Apetece-me assim regar a cidade de vinho, saborear-lhe o odor, acender o meu cigarro e incendiar-la...
Era de chuva que precisava. Precisava desesperadamente de chuva, um pouco de música francesa, talvez mesmo um livro e, quem sabe, um copo de café. Um copo de café iria bem.
Adormeceste. Caiste em sono profundo mesmo sem o barulho da chuva, sem a melodia suave das vozes das cantoras francesas, sem sequer o sono ter sido provocado pela leitura do livro, e tão pouco com o gosto do meu café na boca... A chuva sempre te traz à memória de maneira sutil. E já faz tempo que se ausenta entre nós... e nem ao menos sabe o porquê, dias de sol que me acompanham tão frequentes... Lembrar dos dias de chuva, tempo, abraçá-lo, oferecer-te flores... tempo em que descobrimos lugares diferentes mas sabiam-se onde. E faz falta, e principalmente porque vem à memória sem pedir licença, sem pedir nada.
Agora sente-se a falta, agora, neste momento, nestes dias... e porque chove lá fora e o vento me traz as recordações prenhas de um sorriso longo, o brilho dos teus olhos me inunda o quarto e abro as janelas... deixo as gotas entrarem em mim da mesma forma como tu o fizeste... sente-se, os cabelos que me tocam o rosto, e o gosto do meu café retorna à boca, doce...
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