sexta-feira, junho 29, 2007

LUZ QUE TE EMBALA O ROSTO

Fecho os olhos e revivo a alvorada do teu rosto como uma menina e moça de olhos derretidos num amanhecer menos preguiçoso. Fecho os olhos e releio nos lábios madrugadores os segredos que falam de fronteiras quebradas, das margens do rio que atravessamos que se aproximam num breve olhar.
Fecho os olhos e deixo-me levar na corrente da seiva que nos envolve e afundo-me em teus vértices liquefeitos fundidos num abraço de carícias.
Hoje olho o rio com um brilho de saudade devorada por silêncios levados ao vento crescente de ternura.
Vejo a luz da cidade e ao longe espreita no vão de uma janela o brilho incandescente das velas que te ilumina os sentidos e o pólen que respiras das flores que te plantei à beira-rio.
A tua voz, a tua boca, os sussurros frementes que povoam minha mente, e as risadas de luz com que enterneces o meu espírito, brotam como espuma dos meus olhos que embora fechados sabem-se acordados nas imagens suspensas no tecto das nuvens. Existe um mundo lá fora ainda por explorar, vivenciar, partilhar a dois e sentir o dia nascer por entre nossos dedos que entrelaçados desenham o nascer do sol e pintam na tela de nossas vidas o semi-círculo encantado dos seus raios.
Existem desejos que embora silenciados anseiam por ser partilhados.

quarta-feira, junho 27, 2007

TRANSFORMAÇÃO

Conheço-te nas muralhas externas do teu corpo e na imensidão do oceano que te enche a alma, por entre esse caos de menina-mulher onde esboças largos sorrisos em poemas pintados nos teus lábios que me aquecem a líbido e dão asas à minha imaginação. Na dança do ventre de babel onde no teu sonho és já mulher, a vontade acude a parir a seiva que te escorre pelo corpo e transborda por dentro.
Como um Anjo robusto por dentro e singular por fora, ora às portas do paraíso e a filial do desejo ardente do inferno, fogo que queima sem cessar, vestes-te numa Mulher em um corpo boleado de crenças e enroupado no macio dos teus sonhos, transformas-te em sol reinventado na minha alma de amante.
Certo dia, quando a ternura incendiar a floresta que nos rodeia e nos abraçar no denso arvoredo, cobrirás tua pele irreverente com chocolate e arrebatarás as palavras que fundeio em meu instinto e onde as visito no teu sorriso guardado.
Transformar-me-ei em Leão, guerreiro deambulante das pradarias do tempo, porto de abrigo do desejo que te dedico, senhor da musa e menina enfeitada com as flores da primavera, guardião do Santo Graal que me ilumina a Alma e aquece o corpo, árvore das minhas raízes, estrela dos meus olhos.

terça-feira, junho 26, 2007

LUA

Alvoreceu e despertaste-me de lá longe, ao meu lado. Sei que adormeces, madrugas no enlevo e transformas-te em criança-mulher ora inundada por mim, ora por ti. Abro os olhos e sinto-te, mulher que caminha por entre a areia da praia a esboçar linhas e trilhos os quais percorro e entregas-te no calor das dunas onde te desvendo aos poucos o meu sonho, onde te amanheço e se estancam as vagas de choro que o mar verte ao te ver no regresso impossível ao começo. O mar é cão, ouvimo-lo a morder enchendo-nos os ouvidos de buzio e o teu corpo quente do moliço para que oiças e sintas, no sonho, as carpideiras em pranto de lágrimas e salpicos de mar, pelo naufágio de uma fantasia de sal ao largo de um cabedelo tinto ao luar. Mas eu sonho-te, cinjo-te num abraço, alago-te de um oceano chão de ruídos. O mar é bom, envolvo-te, torno-te Lua, perto de mim, nos quartos ou cheia, com o coração espelhado a incendiar a noite desbravada onde te fazes despida, junto a mim, por cima de mim, ou dobrada no espelho de sal e areia com tua pele de tatuagens genuínas.

