terça-feira, agosto 28, 2007

LEITO DO TEU RIO

Cubro-te o corpo desnudo com o véu escuro da Noite, afasto o dia, quero-te só para mim. Nesta névoa metálica, percorro-te o corpo, beijo sobre beijo, toque sobre toque, na suavidade da tua pele perfumada. Meus dedos perdem-se qual vento manso, inventando remoinhos sobre teus seios, minha boca, percorre o rio de teu ventre em direcção à foz, na sede de beber de ti. Rasga o tempo a penumbra que tomou de assalto o espaço envolvente, sente-se na pele o frenesim dos corpos que se agitam em ondulações que se desfazem na areia do prazer. Sobre nossas cabeças as estrelas precipitam-se, cadentes, numa atracção insustentável para a luxúria deste instante. Batem os corações a ritmos alucinantes, corre fervente o sangue por todos os vasos, desaguando em jorros de carmim nas veias que se dilatam nos corpos que se contraem e comprimem um contra o outro. Solta-se o sal da vida, em gotas de suor, qual lágrimas de alegria e felicidade que os olhos entregam à corrente desse rio de lava que escorre entre nós dois. A respiração ofegante, reporta-nos ao vento intenso da tempestade que a alma impulsiona, penetrando nos pulmões e invadindo o peito, alimentando o fogo que nos queima. Ecoam no ar, carregado de fragrâncias, suaves gemidos, a música do corpo, penetrado pelo prazer que o assola. Acordes de teu corpo, qual viola, que cantam sobre mim, alimentando o ritmo desta dança apertada que meu corpo desenha contra o teu.

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