quarta-feira, setembro 19, 2007

AGORA QUE TUDO SE CALA

Por vezes escuto no quarto um escuro muito vazio, meu amor. O corpo diz-me em surdina que me fazes falta e a noite vai crescendo, movediça por entre os lençóis que não têm o peso que preciso. Nesses instantes de saudade – haverá instantes em que não há saudades? – ponho-me a pensar que tudo me foge, que não sou um alquimista de pólos inversos e que nada reluz nas minhas mãos. Sabes, amor, por vezes o vazio é tão gigante que parece que vai engolir-me naquela cama desfeita onde se aninha a vontade de ser contrabandeada por entre os teus beijos e abraços. Sinto saudades do teu abraço tenro, poliglota e com todas as certezas do tacto. Sinto saudades tuas – daquelas constelações do teu olhar, a pingar estrelas voadoras.

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