Sentado nos braços escuros da noite, sinto sede da lua... e sinto sede de ti...
Não sei porque não consigo esquecer o cheiro do mar se não são de algas as vestes que me cobrem o corpo nem de corais as íris que me trazem a tua imagem...
Vagueio para além do espaço que sufoca a extensão das mãos agora completamente ausentes de mim...
Guardaste as minhas mãos no teu rosto que não alcanço... guardaste-as nas tuas e é por isso que é a minha alma agora que te escreve e não as minhas mãos...
Mantém as minhas mãos assim guardadas nas tuas... não mas restituas porque eu nunca mais quero escrever-te com elas.
É muito mais fácil escrever-te com a minha alma porque as mãos nunca escrevem completamente o verbo amar...
Abraça-me... faz de mim um prolongar do teu próprio corpo. Abraça-me esta noite em que chegam até mim os ecos dessas lágrimas que te alongam o olhar e te salgam a língua.
Deixa-me embalar-te, meu amor, e invadir a hora dos teus sonhos, como se fosse um espaço meu. Não descerres as pálpebras... quero entrar devagarinho no teu mundo, tão devagarinho que mais não pareça que um leve encostar da minha cabeça nos teus ombros.
E este abraço que te peço, gostava que fosse ao ritmo do mover das penas nas brisas quentes de um entardecer ameno, com cheiro de ervas rasteiras e juncais... e com sol, muito sol, mas já naquele tom alaranjado e nostálgico que se prende nas íris de quem o sorve de braços e olhares entrelaçados. Era assim que eu queria que que a tua pele tocasse a minha, pelo meio dos teus braços nas minhas costas e do meu pescoço nas tuas mãos... e ao som daquela força que os corpos sussurram baixinho quando se desejam... E também era assim que eu queria depois deixar que o meu corpo deslizasse para o teu colo, antevendo o acordar da lua num leito de água doce, bordado de sons de palmeiras ao ritmo dos primeiros frescos da noite e de pequenos rumores de ondas em embrião...E sentada no meu colo, no momento mais perfeito deste abraço, bordaria a saliva no teu ouvido o sussurro "És a Lua da minha noite, o Sol do meu dia, Amo-te..."
E sabes, amor, quando a lua, já cansada, adormecesse, o amanhecer encontrar-nos-ia numa qualquer margem de um rio, adormecidos... mas abraçados.
Vai já alta a noite e as palavras tentam enroscar-se no embalo do universo dos sonos, mas obrigam-me a alma a despertá-las para que possa eu, viajar nelas um pouco. Não sei exactamente até onde me levarão neste momento, por isso deixo que corram livremente ao sabor do pensamento.
Sei que encontraste o meu sorriso no firmamento terno e lento dos trilhos das estrelas do mar, como sei que depositaste ao seu lado os teus lábios, em gesto igual. E sei, também, que é assim que as searas se cobrem de girassóis gigantes e de arco-íris que trespassam nuvens de algodão doce.
Sento-me um pouco, olhando o brilhar das areias, sob o luar, e encontro as pegadas dos teus pés que, entretanto, descalçaste também. E sabes?... descobri que os teus passos e os meus se entrelaçaram à semelhança de um crispar de dedos na hora da entrega de dois olhares em fusão.
E porque há encantos que não se confinam aos limites do que é razão, vou abandonar-me a esta noite de luares mágicos, encostando suavemente a minha cabeça no teu peito e adormecer no doce sentir de um beijo teu...
3 comentários:
Sabes o que quero?
Colar meu corpo no teu e rolar pela areia da praia....sentir as ondas do mar a bater em nós enquanto os nossos lábios dançam em sintonia ao som da música do amor.
O que te parece?
Beijo
Kicas
Queres sentir o calor dos nossos corpos? Os beijos longos e endiabrados ao som das ondas que se ajoelham perante nós?
Parece-me excelente meu Amor.
Onde e quando???
Amo-te...
Por mim mor era JÁ......
Qualquer altura ou local é BOM para estar contigo.
Amo-te
Kicas
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