Todos já ouvimos falar das praias da costa adriática da Jugoslávia, do destemido General Tito da Jugoslávia, dos comunista não-alinhados, da guerra na Bósnia lá para aquelas bandas distantes onde a Europa se perde para o Leste e daquele sérvio que resolveu assassinar o arquiduque austro-húngaro em Sarajevo causando muitos problemas à Europa dos impérios ou ainda dos ambientes apocalípticos kusturikianos, mas, ainda hoje, pouco sabemos desta Europa tão díspar. Aquela zona despedaçada, a da ex-Jugoslávia é um autêntico mosaico amalgamado de culturas fabulosas. Mesmo a Grécia que nos legou parte do que hoje somos, é uma tão grande desconhecida. Quando se fala naquele oriente, pensa-se invariavelmente — quer com o devido conhecimento, quer sem ele — num caos, numa zona ignota, ligeiramente oriental, a Europa de Leste, a remota Europa eslava.
Já no avião e acomodados juntamente com a carga operacional da Unidade BTS-4 assim designada, via-me por entre um emaranhado de rostos envoltos numa textura de tristeza e saudade dos que haviam já deixado em terra. Não duvido da capacidade destes nobres soldados que se aventuram a uma desconhecida mira de uma qualquer arma de fogo.
Melinda continuava a acompanhar-me durante a viagem. Havia já notado nela o desejo de se encontrar presente para mim, deixar-me conhecedor de todos os pormenores da missão e o que era pretendido de mim. Não era leigo algum na matéria e sabia que apesar do tom e pormenores com que se deleitava a entregar-mos, julgando talvez que nunca teria estado num terreno tão difícil como este, deixei-a continuar. O tom suave e alegre da sua voz aliviava-me o stress de voar. - “Quando aterrarmos teremos tempo para nos acomodar e socializarmos um pouco?” – interrompi eu o seu discurso contínuo e acenou-me com um sim misturado por entre um sorriso.
Foi então que decidi fechar os olhos e aproveitar as horas de viagem que se avizinhavam. Dirigi-me à mochila que me acompanhava com material ligeiro para me apoiar como almofado e reparei que estava a ser observado por Melinda. Ignorei, repousava agora num mundo diferente e tentava sonhar com mundos ainda por descobrir, o odor a ferrugem e a metais distintamente forneciam-me pistas das cores do cenário que iria trazer para o lado ocidental do mundo capturado pela lente da minha camera.
(Continua…)
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