tocam os dedos e me levam a afagar mágoa que exista da tua alma nua de esperas, a tecer teias de enlevo por entre dores escondidas nesses teus cabelos loiros de Sul que agora se sentem tentados a acariciar teu corpo branco num vento Norte, exausto por tanto caminhar em avessos e no reverso do trevo.
O teu sorriso verdadeiro e desperto não se dissolve na peça que eu escrevo, por onde insisto nas avenidas dessa cidade encontrar atalhos que me cerquem e conduzam a ti minado pelo fulgor do desejo e a vontade de te de novo sentir junto de mim.
É o orvalho que se põe em teus cabelos e deles faz a lanterna brilhante da noite que ilumina de candeia na mão a avenida que percorro sempre com teus olhos mirados nos meus. Saudades... sim essa revolução sentimental do querer simplesmente parar, deixar tudo, e rumar contigo como meu destino.
Quero-te assim deitada por entre as rosas que te ofereci e oferecer-te meus braços como almofada da tua vida e as carícias o aconchegar dos lençois de linho...
Ah feiticeira… se ao menos tu soubesses… a saudade que me cresce das tuas mãos, teu rosto, do futuro das nossas vozes e sorrisos passados que pretendo ver futuros… brevemente... ansiosamente...
Subscrever:
Mensagens (Atom)