Penso no corpo de mar de brilhos que não foram ditos e essa linguagem que se pinta em mim por entre os fios que jamais serão contados na mão de uma aguarela moldada pelos teus lábios.
Serenamente Nereida, receio quando o meu pensamento tem a voz rouca e fala alto provocando escândalos de sentimentos tremules e capitulativos.
Descobri que tenho vácuos de faces intermináveis e que apenas atravessando os portões que se esbatem por entre o frio mordaz, encontras o nada dividindo o espaço com as minhas dúvidas paridas das certezas.
Nereida de fomes quase maiores que ela, quando caminhas, metade dessas fomes caminham a passo largo atravessando as suas pernas e falando alto ecoando gritos como se quisesse duvidar de ti mesma. Não tenho pena ou se eu também queria a sua fome diária de querer o que procura, sabendo que se arruma numa poltrona cansada da viagem ao lado dela.
Queres o que encontras por detrás dessa porta, debaixo do travesseiro, das cobertas e do edredão. Queres provavelmente a palavra não dita nos dias frios e talvez a dor de partir sem ouvires o que foi dito tantas vezes e o tempo todo.
Reinventas os dias quando o tens em tuas mãos, poesias que se cumprem como profecias e quando o sono não vem e o relógio avisa o amanhecer, te abres como borboleta multicolor e te revelas a um mundo tão ou mais íntimo que o próprio anoitecer.
Sorri doce Nereida, conta-lhes do teu desejo de como soletras os pesadelos, bocas, dedos, camisola de dormir e pijama de bolinhas que te cobre como a manta que te confunde a boca da vontade da fome de nunca existir.
Enquanto isso derrama em ti essa saudade e a alegria do suor descendo pelo teu rosto, cascata de desejos escalados aos teus dedos e espia essa angustia que é dizer adeus quando a tua boca me morde o céu da boca e eu agradeço a Deus o sopro da vida que te fez... Nereida, rainha confusa, letras que formam nuvens no azul céu enquanto esquadrinhas e prendes a tua alma à minha canção intitulada... "Kicas"
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