sexta-feira, março 30, 2007

LENTAMENTE

Vem dormir comigo, juntos, abraçados numa mistura de aromas doces. Apetece-me inalar o cheiro da tua pele, sinto esses teus movimentos lentos do teu corpo e as tuas caricias, num ritual lento enrosco-me no quente do teu calor, sinto os teus lábios se aproximarem e encosto a cabeça ao teu ombro enquanto a música rola pela minha pele. Beijo-te as pálpebras na ternura das palavras que não digo mas és capaz de adivinhar, depois deslizo e aninho-me no teu pescoço na espera do toque das tuas mãos que me dizem que me sentes, que me queres... e eu... eu sinto-te... e eu quero-te... sabes-me a mel e a cerejas suculentas na ponta dos nossos lábios colados, sinto-lhes o sabor, sinto a doçura da tua alma em mim, sinto o teu e o meu respirar, sinto o teu e o meu sorriso interior e o ar que respiro passa a ser a tua pele e a luz que me ilumina o teu odor, e a saliva que dissolvo sem destino o poema onde te chamo amor e caminho na tua pele devagar, sentindo a saliva escorrer dos nossos lábios que se amam em palavras e beijos, e inspiro como se o som das palavras que não pronuncias fossem o meu respirar.Respiras-me também por instantes e ouves-me a chamar-te amor e a cada momento de silêncio ofereces-me o toque mais doce que alguma vez senti, e o momento passa a estar repleto de magia porque sou em ti e estou contigo, porque em ti tenho espaço e chão e sinto no coração o correr de um rio sem sobressaltos e sem marés, porque te amo numa paz imensa, que semeia em mim o sorrir que te quero dar, porque somos um poema a dois num ritmo silencioso e num respirar de sílabas que se cruzam numa rima perfumada que nos leva à melodia e nos deixa amar livremente, dás-me aquele beijo, e a distância desaparece porque não tinha mais espaço entre nós e mergulho em ti em cada uma das gotas que bebes de mim, dissolvo-me na cadência do nascer das estrelas nesta madrugada em que conseguimos entrelaçar as nossas almas, e vamos ser um só.Não existem medos... sobressaltos em salvas por assobiar, ou trovões por desvendar. Encerraste-mos nas pálpebras do teu olhar, na mão que me acariciou a face, no abraço que me guardou o sorriso, no despertar dos sentidos e das noites tensas e silenciosas que agora suspiram o meigo luar de um tesouro que aprendeu no silêncio dos olhos as palavras dos sentidos, a jóia de real valor... Quando me seguraste a mão e saímos a correr pelo jardim das palavras, aprendendo um com o outro e descobrindo emoções, o céu prostado em nós se abriu num abraço de adolescentes, meus olhos brilharam pois dentro deles conseguiste colocar a lua... descobriste-me a alma e deixaste-te levar pela brisa mansa que habita em mim, deixaste-te envolver pelo barulho das ondas do mar, e quando abriste os teus olhos, não te deixaste cegar pelo pôr do sol, soubeste apreciar as coisas pequenas, abriste o coração e deixaste-me entrar de mansinho, sem preocupação, com compreensão e dedicação, e assim provamos diáriamente a plenitude do sentimento que vai dentro de nós e nos enche de alegria.Lentamente me foste invadindo, conquistando, tomando, dominando até que... as muralhas caíram, os mares se juntaram e por entre paisagens verde-escuras de terras cultivadas, nasceram campos de orquídeas selvagens, paisagens surpreendentes de uma longa sucessão de dunas brancas e ondulantes visíveis até do espaço sideral, estendendo-te por uma faixa de quase deserto.Caminhava de pés descalços, nú aos teus olhos, sentindo cócegas que a areia me faz, indo ao encontro de ti e de mim.Neste lugar inesquecível encontro um bálsamo para o espírito o qual quero partilhar contigo, um som tranquilizante das ondas e das gaivotas que nos despertam pela manhã. Rompeste-me o silêncio sobre o meu mar e deixaste-me nascer, crescer livremente na tua presença.As verdadeiras palavras são ditas com o coração... e essas... sinto-as em ti...
Viver o amor é sentir a necessidade de dizer amo-te em instantes inesperados...
"AMO-TE"

1 comentário:

Jaime A. disse...

Adorei!!
Uma dúvida: por que não há mais "gritos" a comentar o que escreve?
Abraço