quinta-feira, agosto 09, 2007

A TUA PORTA

Gostava de me encostar à porta do teu quarto, com o ouvido colado ao chão para te saber os passos, para sentir no corpo o que se ausenta nas minhas mãos.
Gostava de te saber deitada por entre lençois de linho e sentir a brisa no meu pescoço dos sonhos suspirados por entre lábios teus.
Quero dar mais um passo na direcção daquela luz que brilha por entre a fechadura da tua porta e me ilumina a esquina de uma mala de viagem pronta a ir ao teu alcançe. Posso emalar a via láctea ou um beco de alcatrão, mas quero dar o passo por entre o abrir da porta do teu quarto, e encontrar-te a sorrir a para mim, com um dos teus três sorrisos.
Quero te despir e massajar os pés cansados do caminho dos dias.
Tenho saudades dos canaviais, das algas e dos gafanhotos, dos lenços de tecido e das salinas, dos vagalumes, dos arraiais, dos candelabros debruçados sobre a mesa, do calor de um girassol que se vira, das mãos entrelaçadas e das viagens de comboio, de saltar na corda dos sonhos e de andar a pé a beliscar as conchas e das mãos que se entregam e passeiam por entre sombras de um jardim lisboeta.
Confesso-te... tenho saudades tuas e apenas passaram 59h29m34s

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