terça-feira, junho 26, 2007

LUA

Alvoreceu e despertaste-me de lá longe, ao meu lado. Sei que adormeces, madrugas no enlevo e transformas-te em criança-mulher ora inundada por mim, ora por ti. Abro os olhos e sinto-te, mulher que caminha por entre a areia da praia a esboçar linhas e trilhos os quais percorro e entregas-te no calor das dunas onde te desvendo aos poucos o meu sonho, onde te amanheço e se estancam as vagas de choro que o mar verte ao te ver no regresso impossível ao começo. O mar é cão, ouvimo-lo a morder enchendo-nos os ouvidos de buzio e o teu corpo quente do moliço para que oiças e sintas, no sonho, as carpideiras em pranto de lágrimas e salpicos de mar, pelo naufágio de uma fantasia de sal ao largo de um cabedelo tinto ao luar. Mas eu sonho-te, cinjo-te num abraço, alago-te de um oceano chão de ruídos. O mar é bom, envolvo-te, torno-te Lua, perto de mim, nos quartos ou cheia, com o coração espelhado a incendiar a noite desbravada onde te fazes despida, junto a mim, por cima de mim, ou dobrada no espelho de sal e areia com tua pele de tatuagens genuínas.

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