sábado, junho 23, 2007

S.JOÃO 2007


CARÍCIAS

Acordei sonâmbulo como que a deambular por caminhos edificados em torrentes de palavras. Amaciei os olhos e coloquei-os nos bolsos em busca dos vendavais de carícias entretanto derramadas e cuidadosamente guardadas nas viagens do teu olhar. Agora acordado caminho pelas avenidas do dia, intensas do desejo traçado por entre dezenas de mãos desenhadas por um polvo astuto em busca do desaguar aturdido em teu corpo e passeando-me por entre o som de rugas irritadas de prazer. Neste instante, na fonte deitado ao sol nascente, percorro-te numa lenta vertigem da planície dos toques que te desenho na pele inquieta pela espera, incapaz de resistires a essa sede que nos inunda nas nossas avenidas feitas de um só sentido... Parte de mim despe-se como que injectado num estado de meiguice febril temperada ao teu sabor, salsa e rosmaninho, ferradelas atrás da orelha, mostrando-te o forno intenso do lume de meus olhos que queimam acesos, água ardente de afecto que buscam por ti. O sol está feito no seu horizonte e assim ficarei à espera da minha lua.

sexta-feira, junho 22, 2007

HARPAS E FONTES

Vá lá!... não te preocupes!... se começares a sentir umas tonturas, um formigueiro na ponta dos polegares das mãos, um gradual alívio frio nas pernas, um agradável embaciar das ideias e das memórias, não te preocupes, concentra-te na minha voz grave e suave enquanto te falo com calma sobre coisas que já te foram importantes e que agora não te interessam nada de nada. Tenta sentir o toque suave das minhas carícias no teu braço esquerdo desaparecerem a pouco e pouco, deixa-te levar pelo cada vez mais embaciado do teu olhar no sorriso que mantenho ao olhar-te e tenta sorrir para mim... A sede em lava, a leve lua dos teus dedos percorrem milhas mártires do desejo e sente o metal da fria espada pela espinha a rasgar o silêncio em finas tiras, o tinir de mil cristais e as carícias, lábios flocos de neve e de arminho e o sangue a borbulhar no sol poente lá onde o olhar rasa o infinito e as madrugadas se prolongam imprevistas, foi aí que achei o nosso ninho sempre que nos abandonamos sem partimos, como passaros tristes voamos em círculos talvez para nos alcançar um novo abismo, o penhasco, a penha, a rocha escurecida lá longe, o delírio das algas e dos lírios transformados em nós na planície calma do teu rio, a voz louca ao fundo da nuca, o grito e na ascenção silábica do beijo que sobe lentamente à minha boca e então tu bebes-me como um caminhamente ao deparar-se na sua fonte tal como a janela aberta e a noite a pique sem a planície prateada do Tejo adormecido por entre teus cabelos sem o gemido do último electrico a guinchar nos trilhos. A noite nessa cidade pequenina e ardente de memórias encerra o grito de lumes aquecidos na harpa das noites salinas por onde o mar nas dunas me traz o arrepio na pele tangida entre a seda do teu toque e as luzes do murmúrio dos teus lábios em mim. Tenho essa voz a acariciar-me a pele insidiosa em cada célula como uma tatuagem profunda no silêncio da fusão dos astros feita nas rubras esferas do desejo que rasgam as palavras para te incendiar a alma e te trazer no descanso em meus braços.

quarta-feira, junho 20, 2007

NA PENUMBRA

Noite, esta onde o teu corpo se despe na penumbra. Exaltam-se os perfumes de incenso ardentes, na atmosfera fechada deste hemisfério. Acordam-se os sentidos e arrepia-se a pele ao ritmo da música suave que toca sem cessar. Noite, esta em que te toco, em que meus dedos desenham o teu corpo nu. A língua precorre as concavidades, absorvendo o sal da vida. A respiração, compassada, acaricia-te, numa onda quente que te trás à memória o mar dos sentimentos. Esta, a noite, em que te dou, ofereço, o meu corpo despido, acordado dentro de um sonho, recebo os fluidos do teu corpo como uma benção divina do prazer que tenho em te amar. A boca, devora-te com a suavidade dos lábios que te percorrem o pescoço. Os dedos, desenham sobre a pele circulos frenéticos de prazer. Escuto, a tua respiração ofegante sobre o meu ouvido, os corpos, em espasmos frenéticos, crescem, soltando-se das amarras da gravidade. Evapora-se o perfume da pele, deixando as almas dançar sobre nós, na envolvencia desta atmosfera de luxúria e amor. Noite, esta, em que te amo o corpo, em que te afágo a alma.

