sexta-feira, janeiro 19, 2007

DEVANEIOS

Por momentos decidi parar e deixar-me levar para este mundo onde tu me aguardas e pelo qual o tremor do meu corpo desperta no seu desejo.
Baixo a cabeça e sinto meus lábios serem tocados, húmidos pela tua boca...
Fecho os olhos e oiço violinos tocarem uma valsa, na qual não sei o nome mas a beleza do seu toque recorda-me o entardecer do outono, as folhas coradas a desfolharem dos ramos das árvores que se agitam ao sabor da brisa... a rua lá fora coberta por uma manta de prazer aos olhos de quem os abre totalmente. Sinto o bater desses ramos na minha janela e os violinos... continuam na sua valsa como se me anunciassem a tua chegada.
Continuo com os meus olhos fechados, ou estarão eles abertos... o teu perfume que agora sinto não me permite distinguir se estou a sonhar ou se aqui bem ao meu lado, aguardas por mim em meus lençois. Inspiro fundo e absorvo em meus pulmões cada centimetro do teu cheiro... bate a galope o meu coração como se de uma criança que sente o primeiro beijo se tratasse.
"Deixa-me te olhar" - e sei que me ouves porque aqui, na manta que me cobre os lençois sinto o teu corpo a aguardar pelo meu. Continuo a ouvir a valsa que agora toca em Sol e prolonga o timbre suave que inunda o meu quarto. A luz, quase nenhuma, é a suficiente para saber da tua sombra na almofada. Estico a minha mão no teu rosto que agora repousa e toco-te... a pele macia, majestosa, os teus olhos tombados pelo cansaço, cabelos que escondem parte do teu rosto como se anseasses aquele momento em que me encontras também nos teus sonhos.
"Hoje dormes comigo" - lancei-te gentilmente ao ouvido e sorris... um sorriso mais belo que o próprio arco-íris. Sei-te confortável em meus braços e aconchego meu corpo junto ao teu... "Sentes o calor?" - suspiras... aquele desabafo da alma que expele tudo o que a distorce e agora inocentemente se sabe no seu porto de abrigo.
Sorrio... sabe-me bem saber-te assim... sabe-me bem ser testemunha desse teu sorriso e advogado da tua paz. Hoje dormes comigo e sabes-lo como eu que me abraças e nesse abraço sentes a batida desse coração inocente de criança... - ouves? - eu sinto o teu... bem aqui em minha face.
A noite aconchega-nos o entardecer e as folhas que a pouco jaziam na calçada urgem-se agora ao sabor da musica dos violinos e dançam com o vento e nós... ali... nos lencois cobertos por uma manta azul... encantamo-nos a assistir a esse teatro que se desvenda apenas a nós.
Hoje dormes aqui... comigo... na minha cama... nos meus lencois... e essa manta que te cobre... que te aquece e protege... encanta o espírito e enriquece a alma... chama-se Amor.
Hoje... dormes comigo... por isso... até já...

1 comentário:

Anónimo disse...

Dormiste comigo....no meu corpo, na minha alma,nos meus sonhos.....hum como é bom acordar contigo!!!!!
Bjs
Kicas