quarta-feira, dezembro 24, 2008

Enquanto

Aproximo-me... lentamente... com serenidade... como se eu fosse o trajecto que timidamente vou percorrer e o destino que vou conquistar. Fico perto... o suficiente para te ouvir respirar, para sentir o teu coração bater, para absorver o calor que se te evapora da pele.

Contemplo-te... como se fosses uma peça rara de fino cristal, um quadro valioso de um pintor famoso, uma gota de orvalho, singela, sobre o corpo aveludado de uma rosa. Sente-me... pedes-me... como se fosses um farrapo delicado de nuvem que esvoaça pelas janelas da tua vida. Toca-me... imploras-me... com delicadeza... como se de um pássaro acabado de nascer te tratasses e deslizo... desde a ponta dos dedos, passo pelas tuas mãos e vou subindo pela tua pele trémula e macia.

Repouso o meu toque no teu rosto e seguro-o... como se fosse o meu bem mais precioso. Deixo que a tua boca descubra o mel da minha boca e que os nossos lábios se unam num momento mágico de prazer.

Permites ao meu nariz deslizar sobre as curvas do teu pescoço alvo e inalar da tua pele o teu aroma quente que mulher, o teu perfume fresco. Desnudo o teu corpo frágil e liberto-te de tecidos e pudores e deito-te numa cama feita de amor, com edredons de penas feitos de desejo, lençóis bordados de carinho, almofadas engomadas de mimos. Preparo-te um leito onde te sintas protegidas, onde me aninhe em ti e me possa perder para me encontar.

Solta a tua voz em doces ecos ao meu ouvido... adoro ouvir-te tão perto.


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