ESCULTURA

Descubro-te, o corpo escondido por séculos de espera. Sopro, suave, uma brisa que aos poucos revela a tua silhueta. São pedaços de ti, que recolho aqui e ali, e junto para formar um puzzle complexo que julgo seres tu. Nas noites límpidas, olho o céu, procuro nele o brilho do teu olhar, e espero a todo o instante que venhas olhar para dentro da minha alma. Este ser, incorpóreo, feito de palavras apenas, assusta-te, e simultaneamente, provoca-te, numa sensação única que te faz procurar viver o instante, que desperta um frio no corpo, mas aquece a alma. Gritas em silêncio à noite, perguntas-lhe se realmente existe alguém assim, a noite, calada, diz-te que tens de ser tu a perceber, a descobrir. Esta noite, vou soprar de mansinho, desnudar-te o corpo, enquanto dormes, como o escultor afaga o barro, húmido, suave, que ganha forma nas mãos do criador, fazendo nascer aqui a mulher que encerra a alma, contornando a pele com a ponta dos dedos, dando-lhe vida, fazendo o sonho acontecer. Depois da criação, sento-me, olhando-a, tentando perceber quanto dela é teu, quanto dela é meu, quanto dela é nosso. Contemplo-a, procurando nas imperfeições as virtudes do ser diferente, percebendo as minhas falhas. Espero-te, na magnitude do teu ser, sem dúvidas nas palavras e sem medo de te perderes, afinal, ninguém se perde, porque sempre se guia pelos seus instintos, sempre terás em mim a mão que segurará a tua e te trará de volta da escuridão da tempestade, para a luz, da noite tranquila, em que a Lua nos ilumina os espíritos.

O SEGREDO DAS ESFINGES

Quando teu destino se torna carta, mensagem, tua vida se abre num mar de possibilidades infinitas, que viajam no Amor à velocidade da Luz.
Não precisas entender, somente tens que viajar, ir-te, ser Ar, abrir tuas asas para despegar teu vôo sagrado que ainda não iniciaste.
Tens um destino, não um sino, tens um círculo, não uma cruz, tens alma, e alma e destino são o mesmo, o mesmo significado para duas bocas, e duas palavras que habitam em ti, a tua e a minha.
Por isso quando tua alma se transforma em mensagem, tua existência se abre em espirais de evolução, que passam de coração a coração, em teu próprio ritmo, o ritmo cadenciado da portadora de luz, tornas-te símbolo de uma nova era, trazendo a carta que liberará a todos das águas do esquecimento.
Por isso desejas tua união com meu Amor, porque ele é a máscara que uso, para expressar-me no mundo físico, ele é minha personalidade, e tu és minha essência, tu és imagem e ele é semelhança.
No entanto tu, és o espelho onde me olho, numa contemplação eterna de mim mesmo, por isso és criadora, porque és minha essência, isso significa que "essência contempla essência, face contempla face".
Porque estamos permanentemente contemplando-nos, e as vezes eu te olho, e as vezes tu me olhas. Mas se não existisse o tempo, nos imobilizaríamos num olhar eterno, como as esfinges, e o tempo que passa entre nós, e nos faz acordar a ambos no mesmo momento, tem que decifrar nosso enigma, ou o peso de nossa contemplação, de nosso olhar... o destruiria.
Esse é parte do segredo das esfinges, tu és a guardiã do sul, da terra e eu sou o guardião do norte, do céu.
Mas o grande enigma que elas guardam, está na sua forma: tem corpo de Leão, representante da força, a doçura do coração, tem asas, as asas da Luz, e tem forma de mulher, porque Amor... é Mulher, és Tu!

