quarta-feira, agosto 22, 2007

UM DIA, UMA TARDE, UMA MANHÃ, CONTIGO...

Nada se move lá fora. O calor torna-se sufocante, o ar impossível de respirar. Multidões atolam o areal em frente à janela desta velha casa. Um areal de perder de vista, plantado neste país à beira mar esquecido… As crianças espezinham os que já nem se lembram de respirar, os cães destroem as belas construções dos terroristas de pés grandes, o homem dos gelados dá-se por vencido. Um terror à sombra dos 40º que entram, intrusos, pelas narinas, boca, por todos os poros até nos secar o estômago.
Cá dentro somos dois. Respiramos o ar azul e egoísta; fresco como o Outono de tempos. Deito-me ao teu lado e vejo-te deixar cair as pálpebras, olhando-me como se um perdão fosse pela suavidade com que te deixas vencer pelo cansaço que invade o corpo. Intensas são estas noites contigo. Olhas-me várias vezes… Sorrio e fico a contemplar a beleza que pediste emprestada no dia que nasceste. Penso eu que foi nesse dia, pois sempre me lembro de ti assim, perfeita, envolta em nuances que te tornam mais bela. Tu sempre te achaste menos do que és, mas com o tempo foste-te esquecendo de reclamar.
Lembro-me quando juntos, partilhamos as manhãs, a tua pele junto à minha, os teus olhos espertos para a novidade, com uma cor que os torna únicos. Encosto-me a ti e dormimos apertados.
"Se pudesse, os meus lábios fariam parte dos teus, para sempre."

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