Há uma tarde longa nos meus olhos rasgados.
Um campo de amêndoas a poisar no tempo da chuva,
um continente sem terra a arrastar-se nas pálpebras.
Há uma mágoa no sorriso que não se abre,
uma falta, um calafrio, um menos que nada.
Há uma aragem madura nos choupos da saudade.
É hora de adormecer este instante
no espaço vago entre os nossos braços,
baloiçando o vento que se esculpe nos olhos
(e que tarda, tarda a chegar à boca e ao chão)
para que sopre palavras e arrombe soalhos,
até que se canse de colher tempestades
e procure no colo da noite o teu ninho a minha paragem.
Sem comentários:
Enviar um comentário