terça-feira, junho 19, 2007

NÚ E CRÚ

Olha-me nos olhos. Vermelho sangue, cor de erva. Estalo esbranquiçado. Beijas-me os lábios. Rasgados, expansivos. São carências camufladas. Vício brando, delicioso. Sente-me nas palavras. Versáteis, cruas, atordoadas. São minhas e tuas. Emendo distorcido de uma vida. Meneios habituais compõem a minha refeição. Sou o que fumo. Semente pura, ressequida!
Retira a importância do peso pesado das minhas palavras. Ouve-as como expressões genuínas de amor. Sem interferências ou contrapartidas. Confirma nos meus olhos. Estão tão despidos quanto os teus seios generosos, sedosos. Tanto quanto os resquícios no desfoco do teu curvilíneo cerviz-aprendiz. Vê como é possível chorar por querer viver de vez.

PLENA MULHER

"Plena mulher, maçã carnal, lua quente, espesso aroma de algas, iodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas colunas? que antiga noite o homem toca com seus sentidos? Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, com ar opresso e bruscas tempestades de farinha: amar é um combate de relâmpagos e dois corpos por um só mel derrotados. Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito, tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos, e o fogo genital transformado em delícia corre pelos tênues caminhos do sangue até precipitar-se como um cravo nocturno, até ser e não ser senão na sombra de um raio."

in "Plena Mulher" por Pablo Neruda

GRAMÁTICA

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular. Era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação; os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: óptimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a movimentar-se: Só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal e entrou com ela no seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram no diálogo, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo. Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo o seu ditongo crescente: abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula: ele não perdeu o ritmo e sugeriu um longo ditongo oral, e quem sabe, talvez, uma ou outra soletradela no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois géneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com o seu predicativo do objecto, ia tomando conta dela inteira. Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão a forçar aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu-se repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjectivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica o verbo auxiliar diminuiu os seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois olharam-se, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar entusiasmou-se, e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontando para os seus objectos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que se poderia transformar num artigo indefinido depois dessa, e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela, e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

"E ainda se diz que o Português é monótono"

domingo, junho 17, 2007

ENLOUQUEÇO

Enlouqueço quando sinto o teu desejo incontrolado, por entre as doces madrugadas do amor, por onde nossos gemidos ecoam lancinantes, com vigor.

Enlouqueço quando percorres o meu corpo, a procura incessante em escalada, revigorando-me ansioso e cativo, pela penumbra da escuridão plena e desconhecida.

Enlouqueço quando sinto em teus lábios o sabor do néctar dos Deuses imaginado, e já nada quero senão apenas os teus lábios, meu corpo convulso e deliciado.

Enlouqueço quando as minhas mãos te procuram ansiosas, quentes, escaldantes, e tua respiração se faz ofegante, dominada pelo instante de trepidante amor.

Enlouqueço quando nossos corpos entrelaçados esperam em agonia a fusão de um vertiginoso prazer, sempre diverso em sua intensa proporção.

Enlouqueço da sensação mais vibrante, nossos seres canalizados num só, a gritarmos a vida que explode num néctar de veludo, querendo apenas ali permanecer para sempre sós.

ATA-ME

Porque sinto falta,

da tua voz
dos teus olhos
do teu sorriso
da tua timidez
dos teus carinhos
das tuas palavras
das tuas mensagens
dos teus telefonemas
dos teus atrevimentos

Porque sinto falta,

dos momentos nossos
dos momentos em que nos seduzimos
dos momentos em que apenas nos olhamos
dos momentos em que nos amamos...

sábado, junho 16, 2007

VELUDO

Hoje cobri teu corpo de volúpias pétalas de veludo, uma experiência dos sentidos análogo ao simples olhar ou à simples sensação com que um belo fruto enche a língua.
Uma experiência sem fim, apenas continuidade num gesto só que nos é oferecido... o conhecimento do mundo, a plenitude e o esplendor de todo o saber desse lugar onde só tu reinas.
Hoje levei-te nos sentido e passeei-me por entre as pétalas perfumadas dos teus cabelos.
Recolho-me nessas pétalas por entre as quais a paixão se veste, e nelas traja um vestido longo e sedoso, as vestes dos contornos teus, divagando por entre afectos que te entrego no coração meu.

