sexta-feira, setembro 19, 2008

Não sei...

Pequenos gestos, silêncios, pequenos momentos, acontecimentos. O Mundo esta repleto de instantes, pequenos tesouros que passam despercebidos nas horas que se nos atravessam os dedos na constante correria que teimosamente trilhamos neste fluxo de tempo.

Num instante, tudo se transforma, se forma, mas nada muda. O cais onde agora se sente a actividade plena dos barcos a atracarem, era o silêncio das gaivotas ainda à pouco. Nesse instante uma beleza única se forma para desaparecer logo em seguida, e quem sabe, sem mais a voltar a ver. Sente-se o seu calor a entranhar-se na pele, pestaneja-se ao sabor da maré embalada pelo vento.

O tempo passa e os sapatos acusam as rugas de uma longa caminhada onde não se conheceu um início intrincado, complexo e carregado de desvios, antes simples, leve, sereno e contrário ao movimento incessante que nos causa vertigens para onde se corre com tanta pressa, sem nunca se saber exactamente para onde.

Se pensam que o destino está traçado, antes se busque uma folha de papel lisa, e se deixe que o traçado apareça, mesmo quando se tenta sem sucesso o desenhar.

Não sei esquecer o que nasceu para ser não esquecido, mesmo que se vire a página do diário, os olhos deslizam para o armário que se encontra repleto de instantes coleccionados ao tempo, bilhetes que se sussurraram por entre carteiras de estudante numa dessas aulas de contemplação dos olhos de amêndoa que me deliciam, sempre que os meus pousavam neles.

Dança selvagem e respiração cavalgante... livre... como as ondas deste oceano que se estende ali bem à minha frente. Não sei esquecer...

1 comentário:

Selena Sartorelo disse...

Não importa quanto vivas...mas sim o significado que deu e dá aos momentos vividos e perceidos pela tua alma.

Inteligente, sensível e divertido...andei dando umas voltas por aqui e gostei bastante.

abraços,