segunda-feira, fevereiro 25, 2008

XVIII - MAGIA

Um beijo, o olhar que trocamos, a Alma que se toca por entre carícias perdidas. Gostava que as palavras fossem dedos que se enlaçam entre as mãos. Gostava. Gostava que o toque fosse como sentir o que já senti e o que nunca senti. As palavras são apenas voos rasos entre recordações que ainda não tivemos. O que sinto não se faz em palavras, não se desenha em telas, não se toca nas melodias do pensamento fugitivo.

Aconchegamos os corpos um no outro, aninhados na sua nudez fisica e emocional. Os olhos fecharam-se, passamos a ser estranhos num mundo apenas nosso. Gostava. Gostava que o tempo fosse carícia que me aquieta sempre que ao longo da pele dos dias quando não a encontro nos meus olhos. A alma pede. A alma evita. A alma fica. As palavras travam. A voz silencia.

Enquanto ali deitado, os pensamentos percorrem-me o rosto denunciando sentimentos contraditórios. Gostava. Gostava de poder sentir nestes abraços intensos de divagações que o coração me empresta, um pouco mais, muito mais de um amor interrompido. O coração... aquele que me aperta o peito e me desfaz a razão em pulsações descontinuadas, acelera sempre que oiço a voz dela. Gostava de parar. Gostava de sentir o vazio da vida e preencher-me apenas de alguém que me inunda totalmente o meu ser.
Gostava... gostava de olhar para ela e dar-lhe em silêncio todo o Amor que fervilha dentro de mim...
É.
Gostava...

Encerro o pensamento e dou por mim a deslizar os dedos pela sua face de onde espreita um sorriso acalentado pelo calor que nos rodeia. Sinto felicidade no rosto dela, um desejo cumprido e realizado, sinto-a aninhada em mim procurando a protecção para uma noite que se faz já longa. Abraço-a e pouso o meu rosto junto do seu.

Na embriaguez dos sentidos procuro nos pensamentos a ponte que me leva ela. Tento fixar o meu olhar, a tua pele, o teu toque... Oiço vozes que preenchem as horas vagas e silenciosas daquela noite. Em mim tudo sinto como um todo onde eu e tu somos os únicos elementos deste universo de emoções. No teu prazer encontro o meu, na tua pele encontro a minha. Queria poder mergulhar no fundo dos teus olhos e desse toque primeiro, atingir o centro de um orgasmo de Amor.

No todo que somos o teu sorriso é o meu, a tua língua é a minha... o beijo é mel que nunca me sacia desta fome louca de ti. É nos teus lábios que me dás asas para contigo ir na doce obsessão de uma cama desalinhada, dois corpos enleados, dois amantes esquecidos do tempo... Na carne espicaça o vicio do cheiro de amar, no coração bate o doce aperto de não conter o lume de paixão que arde em todos os poros.

Sinto magia a acontecer por entre os pensamentos que se cruzam com os sonhos...

De pensamento descalço, caminho pé ante pé. Oiço o eco dos meus passos ressoando dentro de mim como vozes e segredos que me cantam á alma no silêncio da noite. Sei para onde vou, sei para onde me chamas, sei para onde queremos ir. Sinto-te em cada passo simultâneo que damos sem saber. Não te vejo, nem tu me vês, mas sentimo-nos á distância do aroma do beijo que ansiamos.

Dou asas ao sonho e carta branca ao coração para me guiar nesta estrada de bermas escuras, onde as sombras que me espreitam não me assustam, nem a névoa do súbito fim da estrada me demove da caminhada.

Sigo os teus passos que são os meus...e rapto-me da realidade para ir ao teu encontro. É para o calor dos teus braços que me levo sonhando, em cada encontro de mim...em ti !

No todo que somos, é quando não te tenho junto a mim que mais sinto o Amor que preenche o nosso universo, mesmo quando estamos longe dele, e quando perto, renova-se a cada olhar, a cada carícia que se cruza por entre nós...

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