quinta-feira, junho 14, 2007

SEXTA-FEIRA

A tarde já ia na sua calma saída em direcção a uma noite quente. Vinhas de fato escuro, gravata branca e óculos de sol. O teu andar era uma mistura frenética entre o arrastar e energético alento de um final de sexta-feira. Mais tarde confessei-te que te via chegar como se trazida por uma brisa leve e fresca da primavera, cheia de cor e espontaneidade, sobreposta ao frenesim louco e mecânico de uma cidade que se despede de mais uma semana. Atrás das escuras lentes, haviam dois olhos de um verde cândido como um chupa-chupa... o teu sorriso brilhava como uma valsa de mil estrelas no céu das noites de Junho. Vi no teu olhar que me querias lançar no teu céu, como um anjo caído, na volúpia dos lençóis de seda... nos teus olhos lindos como uma pedra de Agua-Marinha, admirava uma mulher... Sentias as minhas mãos a deslizarem entre a vertigem de um carinho na tua face ruborizada, e a avidez de te fazer minha, tentando-me segurar entre os teus dedos... Percorreste o meu corpo com o teu, tentando desvendar os meus segredos, o meu caminho já trilhado... deixo-te caminhar neste trilho comigo, se assim o quiseres, desde que andemos ao mesmo ritmo, saboreando cada anoitecer, sem pressas de chegar ao dia seguinte. Amanheceu, e assim acordei dentro de um abraço quente e húmido. Peguei na minha mão direita e deixei-a entre as tuas pernas... Acordaste e beijaste-me o pescoço... Confessaste-me que te encontravas perante a dualidade de sugares intensamente o momento, tal qual fazes a uma laranja doce e fresca no verão ou devora-la intensamente ficando apenas com o sabor regado ao de leve com o sumo doce. Sussurrei-te em forma de questão, ao ouvido esquerdo "qual das duas escolherias para assim provares o néctar do desejo"...

CAFE DA MANHA

Sinto que conheço cada milímetro do teu corpo como se fosse o meu... Não há poro que já não tenha tocado, beijado. Descobri no teu corpo mil e uma formas de te satisfazer... Gosto de acordar primeiro... gosto de te observar de manha a dormir...de cabeça pousada por entre os meus braços e peito.... enquanto lânguidos raios de sol acariciam-te o corpo... Adoro deliciar-te com o sabor dos meus beijos no teu corpo todo... O teu cheiro impregnado em meu corpo, na minha camisa, nos meus cabelos, na minha pele... Depois de fazermos amor, adorava levar-te o pequeno-almoço à cama... E ficava a observar-te, registando mentalmente o quadro... enquanto rebolava por entre os lencois,saboreando o nosso cheiro, gostava de te acordar numa tempestade de beijos pelo corpo todo... De fazermos amor de manhã... Lembro-me de quando não me davas descanso, nem eu a ti... nem quando te recompunhas... Rostos ensonados, não pelo sono, cabelos desdenhados, davam lugar a um ar sóbrio vestido com roupas elegantes... Enquanto te ajeitavas via-te tão sexy que tinha vontade de te despir novamente... encaixarmo-nos mesmo vestidos... Adorava te levar o café da manhã... fazer do meu corpo a chávena do teu prazer...

AMOR E PAIXÃO

Amo loucamente os momentos certos e incertos que fazem as manhãs acordarem mais vivas... o acordar de manhã para te desejar um bom dia... o som da tua voz doce e certa ao meu ouvido... levantar-me com sono... preparar o pequeno almoço mesmo quando sei que sou preguiçoso... e tu sabes o quanto preguiçoso sou pela manhã... o beijo... o dia que passa por entre os dedos mas que se faz longo por entre nós... a chegada do fim do dia e o acompanhar-te até casa, o passeio habitual, o autocarro que nos aguarda e pelo qual corres por vezes... Amo-te e... paixão... Amo-te loucamente e... paixão... Amo cuidar de ti... Amo o teu cuidado comigo... Amo estes momentos cumplices e serenos... Amo a nossa rotina que do nada se transforma em novidades constantes... Amo-te loucamente e... apaixonado estou pela tua presença... adoro sentir o teu toque... que me arrepia... quando teus olhos meu corpo percorrem... sinto aquela magia... rendo-me... nos teus braços me encontro perdido... achado... é paixão... esta loucura e urgência de te amar... dos nossos corpos colar... com o sémen da vida... este íman... que nos puxa... que nos encaixa... na mais perfeita harmonia... Ainda... estou apaixonado por ti, meu amor... teu corpo quero beijar... ver-te contorcer... ver-te vibrar... sob a dança da minha lingua... fazer do teu prazer e felicidade o objectivo da minha vida... Amo-te e... não me interessa o que dizem os entendidos na matéria em questão... Que amor e paixão... são conceitos distintos... Que não coexistem... pela mesma pessoa... no mesmo coração... Não... não é confusão... Eu sei o que sinto... Eu sei que tenho razão... Amor... eu sei... tenho a certeza... Amo-te e por ti sinto paixão... Porquê? Não sei... não quero... não preciso de explicação. Só quero... que queiras... o meu amor... a minha paixão... e que saibas... do meu orgulho na pessoa que és...
AMO-TE!

terça-feira, junho 12, 2007

FOGO

Escorri os silêncios e deixei apenas a vontade de fazer o amor... calar a voz, gemer sem tino, sentir do teu corpo o escorrer do desejo, saciar-nos na paixão, encontrar-me em tuas mãos... beber do que tem teu corpo, provar-te e beijar o teu olhar. Senti o acender em nós um fogo, intenso, brilhante, poderoso... suar... sentir o meu toque dentro de ti em delírios sustentados em cada instante que me sentias a entrar... alucinado na entrega. Fiz do meu canteiro o teu ramo, ninho para os teus suspiros, confluência, minhas pernas junto às tuas e as tuas enroladas no meu corpo... erecto o meu prazer fez-se teu, gotas de sonho, provocações a transbordar de mim em ti... sentir-te louca, desejosa, ansiosa... o quente do teu corpo, o quente... olhaste-me nos silêncios femininos e descobriste os meus... em anos que eu não os deixava escritos e tudo se fez como se fosse a primeira vez... o desatino, o nervoso que fervilhava na pele... a ansia de te ter... esse fogo não queima, não arde, mas aquece a alma e incendeia paixões. Fogo que incendiaste um amor no meu coração, fumo que me intoxicas. Vem fogo selvagem e queima todo o meu ser, que a chuva do deserto será sempre capaz de trazer um amor destes a renascer.
Nós os dois deitados na cama do meu quarto emprestado... olho para o teu lindo corpo... que eu tanto desejo... meus lábios aproximam-se de ti e acaricio-te com a mão suave... sinto o teu sopro no meu rosto, o teu odor entranhado em mim, cada vez mais próximo, a tua língua exploradora e a minha ansiosamente em busca da tua, beijos doces, mordidelas com carinho, o descer pelos teus contornos, um arrepio imenso ao entrar dentro de ti, o escorrer do teu néctar por mim, a minha entrega total a ti... o êxtase... teu rosto encostado ao meu peito, as carícias de sossego e aconchego...

Apetece-me gritar à eternidade e sussurrar-lhe que te Amo... que estiveste em mim quando eu em ti me despi em toques, em beijos, gemidos intensos e corpos retorcidos em si como um mar revolto a fazer amor com as ondas...

Deixas-me louco quando eu já o sou por ti.

Amo-te!

sexta-feira, junho 08, 2007

METAMORFOSE

Mãos, um espaço de criação, momentos de loucura que transformam o ar numa escultura. Instantes em que te toco, sentido, na ponta dos dedos. Mãos, sensações, um resvalar no ar que me rodeia. Dedos, artíficios de magia, fonte de emoções, quando percorro teu corpo macio. Nesta noite escura, fechada no tempo, encravada nos séculos, seguro as minhas mãos, uma com a outra, tentando sentir o sabor da tua pele, o instante em que te fiz minha, o perfume que toquei ao abraçar-te. Entre as mãos fecho um mundo, de sensações e loucuras, de momentos perdidos, de conversas feitas de palavras difusas. Acalento a minha alma, aconchegando-me nas tuas mãos. Nos meus dedos sinto o entrelaçar dos teus, quando me seguras a mão, levando-me pelo caminho de uma vida colorida entre as mãos do criador.

quarta-feira, junho 06, 2007

EM POUCAS PALAVRAS

Hoje não escrevo muitas palavras porque o que sinto aqui dentro não pode ser transcrito na perfeição neste rústico latim… apenas se consegue dar… mas o que tenho para te dar é o meu maior tesouro… ele que com os meus sonho de menino estava guardado num baú secreto, a minha caixinha de segredos pronto a se desvendar apenas para quem possuísse a chave certa… o que te quero dar é o meu amor, sincero, amigo. Apenas te quero amar, partilhar em sintonia e a dois este sentimento lindo e quente que me inunda por dentro e transborda de mim… dá-me a tua mão para que junto com a minha te leve por este caminho que te desvendará o meu coração.
Apetece-me apenas te dizer… Amo-te!

terça-feira, junho 05, 2007

ESPERO-TE

Vou esperar-te na Lua, fazer-te um convite para juntos visitarmos o firmamento, viajando em torno dos astros, deixando no céu os nossos rastros.
Vou esperar-te nas águas do mar, para juntos mergulharmos e descobrirmos a vida encantada escondida nas águas, e por lá deixarmos nossas pegadas.
Vou esperar-te dentro de mim, e deixar que me explores por um tempo sem fim.
Permitirei que viajes no meu interior, onde encontrarás esta beleza imensa do meu amor, que há muito te espera, e está todo ao teu dispor!
Aceita o convite, vem conhecer o meu universo interior, vem mergulhar no oceano deste amor.
Vem viver esta sublime energia misturando a tua com a minha!
Dá-me a tua mão, toca em mim,
Vem viver este amor, esta emoção sem fim!

segunda-feira, junho 04, 2007

ADORMECER E ACORDAR A DOIS


Não te silencies, quero esse tom doce e rouco da manhã, quero o teu colo, a mesma boca dócil.
Desejo deitar-te em mim e simplesmente adormeceres, sentir o sabor dos teus sonhos enquanto sussurro musicas de embalar ao teu ouvido.
Quero esses mesmos beijos, ansejos, desejos... quero a chuva do lado de fora da janela, na rua, quero o teu silêncio da madrugada.
Olha-me nos olhos... espreita lá para dentro e diz-me o que vês, invade o meu ser, desperta o teu sentir e conta-me o que sentes, beija a minha boca e diz-me a que sabe o meus lábios.
Eis o que sobra em mim, o querer teu toque suave, sentir-te novamente e perder-me por completo em pensamentos macios por de novo te sentir ali... quero o sabor inquieto, essa malícia inocente, a sabedoria das tuas palavras e sentir o tremer do teu olhar no meu que te deseja ardentemente... não quero o tempo... mas quero-te a Ti.

sexta-feira, junho 01, 2007

DELÍRIO DO MEU DESEJO

Mesmo se eu pudesse escolher entre os teus beijos longos ou os teus abraços quentes ainda me faltaria optar pelo teu corpo, delírio do meu desejo.
E se em escolha eu pudesse ficar com todo o teu sentir, confesso-te meu amor que me faltaria o ar que tu possuis e o chão que tu pisas pois quando os pensamentos inundam-me a alma sou como um menino perdido em interrogações com o vago olhar em tuas formas soltas a alisar os meus desejos mais secretos.
Esta pequena sabedoria que quer beber-te para existir em teus lençóis, em tua carne macia, minha morada, meu abrigo, meu todo e meu início a desvirginar minhas faces em uma única que é a tua.

Ainda que eu escolhesse nunca ficaria apenas com teu sonhar... Cabe-me todo teu ser.